Coletivo Literário Maria Taquara | Homenagem à Marília Beatriz Figueiredo Leite
Coletivo Literário Maria Taquara
Homenagem à Marília Beatriz Figueiredo Leite
Os poemas abaixo foram escritos pelas integrantes do Coletivo Literário Maria Taquara em homenagem à Marília Beatriz Figueiredo Leite, falecida em julho deste ano.
Saudade Afinada
À Marília Beatriz
O lírico da poesia
Ressoa quase mudo
Uma saudade afinada
No meu timbre agudo
A voz da liberdade
Silenciada, não calou
Ecoa forte nos versos
Que Marília nos deixou
Um corte de vinho magistral
Revela o fulgor da liberdade
Em suaves doses sorvidas
Na poética de Marília!
(Diná Vicente)
**
contar uma vida não é algo verdadeiro
ela passa feito rastilho de pólvora
não dá pra medir feito dinheiro
entre significados e significâncias
entre "pecados" e discrepâncias
ousar viver o ardor da transgressão
é da vida a maior invenção
há que, simplesmente, sentir, se permitir
viver o desconhecido para além do desejo
não há palavras que expliquem esse existir
Marília
se apenas uma palavra tivesse
pra tua existência definir
um verbo talvez seria...
"buscar"
(amar, gozar, experimentar)
em todas as incabíveis conjugações
agora resta em nossa bagagem
receitas elucubrativas de como sorver a vida
mesmo que nela se habite a margem
(Mari Gemma De La Cruz)
**
Perfume
antes não me cativastes
efêmera flor
(Neide Silva)
**
À Marília Beatriz
deixou um rastro de luz
e foi morar em outro lugar
mulher solar deusa lunar
na bagagem levou memórias
momentos bem vividos
poemas, sorrisos e glórias
deixou saudades
coragem e inspiração
agora em outra dimensão
mas
há algo
dentro de mim
que diz
foragida da terra
e procurada na Via Láctea
por embriagar estrelas com vinho
e provocar rebelião com palavras
(Janete Manacá)
**
Da trincheira
para Marília Beatriz
parada aqui nessa trincheira
imagino que do barro primordial
possam surgir novas palavras
que ainda fertilizem o mundo
amasso a terra irrigada com sangue
para formar bolotas de significado
quero rolá-las até você mas só vejo
o espaço vazio deixado por mais
uma peça no tabuleiro de xadrez
o que me resta é escorregar pelos
vãos abertos entre esses versos
verdadeiros poços de silêncio e som
(Divanize Carbonieri)
**
À Marília Beatriz
Entre os cantos
repletos de sol,
o reflexo
dos seus mosaicos
escritos
tracejam encostas.
Diante do
deslocamento
das letras,
das páginas,
grifo o desejo
permanente
da memória.
E como uma
árvore rebelde,
sonho com brisas
e no estar juntas
do amanhã.
(Lívia Bertges)
**
Presença
para Marília Beatriz
O itinerário das horas permanece estável
o tempo é agora uma noite interminável
Os dias seguem lentos e eles - os mortos
pairam sobre as sombras dos medos que temos
ardem sobre nós as cinzas de todos corpos
ardem em nós todos eles que se vão
Mas tu, não
tu és palavra imortal cravada no poema
tu és o livro inscrito em nós que sempre lemos
(Marli Walker)
**
Trovão Imperecível
para Marília Beatriz de Figueiredo Leite
inspirado pela leitura de seu livro Viver de Véspera (Carlini & Caniato, 2018).
Repousa
entre astros
para iluminar
Memórias
outras tantas
Vidas
tocadas
pela sua
Sabedoria
Riso fácil
Coragem de Existir
Abraça o Verbo Inteiro
na Eternidade da Palavra
Delira um corte
Espectro-Supernova
Liberta o Verso e irradia:
Estou Presente
Sou eu mesma
a Poesia
Infinita
Imperecível
não desaparece
ou se ausenta
sem incerteza
ou duração
desconhece distâncias
seu lugar ecoa
dilata tempo e dimensão
como orbes, novos mundos
muito aquém da estreita visão
Brilha
entre lendas e glórias
Divina Arquitetura do Nada
Trovão fundamental
a dissolver lapso-separação
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