De Prosa & Arte | Dos pesos que ela dispensou no caminho
“Talvez eu seja mesmo este furacão louco / Talvez eu seja mesmo um exagero na sua vida / Uma parte do caminho que você não compreende / Uma chuva que cai no meio do verão / Você está certo sobre mim / Eu não sou flor que se cheire. Sou flor que se beije” Por Helena Ferreira.
Ultimamente ela tem a sensação de ser assustadora para eles. Isso lhe causa certo estranhamento, tudo nela parece excesso, exagero, descontrole aos olhos deles.
Quem sabe ela só seja assim mesmo?
É só um jeito de ser. Não é uma afronta, tampouco uma provocação. Mas eles
não sabem lidar com mulheres como ela, que tenha a sutileza da brisa e a ação
devastadora de um tornado concentrado na mente, no corpo e na alma.
Elas são a própria natureza em transformação. Mulheres que não se apavoram,
não emudecem, não fogem e não desistem. Mulheres que desejam, que conquistam, que exploram, que pulsam vida.
Ela tem condição de ser quem é independentemente deles. Daquilo que entendem como a performance perfeita e aprazível para seu deleite.
Gosta de estar acompanhada. Mas isso não a limita em ser solitude... ela gosta de
acreditar que esse verbete é solidão com atitude.
E eles desacreditam que ela seja capaz, pois desacreditam de quase tudo que existe nela. Se acham insubstituíveis. Distorcem a intensidade que ela traz, afastam-se da liberdade que ela transpira, pois tem uma inabilidade de perceber que a troca que ela sugere não é dependência, não é uma muleta. É só um gosto de estar acompanhada vez ou outra.
Ela já é. E por já ser, basta.
Apenas gosta da companhia deles. É só um gosto mesmo. Talvez eles não saibam: mas ela nunca está só. Quem sabe ela seja mesmo extremamente assustadora para eles.
Então eles se desculpam. O discurso é sempre igual, mais do mesmo:
_ Não é nada com você, a coisa é comigo mesmo.
E ela?
Ela simplesmente dá de ombros. Afinal tem convicção de que a maneira como eles
transitam em sua vida é esquiva e superficial. Por isso, nem sempre são necessários.
Ela não anda no raso, porque não teme profundidade, mas é habilidosa na arte de emergir de todas as pirações que às vezes eles impõem. Ela se queda a acreditar no discurso vazio. E entra em concordância:
_ Sim, meu caro! A questão não é com ela...é com você!
Porque ela já é. E já sendo, por si só ela basta!
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