Sete poemas de Rozana Gastaldi Cominal | "Aos protagonistas da cultura viva"
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Sete poemas de Rozana Gastaldi Cominal
"Aos protagonistas da cultura viva"
Incógnita
O que há entre mim e você?
Regras gramaticais, alquimia interina
ou lacunas vazias?
*
Flâmula
poeta sou
sigo a voz
que chama
solta
e
revolta
sigo o peito
que inflama
poeta sou
solto a voz
que alumia
a estrada
onde companheiros
me esperam com o
coração na epiderme
japanibackpacker por Pixabay |
Em tempo de
guerra
imperfeitos gomos
defeito genético
em todos os cromossomos
não há dna que
nos alivie do que somos
Em tempo de paz
destros e sinistros
nem sempre perfeitos em todos os compromissos
há tolerância para os casos omissos
*
Decreto fora da lei
·
Dedicado a Thiago de Mello, o poeta da
floresta, o homem das vestes brancas
Aos protagonistas da cultura
viva
fica decretado que vamos
cuidar um do outro
um cuidar não por
obrigação
um cuidar que envolve cheiro,
beleza, espinhos e coração
abaixo o capital que insiste
em monopolizar todo tipo de
expressão
Aos protagonistas da cultura
viva
fica decretado que somos a
resistência
que integra arte e ciência
gigantes pela própria natureza
dai-lhes, cabeções
cheios de conteúdo e de poesia
porque em nós reina a alegria
Aos protagonistas da cultura
viva
fica decretado que estamos na
luta
que urge contra a aridez
cotidiana
o que conta é o respeito à
diversidade
seja nos continentes ou nas
ilhas
velas acesas abrem as trilhas
aos fazedores de cultura que
somos
Aos protagonistas da cultura
viva
fica decretado um calendário
permanente
para aliviar
o ranger de dentes
e a saliva das serpentes
seja no quintal ou na esquina
pão e circo ainda é preciso
aos roedores de cultura que
somos
*
Fio Condutor
Viver o real – e o que está exposto
e também viver a realidade – a interpretação
do
que está exposto,
pois
nada é o que aparenta ser.
Imagem.
Ação.
A
ação da imagem forma a imaginação.
Sou
feita de eus múltiplos.
Sou
D-eus. O verbo. A ação.
O
espírito investigativo
e
a persistência alimentam
a
construção do meu ser apaixonado
diante
das infindáveis possibilidades...
Geração
resistente é aquela que garante
o
direito de pensar, exercício essencial
para
que as criaturas de nossa espécie
não
entrem em extinção!
*
Travessia
dos desvalidos
Atravessada pelo isolamento social
diante do vírus que ameaça
total destruição
sociedade distópica causa exaustão.
Ilhados em nós mesmos,
a autopreservação é luta
diária.
Jornada quântica em busca da
egrégora que cura.
Conquistas?
Sou periférica, os caminhos
são de pedras.
Sonho meu?
Artista que sou, prisioneira
da vida,
o que me resta senão
representar?
No palco da vida somos todos
coadjuvantes,
seja um catador de papel ou D.
Quixote de Cervantes,
incorporem seu personagem com
estilo
preservem nossa espécie
ou seremos apenas a
consciência de grilos falantes?
Malquistas, as janelas se
fecham
quando é tempo de abri-las.
Apenas um porta de entrada
quando poderiam ser, no
mínimo, duas
se o anfitrião se importasse
de fato com os seus convivas.
Convivialidade?
Oh, plebe ignara, passa
atestado do quanto
retrocede no tempo e no espaço
em meio à balbúrdia lá fora.
Mas eu ainda estou aqui,
ressoando que o reino da
possibilidade vigora.
E não estou só...
Até a Asa Branca bateu asas do sertão
emana um som mesmo que
pungente
e nos acompanha e atravessa as
fronteiras
em busca de um mundo melhor.
chiplanay por Pixabay. |
https://issuu.com/quarentenapoetica/docs/livro-quarentenapoetica
https://medium.com/@nirleimoliveira/quarentena-po%C3%A9tica-a9f8cd642376
O poema "Fio condutor" foi publicado na Antologia Ser MulherArte (2020).
O poema "Travessia dos desvalidos" foi publicado na revista digital Travessias Literárias, edição 1:
https://indd.adobe.com/view/0156ae19-4a16-4891-b396-63b93cde246f
Rozana
Gastaldi Cominal, 58, natural de Braúna-SP.
Formada em Letras Português/Inglês pela PUCCamp
e com especialização em Docência para o Ensino Superior pela mesma universidade.
Atuou como professora de Língua
Portuguesa e Literatura na rede pública estadual de São Paulo e como agente cultural, no serviço
público em Hortolândia-SP,
desenvolvendo ações de fomento para as Culturas Populares. Ministra
oficinas pedagógicas-culturais e faz revisão de textos.
Publicação de poemas em redes socias,
revistas literárias digitais e em
antologia poética pela Komedi (2003); e-books Veias de Anil pela Leonella (2016), disponível na Amazon; Porque
Somos Mulheres (2020); Quarentena Poética (2020).
Mora em Hortolândia-SP
Página pessoal do Facebook: https://www.facebook.com/rozana.cominal
Página pessoal do Instagram: https://www.instagram.com/rozanagastaldi/
Obrigada! Começo 2021 com uma imensa turma de protagonistas da cultura viva!
ResponderExcluirMaravilhosa poeta Rozana! Sua escrita tem um quê de nostalgia, tem realidade e muito do feminino que habita nosso tempo! Tempo de luta e de esperança! Parabéns pelos poemas!
ResponderExcluirObrigada pela leitura! Sim, os poemas retratam minha trajetória e como me posiciono neste tempo-espaço enquanto educadora e agente cultural.
ExcluirLeio a vida pelos seus olhos!!! Um mergulho na luz!!!❤️
ResponderExcluirGrata pela leitura!
ExcluirParabéns, amiga poeta! Amei todas, em especial "Decreto fora sa lei" para trabalhar em sala de aula.😍
ResponderExcluirJoana querida! Obrigada pela leitura. Sim, tanto que o poema em parte foi feito em sala de aula mesmo, após a análise de " Os Estatutos do Homem" de Thiago de Mello, por isso a dedicatória a ele e referência aos Pontos de Cultura, que, em 2008, ganhavam projeção nacional.
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