Breves anotações sobre o tempo e o (a)mar - Rejane Dockhorn
Monika Luniak |
Uma prosa poética - por Rejane Dockhorn
onde iremos amar
onde irão se passar os dias mais serenos
e todas nossas conversas de vida, presenças e ausências de esperança
e todas nossas conversas de vida, presenças e ausências de esperança
na areia macia e branca que guarda o sal que o mar deixou e onde nossos passos de sonhos ficam por breves minutos marcados
depois são apagados se misturando a todos demais no mar
depois são apagados se misturando a todos demais no mar
pelas ruas de Lisboa, de Roma, de Siena, de Veneza, de Atenas, de Viena, de Strassburg, de Paris, de Toulouse, de Amsterdam, de Bruxelas, em Bremen, em Dresden onde a história nasceu antes daqui, já ergueu e derrubou catedrais, o vento frio varreu das almas utopias, separou homens e mulheres por muros e ideologias, onde se ouviu o canto de grandes vitórias e derrotas, referências de civilidade e coragem
na Lübeck de Mann, na Göttingen dos Grimm, na Berlim de Brecht, na Köln de Böll, na Suiça de Frisch
em Andorra
em Andorra
nos pampas do sul próximo à fronteira onde Giuseppe e Manoela Garibaldi e Anita fizeram juras de amor às estrelas
numa planície, num plano alto onde um índio entre vários outros valentes levava uma estrela na testa
onde Pedro amou
numa planície, num plano alto onde um índio entre vários outros valentes levava uma estrela na testa
onde Pedro amou
Ana Terra
onde?
Cinco poemas
Delphina Pace |
O Tempo
repousou seu olhar sobre a máquina de escrever
e pensou se nas suas teclas
no teclado com algumas letras já um tanto
desbotadas
os dedos da poeta
acariciaram e sentiram as palavras
se foram brandas como a brisa
ou bravias como o mar revolvendo a areia
e se os dias que ele
o Tempo
e a Escrita viveram juntos ainda tinham algum sentido
alguma razão de ser
e se tinham algum Futuro
sobre as teclas agora repousava o
Passado
e o Presente os aguardava
bom gosto
serás
sempre
um apreciador curioso
das
minhas formas
e cheiros
mas
mais ainda
do meu paladar
pelas palavras
***
na
enchente
de
palavras
não sei
se
mergulho
ou se nado
impossível
ficar no raso
Monika Luniak |
não pensa que sei (te) escreVer
eu faço de conta
que domino a gramática
e a sintaxe
a linguagem dos ventos e dos versos
de amor
mas não
sou sede pagã de ti
e se invento traços
com as letras
dramática minha sina
de viver longe dos teus olhos claro(s)
e da tua respiração
Monika Luniak |
De tão forte,
tornou-se leve
Na leveza
a força
A destreza
de flutuar com
as oscilações
dos ventos
Ou na contramão
do seu tempo.
Rejane Dochorn Estudou Letras Português/Alemão na Unisinos, São Leopoldo RS
Pós Graduação em Literatura Alemã na mesma Universidade, onde também atuou como docente. Extensão em Língua e Literatura na Universidade Trier, Alemanha. Mora em Porto Alegre. Atualmente prepara o seu primeiro livro solo que publicará em breve.
Belíssimos textos, Rejane! Linguagem suave e forte, antítese que se completa em sua produção literária!
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