De Prosa & Arte | Dos pesos que ela dispensou no caminho

 

Coluna 17


Foto acervo

Dos pesos que ela dispensou no caminho

Talvez eu seja mesmo este furacão louco / Talvez eu seja mesmo um exagero na sua vida / Uma parte do caminho que você não compreende / Uma chuva que cai no meio do verão / Você está certo sobre mim / Eu não sou flor que se cheire. Sou flor que se beije Por Helena Ferreira.


Ultimamente ela tem a sensação de ser assustadora para eles. Isso lhe causa certo estranhamento, tudo nela parece excesso, exagero, descontrole aos olhos deles. 


Quem sabe ela só seja assim mesmo? 


É só um jeito de ser. Não é uma afronta, tampouco uma provocação. Mas eles

não sabem lidar com mulheres como ela, que tenha a sutileza da brisa e a ação

devastadora de um tornado concentrado na mente, no corpo e na alma. 


Elas são a própria natureza em transformação. Mulheres que não se apavoram,

não emudecem, não fogem e não desistem. Mulheres que desejam, que conquistam, que exploram, que pulsam vida.


Ela tem condição de ser quem é independentemente deles. Daquilo que entendem como a  performance perfeita e aprazível para seu deleite.


Gosta de estar acompanhada. Mas isso não a  limita em ser solitude... ela gosta de

acreditar que esse verbete é solidão com atitude. 


E eles desacreditam que ela seja capaz, pois desacreditam de quase tudo que existe nela. Se acham insubstituíveis. Distorcem a intensidade que ela traz, afastam-se da liberdade que ela transpira, pois tem uma inabilidade de perceber que a troca que ela sugere não é dependência, não é uma muleta. É só um gosto de estar acompanhada vez ou outra.


Ela já é. E por já ser, basta. 


Apenas gosta da companhia deles. É só um gosto mesmo. Talvez eles não saibam: mas ela nunca está só. Quem sabe ela seja mesmo extremamente assustadora para eles.


Então eles se desculpam. O discurso é sempre igual, mais do mesmo:


 _ Não é nada com você, a coisa é comigo mesmo.


E ela? 


Ela simplesmente dá de ombros. Afinal tem convicção de que a maneira como eles

transitam em sua vida é esquiva e superficial. Por isso, nem sempre são necessários. 


Ela não anda no raso, porque não teme profundidade, mas é habilidosa na arte de emergir de todas as pirações que às vezes eles impõem. Ela se queda a acreditar no discurso vazio. E entra em concordância:


_ Sim, meu caro!  A questão não é com ela...é com você!


Porque ela já é. E já sendo, por si só ela basta!







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