Uma crônica de Fernanda Colli | "Eu vejo você"

 

Zdeněk Tobiáš. Fonte: pixabay.com

Uma crônica de Fernanda Colli

Eu vejo você

 

O isolamento social nos causou muitas incertezas e muito medo; por outro lado nos proporcionou tempo e oportunidades de refletirmos sobre mensagens, pensamentos e até frases que utilizamos para nos expressar.

Em um dia qualquer de isolamento social, aproveitei para assistir Avatar, e mais que depressa já me emocionei ao relembrar que o povo Na’vi, povo nativo de Pandora não pronunciavam “eu te amo”, mas sim “eu vejo você”, e o tempo agora me permitiu refletir sobre a verdade tão escancarada dita em uma obra que fez história no cinema.

Ver o outro é a essência do que é o amor. Quando enxergamos o outro, nós o reconhecemos como nosso semelhante, vamos além da superfície, deixamos o TER de lado para embarcarmos numa viagem no SER do outro.

Quando “vemos o outro”, significa algo mais que enxerga-lo fisicamente; significa ver um olhar amoroso, se conectar mesmo com as diferenças.

Quando vemos o outro vemos também sua dor e a vontade de ajudar parece ser maior que tudo até mesmo de possíveis diferenças; vemos no outro também seus potenciais e pensamos logo em enaltecê-los custe o que custar.

Ver o outro significa aceitar tudo o que eu vejo, mesmo que aquilo não me agrade e esteja bem longe se encaixar nos padrões e molde que acredito.

Ver o outro é ser sua luz, sua alma, sua sinceridade, e tudo isso sem julgamentos, culpas, expectativas ou projeções.

Quando eu vejo você consigo sentir a profundidade de todas suas experiências. Quando eu digo “eu vejo você” não significa que eu estou olhando você. É algo muito mais profundo que isto;é você deixar de lado todo o julgamento de lado para enxergar você de verdade, até porque agora eu consigo me ver.

Eu vejo você é sinônimo de você existe e é importante pra mim. Eu te respeito, eu te valorizo e toda minha atenção está com você, eu vejo você e me permito descobrir suas necessidades, vislumbrar seus medos, me aprofundar nos seus erros e aceitá-los.

Eu aceito você como você é, e você faz parte de mim.


Jürgen Sieber. Fonte: pixabay.com




Fernanda Colli
é pedagoga, psicopedagoga, arte educadora, escritora, pesquisadora da cultura popular, membro da Associação Brasileira de Alfabetização, membro e orientadora da IOV Brasil- Organização Internacional do Folclore, presidente do Conselho Municipal de Cultura de Araçatuba, coordenadora do Projeto Folclorear de Araçatuba.



Comentários

PUBLICAÇÕES MAIS VISITADAS DA SEMANA

De vez em quando um conto - Os Casais - por Lia Sena

Mulher Feminista - 16 Poemas Improvisados - Autoras Diversas

200 palavras/2 minicontos - por Lota Moncada

Nordeste Maravilhoso - Viva as Mulheres Rendeiras!

Cinco poemas de Catita | "Minha árvore é baobá rainha da savana"

A vendedora de balas - Conto

DUAS CRÔNICAS E CINCO POEMAS DE VIOLANTE SARAMAGO MATOS | dos livros "DE MEMÓRIAS NOS FAZEMOS " e "CONVERSAS DE FIM DE RUA"

A POESIA PULSANTE DE LIANA TIMM | PROJETO 8M

Preta em Traje Branco | Cordel reconta: Antonieta de Barros de Joyce Dias

UM TRECHO DO LIVRO "NEM TÃO SOZINHOS ASSIM...", DE ANGELA CARNEIRO | Projeto 8M