Cinco poemas de Jacinaila Louriana Ferreira | "a voz que insiste em gritar"
Imagem de Speedy McVroom por Pixabay. |
Cinco poemas de Jacinaila Louriana Ferreira
"a voz que insiste em gritar"
Palavra
Ronda
no pensamento
como
um ronronar felino
que de
tanto insistir
é fera
do destino
É a
voz que insiste em gritar,
nasce
no poder materno
de
gerar...
Não é
o acaso
é caso
pensado
está
pronto!
insiste
em sair
povoar...
É o
mistério do escritor
que
curva a alma
e
registra,
o que
não quer calar!
Sim! É
como parir...
A
palavra está pronta,
insiste
em nascer...
Brilhar!
Armado contra preconceitos
Meu
cabelo
Nunca
fez mal pra ninguém
E
mesmo assim
É
considerado ruim?!
Fuá,
Ninho
de guacho,
Grenho,
Bombril,
Bucha,
Cabelo
de nego,
Cabelo
de suvaco,
Cocô
de rolinha,
Pixaim...
Triste
sina a minha!
Cabelo
de mola,
Vassoura
de bruxa,
Que
impertinência a sua!
Esponja
de aço
Cabelo
doido, duro
Duro é
aguentar
Sua discriminação!
Quem
disse que o meu é ruim
E o
seu é bom?
Bombril
é o cérebro
Duro
de ignorância
Vassoura
de bruxa
São
preconceitos
Que
roubam nossas esperanças!
Esponja
de aço
É a
falsidade
Sugando
a inteligência.
Doido
e desproposital
É uma
nação amedrontada
Julgada
por sua cor
Em uma
mola dialógica
De
feridas que nunca saram
Relembradas
em gracinhas
Que
destroem
Causam
dor
Gosto
de quem descreve
Meus
cabelos em caracóis
Cachos
de mel
Curvilhados
Meu
cabelo
É
minha raça
Minha
poesia é meu rugido
Herdada
de um leão
Indomado...
Guarde
sua opinião
E
lembre-se...
Meu
cabelo anda armado!!!!
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Inimigos da cor
É a
pele que urge
por
clemência,
hidratação,
bons
tratos.
Pele
surrada,
pela
dor,
da
escravidão,
superioridade,
intuitiva,
destrutiva!
De
quem tem menos melanina,
inimigos
da cor!
inimigos
do sol!
São
arranhões
profundos,
que
ardem a alma...
das
chicotadas
que
ainda urgem
estrondos
dolorosos
em
meus ouvidos!
É um
eco
que
atravessa porões...
é o
eco
que
ultrapassa gerações!
São
peles sem sol...
que
ainda cobram,
uma
cota de sol
que
minha pele, sem querer,
interiorizou...
A
inveja melaninosa...
preconceituosa,
do
calor,
da
cor!
Mudo
Um dia
desses
Prometo
que mudo
Fico
mudo diante
Da dor
Do caos.
Uma
utopia sonhada
Vida
fria
Amargurada...
E os
sonhos
Que se
dissolvem
E
escorrem
Lentamente
Pelos
vãos
Da
insensatez
E da
humanidade
Ferida!
Vozes do além
Ouço
vozes,
Preocupa
-me
Fere-me
os ouvidos...
─ Por
que não alisa o cabelo?
─ Fica
mais bonita com tons nudes.
─
Amarelo não é pra você!
─
Nossa, seu marido é branco?
─ Seu
filho é de outra cor?
─
Passou naquele concurso?
─ Tem
certeza? Verificou?
─ Você
disse? Não me lembro!
─ Fica
melhor preso!
─ Se
cortar engorda...
─ Com
certeza era preto...
─ Como
assim, irmãs?
─
Nossa, agora é moda, né?!
─ Cota
é discriminação!
─ Sou
preto,
Mas
sou honesto.
Enquanto
isso
A voz
ecoa:
─ Não
sou racista
É a
"liberdade de expressão"...]
Minha
cor,
Minha
identidade,
Não é
da sua conta,
Cale-se!
Deixe-me
viver!
Imagem de Speedy McVroom por Pixabay.
Estou encantada com tua belíssima inspiração querida poeta. Você me emocionou ao trazer inquietações pertinenteà nossa identidade. Meus aplausos!!!!🤩🤩👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽
ResponderExcluirFico imensamente feliz! A poesia nos permite transcrever nossas vivências e conhecer pessoas encantadoras. Gratidão.
ExcluirA poesia de uma Poeta feito Jacinaila é Poesia! Bravo! Aplausos!
ResponderExcluirBernadete querida... seu exemplo nos motiva! Agradeço por todo apoio e carinho, nobre poeta! 📚😊
ExcluirFantásticos os poemas, refletem bem o preconceito vivido e ouvido numa pele negra. Sensibilidade , parabéns
ResponderExcluirA sensibilidade do leitor é o que nos move! Obrigada, Adriana.
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