MulherArte Resenhas 17 | "O Olho Esquerdo da Lua" de Jade Luísa - Por Antônio Torres
O OLHO ESQUERDO DA LUA
(EDITORA PENALUX, 2021) DE JADE LUÍSA
- Por Antônio Torres
Nos tempos que atravessamos, ler “O olho esquerdo da Lua, de Jade Luísa, é pressentir a respiração indômita e libertadora de Lilith, tida como a mulher primeira;
é vislumbrar a autonomia, sensualidade e prazeres no reino de Safo, em Lesbos;
é perceber o esplendor erótico na arte de Maria Tereza Horta e de Lourença Lou;
é sentir a multiplicidade de mulheres, lutas e caminhos que habitam e formam uma mulher, ao ler Mar Becker;
é trilhar uma vereda original entre tudo que já foi dito e o que ainda não se nomeia e se oculta na encastelada hipocrisia.
Já tivemos, nos primórdios, sociedades matriarcais, e a lua foi a primeira divindade do que passou a chamar-se humano. “O olho esquerdo da Lua” chega com essa aura de mistério e luz reveladora
: de delicadezas, como em Gema (tornar-se pétala), Maré VII (asa no murmúrio das ondas) ou El comienzo del sueño (cata-vento enluarado);
: de afirmação e autodescoberta feminina, como em Preâmbulos I e Queda;
: de maturidade, profundeza e beleza, como em Miolo da noite I, Minuto de Vidro, Broto, Sobre o dia em que a lua emudeceu, ou Olho de sucuri;
: de arrepiar os pelos e as almas das pedras, como em Nove instantes e um depois IV e V ou Quero escrever uma carta de amor pra você, amor.
É, eu testemunho que “O olho esquerdo da Lua” ilumina, e muito, como se a poeta Jade Luísa tivesse invocado a lua cheia das noites imemoriais!
Antonio Torres, poeta.
Jade Luísa é potiguar de nascença, paulista de criação e brasiliense de passagem. Estuda Letras na Universidade de Brasília e tem uns pares de poemas publicados em revistas virtuais. Participou da antologia As luas: o amor e suas variações (Lumme, 2020). Além da poesia, também caminha pelo teatro, é atriz e dramaturga do Coletivo de Teatro Enleio/DF.
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