Preta em Traje Branco | Quinteto de Versos de Valéria Rufino
Quinteto de Versos de Valéria Rufino
Poesia
Não se explica
Mas implica
Olhos sem pálpebras
Vou fechar os meus
olhos
e me perder no
vazio.
Dentro da
escuridão imensa,
Onde eu não veja o
sofrimento,
nem tão pouco me
sinta inútil.
Nesse vazio na
alegria mortal
Na vida sinto a
morte
como um pulsar de
dor intensa,
Ah! Essas células
que me foram impostas,
Vida que eu não te
quis,
Vida pela qual
nada fiz.
O sol brilha
iluminando a podridão,
o vento sopra a
poeira do chão
em olhos sem
pálpebras,
de um ser quase
inato,
Que sofre sem ter
Que morre sem ver.
Eu durmo em minhas
críticas,
e acordo navegando
em súplicas.
Não quero mais
abrir os meus olhos,
quero dormir
eternamente,
pensando na morte
é que me sinto gente.
Cotilédone
Nascer é sentir o prazer esgotante da primeira respiração.
É esticar as pernas pra fora do corpo de uma
mulher,
Como a primeira folha que surge do sêmen.
Mostrando sua cor verde na terra vermelha sangue,
Parece que vem surgindo do éden...
O encontro do ser humano e o ar puro de poluição,
E da folha verde com a terra sangrenta,
É tão cheio de uma falsa ingenuidade,
Uma relação ligada a puberdade.
O ódio é o cotilédone do homem.
Inocente é quem quer dominar outras mentes
Alma que mente, corpo que sente
A paz é produto da dor
O ódio já nasce ao lado de um suposto amor.
Guerrear!
Fazer vidas para matar!
Jogar no mundo uma alma forte,
Juntando-a às podres
Que de tão fracas se julgam fortes,
Que já sem vida dos outros querem a morte,
Como se a morte fosse algo terrível.
Como se conhecêssemos o segredo dessa imensidão.
O mundo é tão grande...
A vida talvez... se tenho grana, tenho sorte,
Posso até afastar a morte
(ficar mais tempo no hospital)
Cotilédone deposito em você minhas dúvidas,
A esperança, germinadora de heróis... o que é
herói???
O nascimento de uma ideia,
É o despertar de tantas vidas,
Que de tão monótonas serem suas vidas,
Morrem a cada segundo.
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Sexo
Lábios carnudos sedutores
Se desencadeia a língua
Por entre os dentes
Sedenta deita se sobre os ombros
Sobre o corpo nu
Nuca, pelo... boca.. nunca
Nume o lume
Céu, véu... prazeres
Seio, pênis penetrando
Se fazendo penetrar
N’alma
Vagina espiritualmente sexual
Sexo vivencia carnal.
***************
É tanta
citação
Que nem
sei quem são
Quando
não falo
Falo
Quando
não grito
Gripo
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Valéria Rufino Martins, paulistana, professora de história, Mestre em educação. Poeta e educadora. Sua escrita traça poemas curtos, inspirações em haicais, poesias concretas e produção de vídeo-poesias. Valéria por ela mesma: “eu sou eu, mas nem sempre eu, nem sempre sou”.
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