Coluna 03 | Fala aí... Maria Antonieta Oliveira (Portugal)
Recordar é viver
por Maria Antonieta Oliveira (autora convidada)
Não é fácil vivermos estes tempos de confinamento, em que um inimigo invisível, pode surgir e atacar-nos a qualquer momento. Temos que nos reinventar, mudando hábitos, criando espaços e viver de outro modo. Ler, escrever, ouvir música, fazer meditação, yoga, sei lá que mais, algo que ajude a passar o tempo, nestes tempos em que o tempo parece ser muito mais longo do que era antes. Ter pensamentos positivos, recordar momentos felizes, falar com pessoas que amamos, mesmo que seja através da internet, que felizmente, tem sido um meio de interação entre famílias e amigos, muito valioso, tudo isto nos aliviará o desespero da “prisão” a que este vírus nos impôs.
Ao falar em recordar momentos felizes, lembrei-me de um excerto de um livro, que está em standby, mas que um dia sairá à luz do dia, e que passo a transcrever:
- LEMBRAS-TE, AMOR?
Lembras-te amor, do nosso primeiro beijo? Os nervos, talvez, os nervos, o desejo, a ansiedade, tudo junto, desorientou-nos e quanto rimos depois. Lembras-te amor?
Parecia mos dois adolescentes inexperientes, e éramos. Éramos dois adolescentes à descoberta um do outro, à descoberta do amor que jamais tínhamos encontrado e sentido.
Como eram bons os nossos beijos desajeitados.
Como eram bons os nossos encontros proibidos. E proibidos porquê? Apenas porque a sociedade assim lhes chama, a sociedade que não sabe o que é o amor verdadeiro. A sociedade que não sente nem sabe sentir a realidade do que o coração ordena. E o coração por vezes, ordena o que a sociedade estabeleceu, como proibido.
Será o amor proibido?
Não! Para mim o amor existe, para ser vivido. O amor é a fonte da vida. O amor é a razão da existência do ser. Amar é sinónimo de felicidade.
Quem ama e é amado, é um ser feliz.
Quantas peripécias nós passámos para ser felizes, neste nosso amor proibido.
Lembras-te amor, quando, como se fizesse parte de um filme, “fugi” através de uns andaimes de obra, para que não descobrissem o nosso amor? Lembras-te, amor?
A felicidade valia por todos estes inconvenientes e aventuras.
E éramos felizes! Muito felizes.
Será que existe destino?
Será que existem caminhos paralelos?
Será que o acaso existe?
Dizem que o acaso acontece, e que nada acontece por acaso, será que nós fazemos parte desse acaso?
Se fazemos parte de um acaso, então porque o acaso nos uniu e de seguida, após anos de felicidade, nos separou?!
Porque não seguimos o mesmo caminho e sim, um caminho paralelo? Caminho esse, que poderíamos ter deixado para trás. Caminho esse, que não era o da felicidade.
Porquê?
Porque o destino ou o acaso, nos fez voltar ao outro caminho?
Só Deus sabe o porquê. Também só Deus sabe o quanto nos amámos e o quanto ainda nos amamos.
Ainda me amas, não amas, amor?
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