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Mostrando postagens de março, 2020

A prova de piano - Crônica de Chris Herrmann em co-autoria com Roberta Gasparotto

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Crônicas que as lembranças me embrulham de presente - 06 por Chris Herrmann Antes de começar a história verdadeira que vivi na época da minha adolescência no Rio de janeiro, preciso falar do llindo projeto literário da escritora Roberta Gasparotto* . Chama-se: “diga-me uma história e eu conto sua memória“ . Ela ouve/lê nossa história e reconta com suas próprias palavras. Um projeto lindo e bem original que me deixou honrada em ser uma das convidadas. Quem quiser participar é só entrar em contato com ela pelo messenger ou pelo e-mail: robertagasparotto16@gmail.com * Roberta Gasparotto nasceu em Passo Fundo e mora atualmente em Brasília. Estudou Psicologia na UniCEUB.  Agora vamos à história: A prova de piano de Chris Herrmann, recontada por Roberta Gasparotto Quase nem acreditei quando  passei na prova de admissão para o Conservatório Brasileiro de Música. Afinal, estava concorrendo à cobiçadíssima vaga de bolsista integral. Apenas uma vaga, para centen

Um Conto forte e terno - por Henriette Effenberger

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Aquarela - Luciane Valença “Rola-me na cabeça o cérebro oco. Porventura, meu Deus, estarei louco ?”.   Augusto dos Anjos Louquinha - Lelé por Henriette Effenberger Diagnóstico fácil: Psicose por drogas. Camisa de força química para substituir a tradicional; a ambulância deslizando pelas avenidas; os portões abrindo-se após a identificação, o quarto frio, as grades, o abandono... Abandono tão seu conhecido que já nem se importava com ele. Era íntima também da solidão, do desprezo, da indiferença. Conhecia-os desde que nascera: do barraco onde viveu com a mãe embriagada, das ruas onde se abrigou das surras que levava em casa e dos orfanatos e instituições para menores carentes e infratores, os quais frequentou com assiduidade e rebeldia. Refugiava-se daqueles sentimentos na cola, esmaltes e solventes. Mais velha, descobriu o álcool e o crack. Ao mesmo tempo iniciou-se nos pequenos furtos e na prostituição, onde também aprendeu a defender-se com estiletes

Silvana Guimarães: Seis Poemas de Bem-querer & Fúria

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Laura Makabresku trapézio a manhã nasce num gesto escuro quando a espera se revela inútil como um útero que não sangra o corpo incauto põe-se de tocaia: aguarda outra deixa para se jogar e ignora o calafrio esse arrepio entre o umbigo e os seios essa dor terebrante no monte de vênus anunciam todo amor dilacera flamboyant de novo enflorece como há longos anos: nódoa cor de sangue desafia o azul sem nuvens um naco de delírio ronda a paisagem instala o passado na varanda e declara é tempo de paixão folhas flores um rumor um desvario: a voz que sussurrava entre gemidos e safadezas "meu doce" bolero haverá uma esquina onde vão se encontrar esfolar-se em um passado de asas feridas escutar a música de uma partitura vazia nenhum dos dois vai mencionar palavras como ruptura mágoa desavenças tempestade amargor ruína asfixia e a pior delas: _______ vão insistir nos seus melhores ângulo

Virgínia Finzetto - Um conto envolvente

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Gabriel Moreno O CÉU DA IMAGINAÇÃO por Virginia Finzetto Quando se mudou para o apartamento do quinto andar do novo bairro, Ana teve que respirar fundo para não cair em prantos. Qualquer cena apaixonada, como a do casal se beijando na portaria do prédio, era motivo para alimentar sua tristeza. Esses detalhes mostravam a desolada realidade de sua atual condição, reprisavam lembranças do que imaginou serem os dias mais felizes ao lado do último marido, agora apenas o ex, que acabara de lhe pedir o divórcio. A dor da separação ainda pulsava em sua jugular e tirava seu coração do ritmo. Estava difícil deixar para trás uma parte de si mesma. Agora estava só, cuidando da metade que restara de mais uma quimera. Ainda limpando as lágrimas dos olhos, recordou-se do episódio da loja. Certo dia, comprando uma roupa nova para preencher o vazio da alma e da baixa autoestima, enquanto procurava qualquer coisa nas araras, deu de cara com uma imagem: "Nossa, que mulher m

O martelo de Adelaide – Marília Kubota

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MOSAICO Coluna 02    –  Resenha O martelo de Adelaide por Marília Kubota O martelo (Garupa, 2017), de Adelaide Ivanóva, recorre à metáfora de uma ferramenta considerada arma branca entre os povos primitivos. Na Revolução Industrial, torna-se  símbolo da classe operária: é um instrumento para pregar pregos. Na era moderna, ao lado da foice  do camponês, transforma-se no ícone da bandeira comunista. Há duas referências  para as  quais o livreto (com 82 páginas e   29 poemas) aponta.  O martelo do juiz, que  representa o poder de proferir sentença nos tribunais, batendo com força em vítimas de estupro e o livro O   martelo das feiticeiras , manual no qual a Inquisição da Igreja Católica   se baseava para caçar hereges, entre eles, “mulheres que haviam feito pacto com o demônio” ou adúlteras.  O livro amplifica estas duas vozes, a da estuprada e a da adúltera. Estas mulheres, segundo o  Imperador   Constantino, eram consideradas foras-da-lei. As vozes femininas são an

A poesia imensa de Adriane Garcia

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"Passeio com Vincent" de LucianeValença Oftalmológico Um céu tão amplo O mar este vasto O mundo grande A perder de vista De repente céu Para além da ponta Dos edifícios Miopia é vício De só enxergar De perto. "Céu" de Luciane Valença Poema para um sábado Luz amena O céu coberto de Manta de algodão Experimenta a preguiça (como são deliciosos os pecados capitais) Manda uma chuva Fininha Para nos distrair Do atraso do Sol A água Lânguida Lambe plantas E pedras O dia é um gato Se enroscando Nas pernas.  "Portal" de Luciane Valença Os vivos Da não agressão Da inveja nula Da cobrança reduzida a Zero Da aceitação sem nome e do Silêncio Do livre transitar sem Julgamento: Gosto mais dos mortos.  *** Morrer A beleza pousa na ampulheta Ruflar asinhas ninguém escuta A vida e a morte no pé de murta