Todas as artes de Cristina Arruda
por Chris Herrnann
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A arte tem seus caminhos e curvas, tem seu destino. A arte busca com necessidade intuitiva até encontrar. A arte encontra em Cristina Arruda sua manifestação plena: delicadeza em estado bruto, lírica transformada em todo tipo de arte.
Poeta, artista plástica, artesã, mal se percebe onde Cristina começa verso e acaba imagem.
Rebento
Cristina Arruda
As vezes paro
Penso nos meus traços
Absorvo
Mastigo
Rio
E choro
Acatando a dor e o riso
Que me provocam
Não tenho a vida inteira
Para os devaneios
Da minha linha
Mas marcarei em ti
Algo que salta de mim
Como um tinir penetrante
E brincam no papel desenhos feitos com canetinha e nanquim, lápis de cor, giz pastel seco ou pintura em aquarela e tinta acrílica.
Pelas mãos de Cristina vão surgindo personagens sutis e perturbadores, que contam sua história complexa.
Vitrais em preto e branco deixam escapar a luz do cotidiano da artista em imagens grávidas de simbolismo, prisma de um universo feminino intenso e sensual, nem por isso menos doloroso.
As mulheres de Cristina desfilam sua fusão com a natureza. Por vezes sugerem árvores, transformam-se em insetos ou fluem a partir do sentimento da artista; o resultado são poemas lasmados em carne viva.
Um depoimento da sua amiga, a poeta Adriane Garcia:
“Ao nos depararmos com os desenhos de Cristina Arruda, podemos nos perguntar o que faz o preto e o branco ser tão leve. O que ela faz, sua alquimia é alcançada com as curvas. Perfeitamente ancorada no espaço, seus riscos delineiam a mulher e a cidade. Belo Horizonte das obras tão presentes de Niemeyer, Belo Horizonte de córregos antigos, Belo Horizonte de uma infância onde era possível correr atrás de borboletas. É esta leveza que passeia por suas linhas e não é raro nos depararmos com estes tempos misturados: insetos, mulher, edifícios. Uma fluidez de águas, ar, terra de colocar pés no chão, textura do feminino.
Já em sua pintura, as cores fortes irão ditar a emoção de suas figuras. Ali, a mulher nos olha diretamente, ou de soslaio, mas é sempre esse olhar de mulher a nos seguir que irá nos indagar a respeito da condição feminina.
Diferentemente do que alcança no desenho, leveza na pintura o que Cristina Arruda nos apresenta é profundidade e uma viagem a um interno abissal, com predominância de azuis, vermelhos e seu amálgama, o roxo. Rostos a indagar caminhos, a visitar passados, a analisar o presente. É possível ter saudade de futuro? Suas mulheres e barcos parecem falar dessa saudade. Onde está a mulher, no sentido de qual é o seu ponto?
Uma artista que conseguiu alcançar a voz em sua obra e ser fiel a um projeto estético que narra e que constrói.”
Minha inspiração vem da natureza, de tudo que trouxe de registros de imagens pela vida. As árvores e suas flores me me ensinaram sobre as cores, forma, volumes e texturas e movimento. As pessoas, cada uma com sua singularidade, principalmente o universo feminino, me encantam. Os olhares, expressões. Sou muito feliz por me permitir a liberdade de criar, me deixar levar pela linha, cores que se entrelaçam e se traduzem no que produzo. Vim caminhando nas artes plásticas, primeiro pelo desenho, depois a pintura e mais recente o bordado. Tudo isso me encanta, um processo mágico que me conecta com o melhor de mim.
Mineira de Belo horizonte é artista plástica autodidata, formada em ciências biológicas e odontologia pela Universidade federal de Minas Gerais. Artista, educadora, ilustradora e odontopediatra, ministra palestras sobre saúde bucal em escolas e lançou em 2019 o seu primeiro livro infantil: Quem mora na minha boca com a missão de ensinar as crianças e pais sobre cuidados com a saúde bucal de forma lúdica e baseada em recentes trabalhos científicos na área. Foi professora por 28 anos na rede municipal de ensino de Belo Horizonte, onde lecionou ciências e artes. Como artista participou de várias exposições coletivas e individuais envolvendo a temática do universo feminino, em diversos suportes diferenciados, ora telas, ora porcelana ,tecidos e papeis. Ilustrou vários livros entre eles: Tudo é beija-flor de Lázara Papandrea, editora penalux, Chris Hermann, editora Scenarium, Amor expresso de Adriana Aneli, editora scenarium entre outros. Atualmente se dedica ao seu ateliê onde além de desenhos, pintura e bordado, reaproveita sobras de tecidos transformando em brinquedos para crianças. Além de continuar seus estudos e atendimento na área de odontopediatria. Está trabalhando no próximo livro infantil com previsão de lançamento para o segundo semestre de 2020.
Adorei as artes. Bela matéria!
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