Para não dizer que não falei dos cravos | Cinco poemas de Luiz Claudio Tonchis
Coluna 21 |
Cinco poemas de Luiz Claudio Tonchis
Rapto
em desvio
nada fica a não ser o essencial
da ágata sobre o linho em
harmonia
amor que fica e não se move?
em ritmo pulsante em forma quente
ígnea quimera em forma fria
de espanto. amor é espanto em
sintonia.
na ausência se ressente
o medo o contrai
mas se refaz como a ave gigante
como motor de asas plenas em
pleno ar.
o amor que em mim não fica
rasteja entre pedras
entre folhas secas
o que fica indica o repasse do
fogo
e o sopro do vento
o amor que fica
nos deixa prostrados
se sumir por apenas um dia
o raiar do sol
o pôr do sol
e busca no remanso essa vontade
de viver entre os pomos
do pomar distante
o amor se perde nos canais
errantes
e navega sempre
sem perder de vista
a conquista linda
busca infinita
o amor se mira e se revela pleno
nele há o fim sereno de morrer
sem ira
anjo acima de qualquer suspeita
o amor é como um beijo
de longas linhas que se imbricam
e resistem mesmo
à própria morte.
Desalinhavado
na rotina dos dias
entrelinhas
é preciso resolver umas coisinhas
questões diminutas de uma linha
pendentes
desalinhavadas
que sejam carregadas pelo vento
em curvas ciliares
em movimento
enroscando em troncos de árvores
em faíscas de tempo
istmo do desassossego.
Imagem de Dimitris Christou por Pixabay. |
Click*
pela janela de meus dedos
desflores em cores
nas imagens que perdi
emoticons
basta um clique
no repique do mouse
e elas rebrilham
na inocência
vazia
como um ladrilho quebrado
no canto do WC.
Por um triz
nas imediações do quase
está o princípio do nada
a plenitude de um vazio
aquilo que poderia ser, mas nunca
foi
como um ovo goro
ou uma planta que abortou
ideias que nunca saíram do papel
um quase beijo
um amor, quase o triunfo e a
chama
tudo encenado, nada possuído
uma intenção que rumina.
Poema Quântico
por mais que o tempo segue o seu
curso
implacável, rumo ao futuro
com toda a sua simetria
eu insisto nos processos
contraditórios
em finos movimentos sutis
rebobinando o tempo
invertendo as coordenadas
com a minha imagem num espelho ao
reverso.
Imagem de Dimitris Christou por Pixabay. |
Luiz Claudio Tonchis. Escritor, Poeta, Gestor Escolar e Educador,
pós-graduado em Filosofia pela UNESP e em Gestão Escolar pela Universidade
Federal Fluminense. Nasceu em Turiúba, SP, reside em Penápolis, SP. Trabalha na
Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. É autor dos livros A Arte de Ser
Feliz: Na Visão da Ética Aristotélica, Paco Editorial (2017); Pontilhismo de
Solidão, Penalux (2018), e Pedras nos Sapatos, Amazon (2020).
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