9 POEMAS DE MARIANA GOUVEIA | PROJETO 8M
fotografia do arquivo pessoal da autora
8M (*)
Mulheres não apenas em março.
Mulheres em janeiro, fevereiro, maio.
Mulheres a rodo, sem rodeios nem receios.
Mulheres quem somos, quem queremos.
Mulheres que adoramos.
Mulheres de luta, de luto, de foto, de fato.
Mulheres reais, fantasias, eróticas, utópicas.
Mulheres de verdade, identidade, realidade.
Dias mulheres virão,
mulheres verão,
pra crer, pra valer!
(Nic Cardeal)
Mergulhe na poesia sensível de MARIANA GOUVEIA:
De fato, o corpo briga,
A vontade chega.
Retrato, de 3x4
na semana inteira.
Me cato, restos de pratos
na minha cabeceira.
Passei a noite
deliciando sonhos...
Amor e vinho,
uma música em mim.
(* poema do livro O lado de dentro)
-*-
Beijava todas como
se fosse única.
Beijava a mão como
se fosse a boca.
Beijava a flor como
se fosse ela.
(* poema do livro O lado de dentro)
-*-
Havia um jeito de ave no meu peito.
O voo cego. O pouso em qualquer canto.
A gaiola dentro das entranhas, prendendo a liberdade de respirar.
A falta não respeitando lembranças.
Objetos que são marcas que ela deixou.
O sentido da vida na posição morta.
O mapa sem rotas certas.
Apenas a falta.
Havia um jeito de ave no meu peito.
O voo cego. Sem ninho para pousar.
(* poema do livro Cadeados abertos)
-*-
Preparo-me para o extraordinário das coisas.
Ouvi a palavra milagre dentro de um riso.
Nas minhas mãos nasceu o pouso do ser que voa.
A sorte pode ser vista detrás da porta.
O desafio diário é desvendar a fé.
O céu vem povoado de asas num dia de agosto.
A menina que vende flores me deu sementes.
Quem sabe um dia de minhas mãos nascem flores.
(* poema do livro Corredores, codinome: loucura)
-*-
Não era aqui que vivia.
Nem era ali... a beira do rio,
- a sonhar com o mar!
Nem no ecoar dos fados
para o oceano a pronunciar
o nome dela!
Era nas palavras decifradas
entre frases de amor nas
madrugadas serenas.
Era em mim... e no fim
do dia... quando a tarde
se aproximava e o sol beijava
qualquer água - de todos os lugares...
Eu me preparava...
Tomava o meu banho,
Me vestia de flor... e atravessava
o oceano para - tocar seus pés!
(* poema publicado na Revista Plural La Barca)
-*-
A moça do tempo errou a
previsão - nenhuma
novidade. Mas, eu
também errei nas
oscilações do dia.
Deduzi frases entre
acordes e canções.
O cantor-poeta inventou-
me dentro do exagero.
(* poema do livro Desvios para atravessar quintais)
-*-
Fiz chá de pétalas brancas.
Conferi na folhinha o tempo do gás.
Marquei na agenda a reunião da manhã.
Refiz o rito da fé. Molhei as plantas suspensas.
Conversei com as horas dentro do próprio tempo
- a vida tem dessas delicadezas -
e o suspiro tem a sensação de que a
magia é essa troca de carinho.
Amanhã, a densidade pode ter outro tom.
(* poema do livro Desvios para atravessar quintais)
O CHEIRO DO TEMPO SUAVE
Habito nas imensidões do campo
decoro o decote insano
onde tuas mãos e teus olhos pousaram
o cheiro do tempo suave será tão tênue
trará sentidos de perfumes teus
e os avisos da saudade, constante
Te olho, me molho
para ti
o néctar que gostas de devorar
e a pele em arrepios.
A vastidão das madrugadas insones e do dia leve que me traz você.
(* poema publicado no blog gouveiamariana.wordpress.com, 15/06/2021)
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De noite, todo tempo é turvo. Toda asa é voo, todo pouso é colo.
De noite, todo vento é brisa, toda brisa é alma, toda ave é filho.
De noite, toda noite é tempo, todo tempo é turvo... Toda noite é noite.
Todo beijo é flor.
(* poema publicado em sua TL, 11.06.2023)
-*-
(*) 8M: 8 de Março = Dia Internacional da Mulher: Projeto 'Homenagem a mulheres escritoras/artistas', iniciado em março/2021, por Nic Cardeal.
MARIANA GOUVEIA é natural de Arenópolis/GO, e atualmente mora em Cuiabá/MT. Escritora - poeta, cronista e romancista - apaixonada pelos animais, com uma conexão extraordinária com beija-flores, joaninhas, e todos os 'seres alados', os quais fotografa maravilhosamente, e assim ela explica sua vida: "(...) Desde pequena as palavras me invadiram e escrevia em tudo o que podia. Papel de pão, papel de embrulho de qualquer coisa, guardanapos, chão. Cadernos eram luxos que só vez ou outra ganhava, e reservava-os para depositar sonhos, história e o dia a dia vivido. Tornei-me radialista por vocação e isso me dava a liberdade de espalhar as palavras que eu escrevia nas ondas do rádio. Sonhadora. Adoro as noites de lua, borboletas, joaninhas, libélulas e fotografias - não necessariamente nessa ordem - artesã de alma e de paixão.
Amo o rádio. Aproveito eu lírico e enfeito o papel com os sonhos - os realizados e os que ainda vou realizar -.
Apaixonada, dedicada e toda coração. Essa sou eu."
Livros publicados: O lado de dentro (poesia, Scenarium Livros Artesanais); Cadeados abertos (poesia, Scenarium Livros Artesanais); Corredores, codinome: loucura (romance, Scenarium Livros Artesanais); Portas abertas, codinome: lucidez (romance, Scenarium Livros Artesanais); Desvios para atravessar quintais (poesia, Scenarium Livros Artesanais); entre outros.
Participação em antologias, coletivos e revistas: Revista Plural Trezentos e Sessenta (Scenarium Livros Artesanais/2013); Revista Plural La Barca (ScenariumLivrosArtesanais/2016); Revista Plural Wild Nights (Scenarium Livros Artesanais/2017); Revista Plural Edição Ciranda (Scenarium Livros Artesanais/março 2018); Revista Plural Quel tal um Café? (Scenarium Livros Artesanais/junho 2018); Revista Plural Clandestina (Scenarium Livros Artesanais/agosto 2018); Feliz Ano Velho - crônicas (coletivo, Scenarium LivrosArtesanais/2018); Projeto Coletivo Sete Luas (Scenarium LivrosArtesanais/2018); Revista Plural Fahrenheit 451 (Scenarium Livros Artesanais/2019); Revista Plural Mask (Scenarium Livros Artesanais/2020); Colheita - Coletivo Scenarium (Scenarium Livros Artesanais/2021); entre outros.
Muito obrigada! Uma honra estar aqui! ❤️🥰
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