Uma colher de chá pra ele - Wanderley Montanholi
Seis poemas do livro inédito - POEMAS PRA VOCÊ APRENDER A RESPIRAR
I. No Passado
Depois de toda a verdade que restava
De todos os enganos nas estradas sem retorno
De toda chuva que escorreu pelos vidros das janelas empoeiradas das tuas coxas
De todas as pontes elevadas
Impedindo a passagem
Depois de tudo
Depois do mundo
Depois do fundo
Depois do teu cheiro na varanda do meu peito
Do teu jeito na bola de cristal
Que brilha na mesa da sala
Das lições que ninguém ensinou
Depois de toda a música do piano
Que continuava a tocar
De todas as fotos queimadas no barro
Depois de tudo
Depois do mundo
Depois do fundo
Havia o ar
Armar
Sonho sempre que meu corpo é como um lago
Profundo, escuro e com a claridade interna de um desespero em vaga-lumes
E mesmo que a lâmina afiada da morte
Tente apagar a luz dos olhos que outrora foram meus
E mesmo que tente apagar o amor, o tempo, as nuvens doces em algodão
A roda da vida gira em sorte e encanto
Trazendo a reza de encontrar todo dia
No cheiro da sua voz
O caminho de volta a superfície
Mesmo que eu ainda
Não saiba nadar
Em águas turvas
II. No Presente
Eu não preciso dizer que te amo, não mais.
Palavras, o vento leva em direção ao tornado da inexistência,
palavras, o vento toma de mim e ressoa como um trovão em um grande eco.
Eu não preciso dizer que te amo,
é inerente a minha repetição de vidas cotidianas e das criações que saem de mim.
Você é reflexo do lago limpo que brilha na minha mente.
Eu não preciso ter saudade de você.
Oras, não preciso ter algo que já é meu por direito adquirido,
algo que não muda, que não é alcançável.
De você eu só posso ter a lembrança
do cheiro do teu abraço,
a cor esmeralda dos teus olhos
e o som que ressoa da caixinha de música
que você me deixou e eu consegui consertar por você.
Continue cantando pra mim.
Imagem Pinterest
Essa tela branca
Que consome todos os dias
As cores vivas dos meus dedos
Ainda cria pinturas
De uma tempestade de poeira
Que se espalha sobre os meus livros
Sobre os meus móveis
Sobre as folhas de caderno espalhadas no chão
Sobre as paredes descascadas pelo tempo
Uma tempestade de poeira
Que se espalha sobre a penteadeira no canto do quarto
Sobre os copos de bebida vazios e sujos presos à pia
Sobre cada parte descoberta do meu corpo
Que em coro
Se permite enterrar
Em si e fora dele
Os grãos de tela branca
Que a poeira insiste
Em guardar
III. No Futuro
Me avise quando for hora de acordar
Pro sol sorrir pra mim
Pras flores balançarem no telhado
Pras roupas secarem no varal
E tudo voar na imensidão
Dos minutos perdidos
E quando, no meio do mundo
Soar seu telefone
A cada trinta segundos
Desliga a campainha
E vem abraçar o meu tecido
Aquele que é úmido
E cheira igual aquele amaciante
Da última prateleira
Que você pegou por engano
E sorriu!
Justyna Kopania
As folhas de outono
Sempre caem no mesmo lugar
E juntam em mim
As coleções perdidas
Dos sorrisos bobos que você deu
As folhas de outono
Sempre caem no mesmo lugar
Enquanto você
Prende o vento
Do seu respiro em mim
E mesmo que caia
O sol que esconde a noite
O céu de estrelas cadentes
E mesmo que caia
O vento que acaricia
Os cabelos que você não para de arrumar
E mesmo que caia o tempo
O teu sorriso bobo, preso
No meu peito, inteiro
Vai brilhar o amanhã
Que eu quis pra você
Renascer
&&&
De todos os enganos nas estradas sem retorno
De toda chuva que escorreu pelos vidros das janelas empoeiradas das tuas coxas
De todas as pontes elevadas
Impedindo a passagem
Depois de tudo
Depois do mundo
Depois do fundo
Depois do teu cheiro na varanda do meu peito
Do teu jeito na bola de cristal
Que brilha na mesa da sala
Das lições que ninguém ensinou
Depois de toda a música do piano
Que continuava a tocar
De todas as fotos queimadas no barro
Depois de tudo
Depois do mundo
Depois do fundo
Havia o ar
Armar
Profundo, escuro e com a claridade interna de um desespero em vaga-lumes
E mesmo que a lâmina afiada da morte
Tente apagar a luz dos olhos que outrora foram meus
E mesmo que tente apagar o amor, o tempo, as nuvens doces em algodão
A roda da vida gira em sorte e encanto
Trazendo a reza de encontrar todo dia
No cheiro da sua voz
O caminho de volta a superfície
Mesmo que eu ainda
Não saiba nadar
Em águas turvas
Eu não preciso dizer que te amo, não mais.
Palavras, o vento leva em direção ao tornado da inexistência,
palavras, o vento toma de mim e ressoa como um trovão em um grande eco.
Eu não preciso dizer que te amo,
é inerente a minha repetição de vidas cotidianas e das criações que saem de mim.
Você é reflexo do lago limpo que brilha na minha mente.
Eu não preciso ter saudade de você.
Oras, não preciso ter algo que já é meu por direito adquirido,
algo que não muda, que não é alcançável.
De você eu só posso ter a lembrança
do cheiro do teu abraço,
a cor esmeralda dos teus olhos
e o som que ressoa da caixinha de música
que você me deixou e eu consegui consertar por você.
Continue cantando pra mim.
Essa tela branca
Que consome todos os dias
As cores vivas dos meus dedos
Ainda cria pinturas
De uma tempestade de poeira
Que se espalha sobre os meus livros
Sobre os meus móveis
Sobre as folhas de caderno espalhadas no chão
Sobre as paredes descascadas pelo tempo
Uma tempestade de poeira
Que se espalha sobre a penteadeira no canto do quarto
Sobre os copos de bebida vazios e sujos presos à pia
Sobre cada parte descoberta do meu corpo
Que em coro
Se permite enterrar
Em si e fora dele
Os grãos de tela branca
Que a poeira insiste
Em guardar
Me avise quando for hora de acordar
Pro sol sorrir pra mim
Pras flores balançarem no telhado
Pras roupas secarem no varal
E tudo voar na imensidão
Dos minutos perdidos
E quando, no meio do mundo
Soar seu telefone
A cada trinta segundos
Desliga a campainha
E vem abraçar o meu tecido
Aquele que é úmido
E cheira igual aquele amaciante
Da última prateleira
Que você pegou por engano
E sorriu!
As folhas de outono
Sempre caem no mesmo lugar
E juntam em mim
As coleções perdidas
Dos sorrisos bobos que você deu
As folhas de outono
Sempre caem no mesmo lugar
Enquanto você
Prende o vento
Do seu respiro em mim
E mesmo que caia
O sol que esconde a noite
O céu de estrelas cadentes
E mesmo que caia
O vento que acaricia
Os cabelos que você não para de arrumar
E mesmo que caia o tempo
O teu sorriso bobo, preso
No meu peito, inteiro
Vai brilhar o amanhã
Que eu quis pra você
Renascer
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