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Mostrando postagens de fevereiro, 2021

Coluna 07 - In-Confidências por Adriana Mayrinck

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                                                                                                                                                          coluna 07 (...) Mas é preciso ter força,  é preciso ter raça É preciso ter gana sempre Quem traz no corpo a marca,  Maria, Maria Mistura a dor e a alegria Mas é preciso ter manha,  é preciso ter graça É preciso ter sonho sempre Quem traz na pele essa marca possui A estranha mania de ter fé na vida Milton Nascimento Estou há quase um ano sem sair de casa, apenas uma vez por semana para supermercados, correios ou eventualmente um dentista. Quando o tempo permite, uma caminhada pelo parque perto de casa. Nada mais.  Os sentimentos e percepções em relação a isso, variam igual a uma montanha russa. Acho que já experimentei todos os tipos de inquietações e calmarias. Já estive doente, já me recuperei, já emagreci, já engordei. Já fiquei deprimida, já fiquei ansiosa. Umas vezes serena, noutras nem tanto. Descobri vertentes inexploradas das m

Preta em Traje Branco | Dueto de Paixões de Susana Malu Cordoba

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Coluna 14 Dueto de Paixões  de Susana Malu Cordoba Texto 1 Amar e me jogar aos abismos Uma obra de arte e sua tragédia Porque é na queda que sente vivo É em queda livre que se sente A lâmina afiada, o derradeiro corte É lá que se morre É lá que as mulheres queimam de tanto amar Em queda livre que o amor Nos vira do avesso e nos espalha... Nossos eus… pequenos pedaços É na queda livre que o amor nos consome E nos leva a fina camada de pele, Corrompe o tutano dos ossos E lambe lentamente o líquido de nossa vaidade E sem cautela, amamos E com urgência, amamos E com bravura, amamos Amamos sem outras garantias Que não a sensação de estarmos vivos   ************************ Texto 2   Sim, todas as vezes que o amor me bater à porta Me encontrará sentada à sua espera Me entregarei ao ato de amar Afundarei irremediavelmente em bocas Provarei do mel desses corpos que queimam Sim, todas as vezes que o amor me bater à porta Agarrarei tornozel

Coluna 05 | Mulherio das Letras na Lua - ANA MARTA (Portugal)

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                                                                    coluna 05 Divulgando autoras Lusófonas, um poema de Ana Marta Que o dia de hoje seja bem melhor do que o de ontem, mesmo que o de ontem tenha sido maravilhoso. Hoje Amanhã faço. Amanhã começo a dieta. Amanhã começo a fazer desporto. Amanhã arrumo, amanhã compro, amanhã começo, amanhã acabo. Amanhã serei. Não há amanhã. Tu és hoje. Amanhã não existe. Ontem foi amanhã do dia anterior e hoje é o amanhã de ontem! Hoje conta, amanhã contará? Hoje podes ser feliz, mais que ontem. Mas amanhã serás? Vive hoje, faz hoje, apaixona-te hoje. Vai hoje. Sê hoje. Poema do livro INEXPLICAVELMENTE Ana Marta , nascida em Sintra a 22 de Abril de 1971, mãe de 3 filhos, exerce funções, há mais de 25 anos, no Departamento Comercial de uma reputada Empresa Municipal. Desde cedo revelou o seu interesse pela escrita e pela Literatura, começando por escrever pequenos poemas durante a adolescência, época em que estudava Literatura Portuguesa, se

Para não dizer que não falei dos cravos | Seis poemas de Giovani Miguez

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  Coluna 16 Seis poemas de Giovani Miguez MUSAS, PUTAS E MÃES contra meu machismo   1.   sou macho, eu acho. mas, resolvi abandonar essa bandeira,   dedicar minha vida a uma outra forma    de afirmação. racho esse meu escracho. pois, estou tão equivocado com esse retrato   que não quero mais vê-lo espalhado pelo meu itinerário.   2. esse papel foi um esculacho.   pois, na vida idealizei musas como se fossem minhas ideias confusas sobre o que é ser mulher. ah, esse macho! foi um terrível engano, porque nenhuma delas estava à altura   da minha baixa estatura. 3. sendo macho não tive coragem de procurar putas, nem no meu quarto, por que idealizei demais o ato.   dai, virei capacho desse macho que não é macho e acabou adoecendo seu lado masculino   desequilibrando seu feminino. 4. não nasci macho, mas nasci filho da mãe, sendo educado para ser esse tal macho que vê na mulher a sua mãe.   como ser macho, tend

Coluna 10| Fala aí... Carla De Sà Morais (Suíça)

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Coluna 10 NA PESSOA DE ELISA I Por Carla De Sà Morais (autora convidada) Dediquei uma pequena parte do meu tempo a este diário, porque pensei, ao princípio, que era um  passatempo. Contudo, a realidade é outra: é uma necessidade. A necessidade de escrever o que  sinto; sejam as minhas alegrias ou as minhas tristezas; sejam as minhas angústias ou mesmo as  minhas dores. O meu percurso amoroso não tem nada de glorioso. E o pior de tudo, é ter-me habituado e não me  esforçar para que ele seja melhor. Quando digo não me esforçar, quero dizer que eu também  contribuo para isso, pois, o fato de não me amar o suficiente, de não ter uma autoestima elevada e  não evitar esquemas repetitivos, pensando sempre que algo pelo caminho possa mudar e fazer-me  enfim feliz, têm-me feito conhecer algumas desilusões escabrosas. Aqui há tempos, conheci um rapaz, educado e conversador, de maneiras delicadas e gestos  atenciosos, o que me deu ainda mais vontade de escrever para vos contar o nosso percurso  a

De Prosa & Arte | Escritos, Descritos e Prescritos

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Coluna 20 Fonte acervo Escritos, Descritos e Prescritos Escrevo desde adolescente, porque eu fui criada num ambiente onde tinha muitos leitores e os livros eram acessíveis a qualquer tempo, então já era um hábito ler e escrever. Mas na adolescência esse processo se intensificou bastante por conta de questões da própria percepção do racismo, da minha entrada no magistério e de todas as reflexões acerca da educação, da própria vida, de todas as negativas que na adolescência eclodem por conta da questão racial e de classe, da autoestima, do cabelo, dos relacionamentos, então todas essas questões eram abordadas e apareciam recorrentes nos meus textos. Os contentamentos e descontentamentos. E desde então não parei mais de produzir. Escrevo desde sempre e normalmente escrevo poemas / poesias, mas não só. Hoje tenho uma escrita em desenvolvimento no gênero crônicas. Com uma tendência meio dadaísta assim de ressignificar algumas coisas, tirar as coisas do contexto, às vezes um texto surge a pa