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Mostrando postagens de abril, 2021

Preta em Traje Branco | Dois Gritos Aguerridos de Ana Paula de Oyá

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Coluna 23 Dois Gritos Aguerridos de Ana Paula de Oyá amazoniareal.com/ gelèdes COMO DANDARA E NZINGA   Tire a mão de mim seu moço Que aqui tu não arruma nada.   Se é força que o Senhor tem, Eu posso mostrar que também a sei usar. Pois, de onde eu venho,  a capoeira é a nossa maior arma... E a ginga se faz com Inteligência   Tire a mão seu moço, Não tire a paz do meu espírito. Não me faça atiçar minha ira, que te derrubo com uma jogada de perna  e um giro   Sou Guerreira assim Representação atual de Dandara e Nzinga Que com hombridade, negritude e beleza Nunca fugiram de uma briga   E por honra e por amor que eu te digo:  que tenho meu valor!   Tire a mão seu moço, Que aqui tu não arruma nada! *************************** DIREITO   Dizem que quando nascemos tudo o que seremos e viveremos está escrito. Escreveram que eu seria uma mulher com muitos direitos e muitas vontades. Direito a ser uma mulher negra bem resolvida, com opiniões esclar

MulherArte Resenhas 10 | Da fluidez do haicai à densidade da palavra: as audácias de uma poeta que versa o imprevisível - Por Juçara Naccioli

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  Da fluidez do haicai à densidade da palavra:  as audácias de uma poeta que versa o imprevisível - Por Juçara Naccioli Divanize Carbonieri é uma fonte efervescente e inesgotável de poesia , que transborda a partir de temas diversos, linguage m inusitada e uma constância no exercício da sua produção literária. Como resultado dessa ebulição, a poeta passa por um processo de maturação rápido, independente e absoluto como escritora. A cada obra que se dedica a escrever, seus leitores são surpreendidos e, neste lançamento, não seria diferente. Agora o trânsito poético é experienciado por meio do gênero haicai, que tem como característica evidenciar o sentimento bucólico de perceber a relação natur eza e ser humano pelo olhar da poesia. Com isso, Carbonieri deixa fluir toda a admiração que tem por cavalos na brevidade dessa forma que consiste em três versos. Nesse novo trabalho, Divanize se mostra uma intrépida haicaista, que se aventura em composições que entretêm a o mesmo tempo

Três poemas de Samanta Aquino | "Na fronte da esperança"

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  Três poemas de Samanta Aquino Na fronte da esperança. - In memoriam Josina Machel (1945 -1971). Nem as estrelas de carbono, Conseguem compreender seu brilho. Você tinha a minha idade, Quando resolveu lutar, Quando viu que a maldade, Impedia seu povo de sonhar. Você negou ir embora desta terra, Que te prendeu no primeiro olhar. Ir para a Europa para quê? Estudar na Suíça por qual razão? Se esquivar de sua história, Abandonar seu lar? Você entendeu tudo o que aprendeu, Sabia que nasceu, Para fazer do seu país um lugar diferente E da Terra um lugar eficiente, Que fosse feito para respeitar, Para que fosse oposto às ideias Que queriam te ceifar, Que queriam do seu solo rico arrancar. Josina! O dia da mulher na sua nação Tinha que ser o dia que você nasceu. Temos que celebrar, As diversas lutas que você venceu E jamais comemorar que tão nova Você nessa terra morreu. Ah Josina! Nem que te tecessem O vestido mais belo, Nem que te coroassem Com uma coroa de diamantes, Fazendo devidos protoco

De Prosa & Arte | Maternagem Real

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Coluna 29 Foto By Guiga Preta 2012 Maternagem Real Às vezes me pergunto onde cresce essa potência, que antes não estava ali, quando éramos sozinhas, antes de “rebentar”. Este poder de abrandar, acalmar, aconchegar, fazer seguir, encorajar, estimular.  Toda a preocupação, o zelo, a força nos momentos mais difíceis, um trabalho de tempo integral, que requer que se esqueça das próprias necessidades em prol de seu coração batendo fora do peito, doendo cada joelho ralado, noite insone, constipação, medo, pesadelos, falta de apetite e nota baixa no boletim.  Eu, que sempre me vi tão rebelde quando filha, queria contrapor, me indispor com regras, maneirismos, convenções, valores e crenças da minha matriarca. Ainda assim, sonhava ter meus filhos/companheiros, pra sorrir dias de sol, me aboletar sob as cobertas em dias nublados, comendo pipoca ou qualquer besteirice . Eu não me lembro de ter um desejo mais visceral do que ser mãe, mesmo que ali no fundo eu me dissesse que seria totalmente difer

A Face da Divícia | 24 Haicais de Divanize Carbonieri

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Coluna 02 24 Haicais de Divanize Carbonieri Imagem de Givaldo Guilherme Santos por Pixabay.   acerolas rubras cobrem maduras o chão rolinhas entre bolinhas “tchuva do cadju” chuvisqueiro em cajueiros a cor surge em cachos irmã aceroleira permita a boa colheita não atice a coceira espinhos do limoeiro pinicam os intrusos a coleta vale os lanhos as echarpes verdes envolvendo agora as árvores prendas da chuva tronco todo preto morto só até a tempestade berço para o broto calangos lambem nacos de melões e mangas gatos colam neles calango no muro a cabeça chacoalha um tango ou kuduro? uma lagartixa tremelica na treliça teatro de graça bebê lagartixa espremido na dobradiça só um esqueletinho esses olhos redondos que se demoram em mim o amor mora em gatos o pequeno deus que me mira dessas órbitas deu-me amor maior Imagem de Christel SAGNIEZ por Pixabay.   revoada de araras voo rasante sobre o sítio gritos rascantes: susto amarela o coco que a arara alcança almeja só o soro o bem-t

Prosa Poética | Infortúnios Nocivos, por Jeane Tertuliano

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|Coluna 03| É dia. Dos noticiários televisivos, jorram infortúnios nocivos: mais Marias foram violentadas e / ou estupradas cobardemente. Ainda assim, é dia. Pessoas acordam e vivenciam suas rotinas sem despertar ante o constante oscilar dos monstros que vêm e vão de suas pseudojaulas. As vítimas, quando não são postas em túmulos, seguem existindo sem porquê nem para quê num mundo que insiste em apontá-las como culpadas, crê? Nada novo por aqui nem acolá... Independente das injustiças acometidas àquelas que sofrem desde que nasceram, é dia. O grito que ousou irromper das entranhas doloridas foi fisgado pela violação abrupta de um pai (?), padrasto, tio, vizinho etc. É dia, mas a lei continua a dormir quando o assunto em pauta envolve uma pobre coitada vestindo saia curta, batom "vermelho cheguei" nos lábios e hematomas enfeitando o seu corpo depravado. É dia? Os algozes que deveriam habitar a escuridão da noite andarilham livremente aonde bem entendem. A Maria que ousar delat

Preta em Traje Branco | Três Tretas de Valéria Rufino

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  Coluna 22 Três Tretas de Valéria Rufino Chuva Chovendo a vida Correndo sangue abaixo, a chuva Soluços, sorrisos, gritos e abraços Evaporando sentimentos, sentindo momentos Guardados em nuvens de pensamentos... mente... menta...   Chove em cima da cabeça... chuvas caem sem cabeça. Molha o coração... que soa queda d’água Navega e retorna ao nada, nadando na amplidão Sonhando à sombra do real Sentando na macia anormalidade de um ser normal.   Fechando os olhos Que sorriem o riso dos lábios Lacrimejantes lábios Osculando a libido da meditação...   Só palavras soltas Soltando num hálito O orgasmo de um grito sangrento   Os olhos se fecham para ver E sentir as batidas Caladas pela eletricidade   Olhos fechados, sorrindo sempre Vendo tudo e sempre *****************************   Decomposição                  ação                  imã...terra                           era de DES                                               NUDO