CELEBRAÇÃO POÉTICA PARA ROSEANA MURRAY | Poetas Diversas
"Tenho memória fragmentada sobre o que aconteceu, mas não me perturba. No momento de muita dor, a arte é o que te salva. Não é um clichê, é uma verdade. A literatura salva e precisa ser um direito de todos neste país."
(Roseana Murray)
Esta é uma homenagem à querida poeta Roseana Murray, devido ao trágico evento que lhe ocorreu em 05 de abril.
A equipe da "Revista Ser MulherArte" gostaria de deixar registrado que, de acordo com sua percepção, os cães não podem ser considerados culpados pelo ataque sofrido pela escritora. Seus tutores, estes sim, são os verdadeiros responsáveis pelo ocorrido, que só não foi fatal graças ao maratonista que, no mesmo momento treinava pela mesma rua, socorrendo Roseana e salvando sua vida!
Esperamos que, diante do terrível acontecimento, todos nós, enquanto espécie humana, reflitamos profundamente sobre a maneira como temos lidado com todas as espécies vivas habitantes da Terra e, nesse caso, com os animais domesticados. Que possamos parar de tratá-los com violência, maus tratos, desrespeito e indiferença, e passemos a vê-los com mais compaixão! Sim, "quanto mais você respeita a inteligência dos animais, conversa com eles, mais os inclui em sua vida e os considera amigos, tanto mais reações inteligentes e calorosas você recebe. Todos os tipos de seres tendem a florescer quando acalentados com afeto e entendimento pelos outros" (Penélope Smith, "Linguagem Animal - Comunicação Interespécies").
Roseana Murray está se recuperando de uma situação que pouquíssimas pessoas conseguiriam lidar, demonstrando sua incrível capacidade de superação, vontade de seguir em frente e imenso amor pela vida! A poeta tem surpreendido a todos com sua força extraordinária e sua poesia, cada vez mais profunda e encantadora! Por isso, esta "celebração poética": mulheres que celebram com imensa alegria sua recuperação, através da poesia! Mil vivas à maravilhosa Roseana!
Time da "Revista Ser MulherArte"
A HOMENAGEADA
ROSEANA MURRAY nasceu no Rio de Janeiro e atualmente reside em Saquarema (RJ). É formada em Literatura Francesa pela Aliança Francesa, Universidade de Nancy.
Começou a escrever poesia para crianças em 1980, com o livro "Fardo de Carinho", influenciada por Cecília Meireles, através do livro "Ou Isto ou Aquilo".
Recebeu vários prêmios, entre eles, por quatro vezes o Prêmio de Melhor Poesia pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ); o Troféu APCA; o Prêmio da Academia Brasileira de Letras de melhor livro infantil; e, por diversas vezes a láurea "Altamente Recomendável" da FNLIJ.
Faz parte da Lista de Honra do Organismo Internacional IBBY ("International Board on Books for Young People", com sede em Basel, Suíça), que abriga os melhores autores de literatura infantojuvenil do mundo.
Trabalha com o Projeto de Leitura "Café, Pão e Texto", recebendo Escolas Públicas em sua casa para um café da manhã literário. Faz palestras sobre a Formação do Leitor.
Atualmente possui mais de 100 livros publicados, entre eles: "No Mundo da Lua" (Paulinas, 1983); "Fardo de Carinho" (Lê, 1986); "Tantos Medos e outras Coragens" (FTD, 1996); "Receitas de olhar" (FTD, 1997); "Recados do Corpo e da Alma" (FTD, 2003); "Caixinha de Música" (Manati, 2004); "Rios de Alegria" (Moderna Literatura, 2005); "Território de Sonhos" (Rocco, 2006); "Artes e Ofícios" (FTD, 2007); "Arabescos no Vento" (Rocco, 2009); "Poemas de Céu" (Paulinas, 2009); "Poesia Essencial" (Manati, 2010); "Carteira de Identidade" (Lê, 2010); "Poemas para ler na Escola" (Objetiva, 2011); "O Circo" (Paulus, 2011); "Diário da Montanha" (Manati, 2012); "Qual a Palavra?" (Paulinas, 2012); "Quem vê Cara não vê Coração" (Callis, 2013); "Brinquedos e Brincadeiras" (FTD, 2014); "Manual da Delicadeza de A a Z"(FTD, 2015); "Coração à Deriva" (Rovelle, 2015); "Colo de Avó" (Brinque-Book, 2016); "Duas Casas" (Abacatte, 2017); "Jardins" (Global, 2017); "Suspiros de Luz" (Escarlate, 2018); "Corpo e Amor" (Gradiva, 2018); "Armarinho Mágico" (Estrela Cultural, 2018); "Poemas para Metrônomo e Vento" (Penalux, 2018); "Fábrica de Poesia" (Scipione, 2019); "Classificados Poéticos" (Moderna, 2019); "Nas Entrelinhas" (Matizes Dumont, 2020); "Com a Lua nos Olhos" (Editora do Brasil, 2020); "Caligrafia dos Sentimentos" (Anitas, 2020); "Gatos" (com William Amorim, Penalux, 2020); "Lágrimas de Chuva" (Compor, 2021); "A Teia das Águas" (Instituto Coral Vivo, 2021); "Casas" (Formato, 2021); "De Malas Abertas" (Elo, 2022); "A Casa de todos os Ninhos" (Instituto Coral Vivo, 2023); "Montanha para Andarilhos" (Bambolê, 2023); "Balaio de Felicidades" (Estrela Cultural, 2023); "Emaranhado" (Principis, 2023); "Esboços" (Residência no Ar Edições Digitais, 2024); entre outros, muitos outros, inúmeros outros!
CELEBRAÇÃO POÉTICA PARA
ROSEANA MURRAY
ALESSANDRA DE PINHO
RE PARTO
Fadas fiandeiras, por dias, incansáveis, tecem histórias, poemas, cantigas
Tecem amor
Juntas, na mesma teia, embalam palavras
Fiando e cantando
Fiando e versando
Fiando e rezando
Fiando e plantando
Fiando e benzendo,
Dias de re pouso, trans formação, transcendência
Esperançam a metamorfose
Com fiam e fiam
Confiam
Re tecem a dor
Asas partidas são pó de encantamento
Sopradas sobre o voo
Todas Uma
Prenha de vida
Re parto
Revoada
fotografia do arquivo pessoal de Alessandra de Pinho
ALESSANDRA DE PINHO, "sou neta de Dalva, minha eterna estrela guia, filha de Vanda, professora, mulheres raízes de quem hoje sou. Gabriel, Anna Beatriz e Letícia são as sementes que me floriram Mãe. Cresci cercada por histórias. Formada em Comunicação Social e Letras, Especialista em Educação e Biblioterapia, amante de viagens, os livros são minha paixão, a Literatura é meu vício, "meu bálsamo benigno" (*)".
(*) Referência à letra da música "Meu bem, meu mal", de Caetano Veloso)".
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ALICE MORAES
PALAVRA
Palavras, ideias
Lindas narrativas...
Castelos que iluminam
Os sonhos encantados.
Em meio à adversidade,
Encontre a "Pedra Azul"!
E nessa "Teia de Afetos",
Poeme-se.
Roseana é leveza,
Roseana é beleza,
Exala poesia
Cria, renasce, floresce.
Os escritos são seu abrigo
Sua voz, a resiliência
E na essência dessa mulher
A palavra ganha força,
E acende a candeia dos corações.
fotografia do arquivo pessoal de Alice Moraes
MARIA ALICE CARNEIRO MORAES SILVA "é Mestra em Educação pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), tem Especialização em Psicopedagogia, Gestão Escolar, Letramento e Alfabetização. É graduada em Letras Vernáculas e Pedagogia. Gosta de escrever contos, poemas e cordéis, já participou de várias antologias, tendo seu primeiro poema publicado na adolescência. Atua como professora da Educação Infantil e seu lema é "poetizar o mundo", pois a poesia toca corações, transforma vidas".
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ANA MARGARIDA PEREIRA PINTO
Tão feminina
Aquela mulher
Que enfrenta a vida.
Tem nome composto
De flor e de graça,
Convive entre beleza e espinhos,
É atravessada por versos.
Tão forte
Aquela mulher
Pulsante de vida e poesia.
fotografia do arquivo pessoal de Ana Margarida P. Pinto
ANA MARGARIDA PEREIRA PINTO, "mulher cis, mãe e avó. Leio, canto, não pinto, nem bordo, só transbordo minha sensibilidade em palavras, escrevendo pequenos bilhetes que lanço ao mundo como garrafas ao mar. O espanto inicial me leva a viver a vida em estado de intensa procura. A(r)tivista da revolução do sensível pelo reencantamento do mundo, terapeuta através da leitura das camadas do Ser, tecendo a poética como 'reparadora do cuidado', para alimentar o sopro da vida. Tomo a Biblioterapia como o fio e a linha desse trabalho de alma".
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DO AMOR
Quando a noite chegar, amar a noite. Amar como quem ama o que o amor não salva.
Amar o que cai o que transgride o que altera.
Amar as horas desertas e a de alvoroço. Amar as plêiades, a ursa maior, as três marias, a via láctea.
Amar a matéria que compõe o amor que, muitas vezes, é um deserto.
Amar o incerto.
Porque o certo todo mundo ama.
fotografia do arquivo pessoal de Angela Zanirato
ANGELA MARIA ZANIRATO SALOMÃO, "graduada em História, com Pós-graduação pela UNESP de Assis (SP) e pela UEM, Maringá (PR). Está presente em várias antologias e publicações. Prefaciou e escreveu diversas apresentações de livros de poesia e prosa para escritores do Brasil. Está inclusa na "Antologia Mulheres Brasileiras na Literatura", organizada por Rubens Jardim, em 2022. Primeiro lugar no Concurso Nacional de Poesia Editora Arribaçã, com o livro "Madalenas Desarrependidas", 2020. Outros livros publicados: "Cacotopia e Tarja Preta" (poesia, Rizoma, 2021); "Mulheres à Margem: entre o Asfalto e o Bordel" (romance, Helvetia, 2021); "Mar Fechado Mar Aberto" (com Ivy Menon, romance, Rizoma, 2023). Foi classificada no Concurso Nacional Maria Carolina de Jesus, projeto do Ministério da Cultura, em 2023".
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CHRIS HERRMANN
SONETO PARA ROSEANA MURRAY
Tudo começou com a poesia
Da literatura comprometida
Família, arte e sinestesia
Tão bem distribuída em sua vida
Um dia, um mundo cão a machucou
Tão gravemente e tão sem sentido
Que o Brasil inteiro se chocou
E um mar de amor foi construído
O medo assustou os que aclamam
Poeta que a tantos encantou
Uma reza de todos que a amam
Roseana, tão linda e renascida
Com seu braço esquerdo sinalizou
Amor, amigos, são a sobrevida
*
ROSEANA
Entre notas noturnas de silêncio,
nasce uma brilhante clave de sol,
para lembrar-te em melodia
que a tua poesia nos faz flauta!
*
O amor esparramou-se em letras
Vogais e consoantes se abraçaram
O que a Roseana sentiu que dizia
Um anjo traduziu em poesia
*
rose e ana
múltiplas em coração
: coragem poética
fotografia do arquivo pessoal de Chris Herrmann
CHRIS HERRMANN "é escritora (poeta-haicaísta-romancista-contista), musicista, musicoterapeuta, designer e ativista sociocultural, teuto-brasileira. No Brasil estudou Literatura e Música. Na Alemanha pós-graduou-se em Musicoterapia. Nasceu no Brasil, RJ, e viveu por 25 anos na Alemanha. Hoje vive no Rio de Janeiro. Apesar da dupla nacionalidade, sempre se dedicou às artes e à cultura brasileira, divulgando-as, defendendo-as e praticando-as com paixão. Filha da pintora e curadora de artes carioca Airam Magalhães, nunca negou suas origens. Seguindo o exemplo de sua mãe, tem criado há mais de duas décadas diversos projetos culturais de forma totalmente voluntária, com prioridades inclusivas no campo da Literatura, da Música e das Artes em geral" (por Valquíria Imperiano, Presidente do Instituto Cultive de Genebra, Suíça).
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ROSEANA
Não sabe ser aos pouquinhos
É imensidão
De tudo quanto há,
Desde a alegria à tristeza
Só se apossa da inteireza
Amar é tudo que lhe basta
Desde a teoria até a prática
Tudo pode ser no agora, já
Pois escolheu o eterno
*
LIÇÃO DE ROSEANA
Roseana Murray me ensina
Que quem vê com os olhos do coração
Levanta forte com as cicatrizes
Sente e sente muito
O gesto é puro afeto
Em todos os versos
Profundos
A porta do ser bate
O vento chama
Recolhe o lamento
Só lhe cabe o significado puro
O ressignificado
Do braço faz o laço
Contínuo
Nada teme quem tem os versos
Riscados na alma
Fênix que não veio das cinzas
Mas de chamas que já existiam
Labaredas que pulavam em sua alma
Com força
Quem fere uma poeta
Só verá as flores que brotaram em meio à dor.
fotografia do arquivo pessoal de Cristiane Bezerra
CRISTIANE BEZERRA, "formada em Letras, escreve há um bom tempo, só recentemente publicou alguns poemas em antologias, como: "Visões - a Mulher, o Amor e a Vida", pela Editora Peripécia; "Antologia #NemUmaAMenos", pela Editora Versejar; "Pirlimpimpim", publicação de prosa e poesia infantil, pela Editora Versejar; "Coletânea de Autoras Brasileiras Contemporâneas", pela Editora Chiado e, recentemente, "Mulherio das Letras Portugal 2020". Canta em um grupo vocal chamado "Madrigueiros". A escrita e a música são suas grandes paixões".
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ACALENTO
tinha uma dor aqui
bem dentro do meu peito
ela era enorme e nada sutil
invadindo minha realidade
no olhar à minha volta
e no sonho do dia que me sustenta
falo cá fora em sintonia com tudo que vejo
árvores, nuvens, pássaros, flores, bichos e gente
queridos acalentos
deixo lá dentro a dor
e me alimento das vibrações
de amor perfume e calor das vozes e gestos
no tempo da memória
sem amarras e garras de um dia intempestivo
deixo tudo fluir e me refaço no hoje
que se impõe sobre mim
com cor luz amor resiliência
e esperança
fotografia do arquivo pessoal de Dilma Barrozo
DILMA BARROZO. "Sou professora por vocação, estudiosa de Literatura por absoluta paixão. Mãe e avó por divina bênção. Católica por formação, espiritualista por decisão, me divido entre a família, a leitura, a escrita, o estudo constante e as atividades de revisão de texto. Nasci em Campo Grande (RJ), onde vivo até hoje. Sou autora dos livros de poesia "Temporal" e "Consentimento". Participei de mais de 60 coletâneas de poemas, contos e crônicas. Integro os grupos de leitura e escrita Mulherio das Letras, Floriterárias, Mulheres Maravilhosas, Confraria dos Artistas Absurdos e sou membro da ALAZO - Academia de Letras e Artes da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Adoro ler poemas que posto em pequenos vídeos nas redes sociais".
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O RISCO E O RABISCO DA OBRA PRONTA
Se todo o mal for cortado pela raiz,
não restará semente alguma
para os dias vindouros felizes.
Viver é correr riscos, rabiscos, rascunho...
O rascunho, estágio inacabado da obra,
terá palavras cortadas, para chegar ao final
do conteúdo perfeito da vida.
fotografia do arquivo pessoal de Eliana Castela
ELIANA FERREIRA DE CASTELA, "nascida em Rio Branco (AC), é atriz, poeta, aprendiz das artes visuais. Geógrafa e Especialista em História da Amazônia, pela Universidade Federal do Acre (UFAC). Mestre em Extensão Rural, pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Livros publicados: "Da Escrita Rupestre à Era Digital: Alguns Poemas" (publicação de autoria); "Pelos Rios ao Sabor da Fruta" (Chiado Editora) e "CARMELIANA: A Festa das Flores" (Editora Ibis Libris). Organizadora, com Mané do Café, do calendário em formato digital - Folhinha Poética: https://folhinhapoetica.blogspot.com".
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GILCILENE LOURENÇO
A BRAVA FLOR
Rubra e veloz
A fera me alcança
Em rugidos quentes
Arranhando
O segundo é tudo
O instante, o caos
O tempo, adversário
A dor, uma constante
No leito me vi
Suspensa e fria
E sim, acreditava
Tudo passa
O corpo é taça
Delicado cristal
A vontade é espada
Poderoso talismã
Ergui meus ombros
Na hora áspera
Bailei com anjos
Em lua nova
*
VIDA POETA
Conheces teu brilho
Dorme em teu calor
Segue sorrindo
Brindando a vida
Com o amor está
Para tudo e sempre
Segue sorrindo
Abraçando a vida
Amigos abraçam-te
Em horas de dor
Segue sorrindo
Iluminando a vida
Tu és inspiração
De tantos e tantas
Segue sorrindo
Escolhendo a vida
fotografia do arquivo pessoal de Gilcilene Lourenço
GILCILENE LOURENÇO "nasceu potiguar e cresceu fluminense. Pedagoga de profissão, descobriu-se poeta, inspirando-se nas origens e vivências para os poemas que versam sobre amor, erotismo, resistência e empoderamento. A primeira obra, "O Sal do Amor", foi relançada em 2024. É com Sal e com Amor que dedica estes poemas à Roseana Murray".
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GRAÇA LOPES
VIBRÁTIL
Sem um dos braços
sem uma das orelhas
ela orna – é poesia ainda
a flor despedaçada
Roseana resiste
inspira o entorno
silencia os cães
é rósea coragem
Murray: rrrrrrr! Ah...
um murro (de leveza)
na adversidade.
fotografia do arquivo pessoal de Graça Lopes
GRAÇA LOPES "é brasileira, escritora, artista plástica e consultora para serviços na área de Linguística Integrada. Graduada em Letras pela UFF, Mestre pela USP, com D.E.A em Ciências da Linguagem e Didática das Línguas, pela UAG. Seus textos em poesia e prosa dialogam com outras artes. No seu livro impresso "Poemas-Conversas" (Editora Giostri, 2022), Graça reúne alguns poemas autorais e fotos das esculturas "Livro de Pedra". Seu livro mais recente de poesia intitula-se "Perplexografias Mínimas", também publicado pela Giostri, em 2023".
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JAQUELINE FERRAZ
CADERNO AMOROSO DE SER
Eu tenho um caderno de páginas amareladas,
Desenhos, rabiscos, histórias guardadas.
Volto a revê-lo, de tempos em tempos,
Resgatando trechos de caminhos incompletos.
Revendo rabiscos, a gente se redescobre.
A menina está ali nos traços desenhados,
Nos sonhos projetados,
Pelas leituras dos livros amados.
Sento-me ao pé da árvore,
No meu pequeno jardim.
Caderno nas mãos,
Palavras sorrindo para mim.
Tu estás ali,
Sentada no balanço,
Rimando no vento,
Espalhando seu canto.
Querida poeta, que passeia em meu jardim,
Aprendi contigo! Fabrico poemas.
Percorro, vagueio, me lanço,
E sempre reencontro
A menina animada, ao pé do balanço.
Você, minha amada escritora,
Me ensinou receitas para espantar tristeza,
Para aprender a olhar.
Retomo a escrita, retorno aos rabiscos,
Quero dedicar a você
Meu olhar amoroso, repleto de esperança.
Meu jardim, meu aprendizado.
Meus escritos, meus traços imprecisos,
Meu eterno agradecer,
A ti eu dedico,
Meu Caderno Amoroso de Ser.
fotografia do arquivo pessoal de Jaqueline Ferraz
JAQUELINE FERRAZ "é natural do Rio de Janeiro e mora atualmente em Imperatriz (MA). Mestra na área da Educação, formada em Letras, pós-graduada em Telemática, Linguística e Psicopedagogia. Autora do livro "As Casas que habitei" (no prelo), coautora e organizadora do livro "Virtualizando a Escola: Migrações Docentes Rumo à Sala de Aula Virtual". Membro da ACLAJOL - Academia de Ciências, Letras e Artes de João Lisboa e da AILAP - Academia Internacional de Literatura e Artes Poetas Além do Tempo. Tem participação em várias antologias poéticas. Atualmente dedica-se ao cultivo de flores e à escrita literária, criando um jardim de cores, aromas e palavras".
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LAIZZA CARVALHO SANTOS
CÉRBERO
Nas sombras do mundo, onde a morte reina,
O Cérbero vigia, fera de três cabeças,
Guardião dos portais, selvagem e tenebroso,
Com cauda de serpente, garras de leão.
Filho de Tifão e Echidna,
Irmão de Quimera e Hidra,
Monstro de olhos cor de sangue,
Pelugem escura, aspecto selvagem.
Hércules, o herói destemido,
Desafia o cão do submundo,
Envolve-se em aventuras,
Liberta heróis e semideuses.
Diante de Hades, o deus sombrio,
O embate se dá, feroz e desafiante,
Flecha no ombro, reviravolta heroica,
Missão aceita, condições impostas.
Hércules, vestido na couraça do Leão de Nemeia,
Indestrutível, enfrenta o desafio,
Domina o monstro com mãos fortes,
No reino dos mortos, a luta prossegue.
Mas, na luz do dia, uma outra história se tece,
Uma homenagem à Roseana Murray,
Atacada por cães, símbolos de lealdade,
Que, em triste ironia, causaram dor.
Assim como o Cérbero, guardião do além,
Cães são também seres de proteção,
Mas, em um instante, podem ferir,
Num paradoxo de amor e aflição.
Que esta poesia seja uma ode,
A todos os monstros e guardiões,
E também àqueles que, sem saber,
Causam dor onde buscavam proteção.
fotografia do arquivo pessoal de Laizza Carvalho Santos
LAIZZA CARVALHO SANTOS, "nascida em 02 de janeiro de 1977, em Feira de Santana (BA), é uma educadora apaixonada e líder sindical ativa. Mãe de Lara Leite, atua como professora na rede municipal de Feira de Santana, enquanto também desempenha o papel de yamorô do Ilê Axé Ojó Ibí Ala. Além disso, é diretora sindical da APLB em sua cidade. Sua poesia, enraizada em suas vivências e conhecimentos, reflete não apenas suas experiências pessoais, mas também as lutas e esperanças de sua comunidade. Laizza é uma mulher multifacetada, cuja jornada de vida inspira e fortalece todos ao seu redor".
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LEACIDE MOURA
POETANDO ROSEANA
No colo de avó tem poemas de céu
Com gosto de poemas de comidinha
Receitas de olhar com delicadezas
Artes ofícios e armarinho mágico
No colo de avó há contos de fadas
Contado com poesia e amor
Qual a palavra? Poesia essencial
Com a lua nos olhos rios da alegria
Tem lágrimas de chuva
Para a bela adormecida
Perfumes jardins
Brinquedos e brincadeiras
No colo de avó tem balaio de felicidade
Fios de lua e raios de sol
Território dos sonhos
Exercícios de amor e suspiro de luz
*
CANÇÃO PARA ROSEANA
Sois um sonho em ação
Sorriso de alma
Voz que acalma
E encanta o coração
Planta sonhos emoções
Em terreno baldio
Nunca tardio
Faz brotar vida paixões
Com a arte da palavra
Embala os desejos
Das crianças o ensejo
Sucesso na lavra
Seu nome é Roseana
É a mais bela Rosa
Da arte maravilhosa
Cheia de graça: Ana
fotografia do arquivo pessoal de Leacide Moura
LEACIDE MOURA, "de Macapá (AP), nasceu em 08 de fevereiro de 1962. Graduada em Licenciatura em Letras. Professora de Língua Portuguesa e Literatura; Especialista em Educação; Sindicalista, poeta, escritora e organizadora de obras. Ativista do movimento literário local, nacional e internacional. Participa em mais de 22 obras da literatura nacional. Suas organizações: "Semente da Educação 1" (com Lenilson Silva); "Todas as Cores" (com Amanda Barreiros e Iramel Lima); "Mulheres Livres Senhoras de Si" (com Amanda Barreiros); e "A Morada do Amor" (com Cema Lins). Recebeu o Prêmio Literário Moacyr Scliar, em 2010; e as diplomações Ludwig Van Beethoven de Mérito Literário e Mérito Cultural e Social, pelo Mundo Cultural World, pelo jubileu de 250 anos de Beethoven, em 01 de maio de 2021".
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BRUXAS E FADAS
Ela tem cabelos vermelhos
E parece uma bruxinha
Ela é diferente:
Às vezes usa vassoura
Às vezes aparece
Com asas reluzentes!
Quando está triste,
Usa a pedra azul
E no armarinho mágico
Coisas ruins se transformam
Em coisas boas
E tudo se transforma à sua volta
E à volta de quem dela se aproxima...
Ela consegue descobrir e desvendar
Os segredos da restinga
E os seus habitantes,
Com seus ninhos e habitat,
Povoam nossa realidade
E o nosso imaginário...
E o seu viver e sentir
Vêm com um manual de delicadeza,
Pois seu semblante nos transmite
Calmaria, bons pensamentos e leveza!
E suas manias de ler e escrever
Contagiam e se espalham aos quatro ventos...
*
"VIVER É O MILAGRE QUE NOS GUIA" (*)
Viver cantando,
Tem coisa melhor?
Tem outras...
Ouvir música,
Caminhar descalço sobre a areia do mar
Sentir a brisa fresca
De um recente amanhecer...
Viver...
Tomar banho e dançar na chuva,
Andar de bicicleta,
Ler um bom livro
Embaixo de uma árvore
Ou escrevê-lo sob a luz do luar...
Ouvir a gargalhada de uma criança que brinca,
Ouvir o canto dos pássaros,
Sentir o cair das folhas,
Plantar ou abraçar uma árvore...
Gestar uma criança,
Cuidar de um animal...
Pois a vida é um milagre
Que nos guia...
É um presente de Deus
Que se renova a cada dia,
Nos pequenos e simples gestos diários...
(*) Frase de Roseana Murray.
fotografia do arquivo pessoal de Luciene Azevedo Dias
LUCIENE AZEVEDO DIAS "nasceu em Feira de Santana (BA). Tem 60 anos. Sempre viveu cercada de bichos, plantas e árvores frutíferas, por isso sua paixão por viver em lugares onde a natureza é exuberante. Sua formação acadêmica se deu através do Magistério. É Pedagoga, Psicopedagoga e Especialista em Educação. Hoje aposentada, passa um bom tempo na sua vivenda, cuidando das plantas e escrevendo. Participou de grupos de contação de histórias, inclusive em feiras do livro, contando histórias. Escreve poesias desde adolescente. Também escreve contos e cordéis. Atualmente participa de antologias sobre variados temas. Publicou dois livros de história infantil, nos quais as protagonistas são suas gatas".
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FUTURISTA
Foi de lá que vim.
O infinito futuro me estende as mãos.
Um convite, venha!
Sem olhar o passado eliminado,
melhor resisto.
Livre de dores, dos horrores,
das crenças ou sagração, insisto.
Certos momentos,
caminho de costas,
olhando incrédula, assustada,
trazendo comigo só a luz
adquirida na caminhada.
No presente,
ainda em punho, a espada,
pelas lutas que vão e vêm,
sem me quedar vencida.
Mais refinada, eu sigo,
chegando perto do futuro
menos embrutecida,
primorosa.
No futuro, tudo se acerta.
Sem a morte,
sem ser carnal,
sem cortes.
Surfarei passado e presente,
encontrando o meu boreal.
Tranquila, livre de holofotes.
fotografia do arquivo pessoal de Maria Lucia Costa de Oliveira
MARIA LUCIA COSTA DE OLIVEIRA, "72 anos vividos na graça que se pode viver o negro. Viúva, mãe, avó e entusiasta da vida. Admiradora da arte, amante de todos aqueles que caminham ou caminharam comigo, vejo nesses e em mim a inspiração, acreditando sempre no amor. Como humana, piso a infelicidade, só me permitindo ser feliz. Em vigília constante, não permito ser abatida pela dor da imoralidade. Como membro fundadora do "Coletivo Cirandeiras da Escrita", apaixonada, cresço favorecida, me jogo em contos e versos. Num encontro com novos prazeres da alma, uma entrega. Essa sou eu: Maria Lucia Costa de Oliveira".
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NIC CARDEAL
FÊNIX
Uma vez a Poesia inventou Roseana,
desde então, o mundo brilha mais forte,
entre nuvens, quando chove,
se é dia e faz sol,
se é noite e as estrelas furam o céu à procura da lua.
Tudo bem, se as cores se apagam no nevoeiro da tarde,
ou se um arco-íris brinca de deslizar entre as montanhas,
melhor ainda quando um gato faz de conta que dorme
para disfarçar a preguiça,
ou quando o sabiá se surpreende no espelho, procurando seu ninho.
Uma vez a Poesia ensinou Roseana
sobre as palavras escondidas entre as pedras,
entre as estrelas e as galáxias,
no meio do nada, na beira da estrada,
no fundo do poço, na onda do mar,
entre suspiros de vento, no barulho das tempestades,
no vaivém dos raios salpicando horizontes distraídos.
Uma vez, no meio da rua,
de frente para a vida que ainda resistia,
entre um susto, três cães e humanos absurdos,
a Poesia, disfarçada de anjos,
embalou Roseana no amor que nunca termina,
pois ela sabia - a Poesia - que o mundo,
por todos os lados, andarilhos perdidos,
não podia ficar sem sua bússola,
indicando caminhos de outras esferas
- substância tão rara chamada palavra
na medida exata e na hora tão certa -
Nada nunca mais será como antes:
desta vez, a Poesia renasceu Roseana,
depois das peles rasgadas, dilaceradas,
seus jardins semeados da alma
florescendo nova Fênix forjada das cinzas!
*
YRIS (*), A MENSAGEIRA
Rente ao fino fio da eternidade
O anjo das "artes e ofícios" (**)
Soprou "a teia das águas" da vida
Em um imenso "fardo de carinho":
Avisem os homens, mulheres, crianças,
Nada de tristeza, Yris dará a volta por cima!
A "fábrica de poesia" não cessará seus "esboços"
de "arabescos no vento"!
Mirem-se no coração da 'poeta das ternuras',
Uma, duas, dez "lágrimas de chuva" e, logo depois, o
Retorno à esperança:"receitas de olhar" mais fundo,
Rumo a novos "rios de alegria", "suspiros de luz",
Afinal, "a casa de todos os ninhos" da nossa amada
Yris - 'a que leva mensagens pela palavra' -
seguirá "de malas abertas"
com seus "recados do corpo e da alma":
"Mesmo nos piores cenários
há que buscar beleza.
Esse é o nosso ofício.
E a Paz acima de tudo"!
(*) Yris: "significa "mensageira", "a que leva mensagens pela palavra, "a que anuncia", ou "arco-íris". Tem origem grega e surge a partir do verbo "eirein", que significa "dizer". Assim, segundo o filósofo Platão, significa "mensageira".
(**) Entre aspas: títulos de livros de Roseana Murray:
1) "Artes e Ofícios" (FTD, 2007);
2) "A Teia das Águas" (Instituto Coral Vivo, 2021);
3) "Fardo de Carinho" (Lê, 1986);
4) "Fábrica de Poesia" (Scipione, 2019);
5) "Esboços" (Residência no Ar Edições Digitais, 2024);
6) "Arabescos no Vento" (Rocco, 2009);
7) "Lágrimas de Chuva" (Compor, 2021);
8) "Receitas de olhar" (FTD, 1997);
9) "Rios de Alegria" (Moderna Literatura, 2005);
10) "Suspiros de Luz" (Escarlate, 2018);
11) "A Casa de todos os Ninhos" (Instituto Coral Vivo, 2023);
12) "De Malas Abertas" (Elo, 2022);
13) "Recados do Corpo e da Alma" (FTD, 2003);
14) "Mesmo nos piores cenários...": texto de Roseana Murray, em sua TL de 14.04.2024).
NIC CARDEAL, "catarinense radicada em Curitiba (PR), graduada em Direito, é autora dos livros "Sede de Céu – Poemas" (Penalux, 2019); "Costurando Ventanias – uns Contos e outras Crônicas" (Penalux, 2021); e "A Menina que queria entender das Águas" (infantojuvenil, Caravana, 2023). Já publicou textos em 50 antologias e coletâneas, no Brasil, na Alemanha e em Portugal. Faz parte do movimento Mulherio das Letras desde a sua criação, em 2017. Seus escritos estão compilados na página do Facebook, "Escrevo porque sou rascunho". Possui textos publicados em diversas revistas e blogs eletrônicos. Também publica, como autora e Editora Adjunta, na "Revista Ser MulherArte".
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NIMA SPIGOLON
RENASCIMENTO
renasce, Roseana
alma boa a sobrevoar -
livre-borboleta.
nos jardins da esperança,
asas leves da poesia.
fotografia do arquivo pessoal de Nima Spigolon
NIMA SPIGOLON, "desde antes, e sempre, é uma poeta-sonhadora, ativista e afins. Tem alguns livros publicados em vários gêneros literários: infantis, poesia, acadêmicos. É professora da Faculdade de Educação da UNICAMP".
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RAQUEL LOPES
CAMPO DE FLORES
Todas as coisas contribuem para moldar
e fortalecer seu caráter,
provar seus valores e acrescentar tesouros
em sua vida.
Uns melhoram na caminhada,
enquanto outros desistem
e perdem a visão do topo da montanha
e da bela paisagem que se forma,
clareando meu dia.
Santa renovação! Ao todo e completo.
Viver é um ato sustentável do meu amigo tempo,
e suas variantes brincam nas estações do momento.
Colho os frutos que minhas lágrimas regaram,
trazendo sempre um campo de flores ao regaço.
fotografia do arquivo pessoal de Raquel Lopes
RAQUEL LOPES "nasceu em 1987, na cidade de Jaboatão dos Guararapes (PE). É poeta, escritora. Publicou plaquetes independentes de poemas, além de "Quincas, o Gatinho do Relógio" (EHS Edições, 2021); e "Leveza do Efêmero" (Tomaiumpoema, 2023). Organizou as antologias poéticas "Que nem Jiló"; "Eles passaram, Eu Passarinho"; e "Ilha de Vera Cruz" (EHS Edições, 2021). Contribui com seus textos em antologias e revistas literárias do Brasil, Portugal e México".
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RILNETE MELO
ROSEANA MURRAY
És um anjo visível da literatura,
uma força grandiosa,
uma alma repleta
de ternura.
Cães vorazes
num ataque cruel,
roubaram-lhe parte,
mas nunca,
nunca o seu papel!
Um braço não define
a sua jornada,
nem limita sua mente
de poeta iluminada!
fotografia do arquivo pessoal de Rilnete Melo
RILNETE MELO "é maranhense, poeta, escritora, cordelista, colunista no blog Feminário Conexões, colaboradora da Revista The Bard, membro das academias ACILBRAS e ABMLP. Participou de várias antologias nacionais e internacionais, vencedora de seis concursos literários, autora do zine "Dez Contos Micros"; dos livros "Construindo Versos" e "O Máximo de Mim e outros Mínimos Poemas". Também é autora de cinco cordéis".
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RITA BRÊDA
UMA POETA GUERREIRA
O dia nasce e nos convida a acordar.
Acordar as coisas, as pessoas, os desejos, os ritmos e movimentos.
A poeta aceitou o convite.
E no caminho, feras, forças, lutas e resistência.
Resistir foi a arma da poeta que, ao invés da caneta, dos teclados, ela acordou a força e o desejo de continuar sendo.
Sendo linda, sendo exemplo, sendo forte e determinada.
Que tenhamos mais poetas para sobreviver ao caos, às intempéries e plantar esperança.
Viva Roseana Murray que vive e esbanja sabedoria e afetos.
fotografia do arquivo pessoal de Rita Brêda
RITA DE CASSIA BRÊDA MASCARENHAS LIMA "é Doutora em Educação, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA); Professora Titular A, pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS/BA); Pró-Reitora de Extensão da UEFS. Coordenadora do Projeto de Extensão Leitura Itinerante - uma alternativa de mobilização de leitores. Coordenadora do Festival Literário e Cultural de Feira de Santana (FLIFS)".
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ROSE ARAUJO
DOCEANA
Esfacelaram sua pele
não os seus versos
De alma e em corpo
segues esfera
segues entrega
segues espera
em compasso de poesia
*
UM BRINDE
à vida
transbordante em ti
A ti
em versos controversos
dialética esperança
Em ti
rosa flor broto semente
abrigo e força
pujança
Por ti
por nós
pelo dom de poemar
fotografia do arquivo pessoal de Rose Araujo
ROSE ARAUJO, "paranaense de Londrina (PR), radicada no Rio de Janeiro, atualmente residindo em Niterói (RJ). Idealizadora do "Espaço das Artes CasAmarElinha", coordena o canal "Passarela da Poesia", com lives e postagens de poetas. Designer gráfico, capista, fotógrafa, produtora, apresentadora e agitadora cultural. Lançou o livro "Quando Vida Poesia" em 2022, e prepara o segundo livro para este ano".
ROZANA GASTALDI COMINAL
BANDEIRA BRANCA
V de vingança
animais em cólera
sem guia doméstica o cão
no desmando o demente sanguinário
no chão a poeta arrastada, mutilada
V de vitória
equipes em cirurgia
mãos e mentes guiadas pela ciência e oração
percepção aflorada - indomável
a poeta sorri e escreve - paz
fotografia do arquivo pessoal de Rozana Gastaldi Cominal
ROZANA GASTALDI COMINAL, "poeta, escritora, revisora e professora. Mora em Hortolândia (SP). Acredita na força dos coletivos e com eles faz voz. Organizadora da coletânea "Cotidiano, Poesia, Resistência" (2021). Autora de "Mulheres que voam" (Scenarium, 2022); "Flecha lançada entre Sobressaltos" (Scenarium, 2024). Textos em verso e prosa espalhados em antologias, revistas literárias e redes sociais".
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SILVANA LOURENÇA DE MENESES
uma mulher não se rende
uma poeta não se dilacera
mesmo com a mordida enviesada da palavra
a coragem se fortalece
e a voz do poema voa
para o resto da vida
mesmo na boca do abismo.
fotografia do arquivo pessoal de Silvana Lourença de Meneses
SILVANA LOURENÇA DE MENESES. "Sou Silvana Lourença de Meneses, natural de Caxias (MA), professora de Química na Universidade Estadual do Maranhão, membro da Academia Caxiense de Letras e da AJEB - Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil, com 08 livros de poesia publicados".
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SILVANA MARCIA SCHILIVE
UMA ASA
A palavra
É sua casa
Sem o braço
Ganhou uma asa
Agora
Seus versos voam alto,
Cada palavra um salto,
Seu coração vibra em poesia,
Sintonia que renasce
Das próprias fontes.
Novo horizonte explora,
A asa a liberta
Num céu da criatividade,
Sua alma dança e voa.
Em cada verso, um milagre,
Sua dor torna-se coragem
Assim, o mundo conheceu
A força de uma poeta
Com uma asa
Que ela mesma teceu,
Depois que o pesadelo venceu
A
Sua
Asa
Coragem
fotografia do arquivo pessoal de Silvana Marcia Schilive
SILVANA MARCIA SCHILIVE. "Professora, poeta, contadora de histórias, uma de cada vez, às vezes todas ao mesmo tempo, passeia por aí, nos alpes da vida. Nasceu numa cidadezinha qualquer, e continua como Deus quer! Já conta meio século juntando letrinhas para formar palavras. Às vezes junta estrelas para formar desenhos, ou junta alunos para dar aulas arrepiantes lá na cidade de Nova Laranjeiras, no interior do interior do Paraná. E por aí vai, num dia de cada vez, num pé depois do outro".
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SONIA NABARRETE
INVENTÁRIO
Perdeu um braço,
uma orelha
e quase a vida
em um ataque feroz
Mas não perdeu
a ternura
nem a voz
Continuou a
produzir poesia,
despertando
o que há de
melhor em nós
*
TORCIDA
Com mais de
Cem livros
Publicados
Ela nunca
Se deslumbrou
Com a fama
Queria apenas
Que lessem
Seus poemas
Mas diante
Do súbito drama
Teve a alma
Aquecida por
Muita gente
Na torcida pela
Sua vida
Parecia até final
De campeonato
Essa luta do bem
Contra o mal
Força, Roseana,
A gente te ama
Ela ouviu e
Venceu ao final
SONIA NABARRETE "é autora da novela "Eretos"; dos romances "Abusada" e "Farofa High Tech com Pimenta"; dos livros de contos "Enquanto a Gente estava entre Parênteses..., o Mundo parou, mas a Gente não desceu"; e "Contos Safadinhos"; e do livro de poesias "Amor em Qualquer Tempo". Sua escrita é marcada pelo erotismo, sob um ponto de vista feminino e feminista, com toques de humor e crítica social".
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SUSAN BLUM
RECEITA DE ADORMECER A DOR
OU
RECEITA DE ACORDAR A POESIA (*)
Rasgo. Cada grão de areia que escorre no tempo me leva a imaginar o antes e o depois. As ampolas do passado e do futuro. Por ali a dor passa e o perdão nasce, em uma receita de olhar para tudo e todos. Uma pequena chave que abre os labirintos da incerteza, do medo e da dúvida. Abrindo o coração para a reconstrução.
Ontem. Mistérios e silêncios que se equilibram na borda de um poema, buscando amores nas dores, abrindo janelas. Tem muita vida pelo caminho, passos incertos de seus sonhos. Tem muita escrita de carinho, remendada, costurada, bisonhos.
Semente. A dança ciranda no tempo de andar para trás, porta da roda da vida e da morte, redemoinho de água no meio do vento. Vento que apaga os trilhos do trem, que ilumina novos caminhos, passarinhos.
Encanto. As estrelas do futuro azul descobrem pétalas e espinhos, nuvens densas que assopram esperanças na alma, germinando sereias, crianças e anõezinhos. Acordando palavras que descansavam no fundo do casulo da mariposa.
Acorda. No mundo encantado de Roseana, com firmamentos e labirintos, a criança se descobre no espelho azul, dourado e vermelho. Todos convivem na cabana da criatividade, no temporal da ilha da Verdade.
Nome. Um pedaço de sol pinta amarelo no labirinto do céu, as três Marias cantam e dançam em roda, mostrando o perdão que apenas, a penas, quer escrever, pintar, desenhar e sorrir. Sua alma sabe encantar.
Assumir. Carregar nas mãos a montanha e o mar, ser barco sendo levado, mas também arrumar as pedras para não afundar. Ou brincar de equilibrar as pedras em uma arquitetura artística.
Morte. Tempestade e silêncio. Matar sentimentos ruins, deixar morrer a dor. Inventar presentes da vida, com braçadas de flores e pássaros loucos que desamarram os nós. Coisas inúteis que não servem para a poesia cheia de vida e luz.
Ultimato. Arrumar todas as gavetas internas, tirando o pólen guardado, usando as raízes como sinos de cores, criando possibilidades de surpresas do destino, amizades novas, novos passeios.
Receitas. Triturar, misturar, separar, cozinhar, preparar, macerar, bater, colocar no forno, trocar, inventar, escrever, pensar, descansar, dançar, sorrir, crescer, adicionar, espalhar, descansar... viver.
Receber. Navegar nos mistérios dos gatos, fazer um interminável bordado de palavras pequenas que cobrem todo o livro da vida. Com linhas, agulhas, bordando as neblinas com ajuda do vento. Tocar o outro.
Adivinhar. O que a floresta do futuro reserva em cada semente, um fogo que levanta a poeira mágica da amizade, encontrando unicórnios que pousam na menina dos olhos do fio do horizonte, espantando a tristeza para o lado oculto da Lua.
Yahoo! Venceu! O olhar em um longo e apertado abraço, derrama as notas musicais na imensa caravela, que agora flutua na paz azul do olhar da poeta.
(*) Poema inspirado principalmente no livro "Receitas de olhar", de Roseana Murray.
SUSAN BLUM "(Curitiba, 1963). É autora dos livros "Novelos Nada Exemplares" (contos, Amplexo, 2010); "Segundos em Pó" (contos, Donizela, 2023); e "Iara" (infantil, Medusa, 2023). Participante das coletâneas de contos "Então, é Isso?" (escritores paranaenses, 2012); do Coletivo Marianas "Tuíra" (2020); "Quam Sacer Cruor" (2021); "Um Frasco de Vida" (2021); "Nove Meandros" (2023); e "FOLIMPA" (2023). Também está na antologia "48 Contistas Paranaenses" (Biblioteca Pública do Paraná, 2014). Formada em Psicologia (PUC/PR), e em Letras, (UFPR). Mestre em Estudos Literários (UFPR), 2004. Tem o blog www.novelosnadaexemplares.blogspot.com".
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TATIANA FERNANDES
ENCANTAMENTO
Te conheci
nestes dias
também me recuperando
de uma violência
que sofri
um atropelamento
naquele momento
parei
ao te ver
diante da atrocidade
tua delicadeza
tua teimosia
pela vida
como as crianças
encontrando novos caminhos
te admirando
vibrando por ti
a cada passo
a cada palavra
TATIANA FERNANDES "nasceu em 1977, mora em Santo André (SP), é formada em Psicologia pela UMC, e pós-graduada em Saúde Mental pela FMABC. Participou da Exposição "Achados e Perdidos", da Editora Alpharrabio. Tem poemas publicados no jornal de literatura "O Casulo", e nas antologias "Poemas para ler nas Ocupa" e "Zona Autônoma" (Editora Estranhos Atratores); e "Pássaro do Trovão – Antologia Internacional em Solidariedade à Causa Palestina" (Editora Letras Proletárias). Juntamente com Hélio Neri, edita o selo editorial "Ave de Rapina", onde publicou as plaquetes "Águas Profundas" (2016); "Correntezas" (2018); "Legado das Deusas" (2019); e "Sistema Altamente Resistente" (2022)".
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THAÍS SPLEEN
A POESIA DELA
É clareira,
é palavra certeira,
abracadabra e maneira,
é poesia verdadeira
e é dela... (guerreira!)
*
DE QUEM?
De quem é
o verso que abre
a janela para que
entre o sonho bom?
É de quem o poema
que varre o pesadelo
para que o testemunho
seja do bom e do alento?
É de Roseana o tom
e o zelo do encantamento.
fotografia do arquivo pessoal de Thaís Spleen
THAÍS SPLEEN (Thaís V. Manfrini) "é de Florianópolis (SC) e se denomina uma devaneante entre o amargo e o encanto. É sagitariana e tem 31 primaveras".
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VANESSA GUARANI RATTON
Roseana é seu nome.
O nome tem força.
Significa aos persas: brilhante
E aos árabes: aurora.
Aqui se tornou Esperança.
Nunca vi tamanha força.
A poeta que enfrentou Cérbero.
Murray é seu sobrenome.
Uniu todos nós em versos-rezas:
Recupere-se, poeta!
Refaz o seu verso: "tristeza vira alegria, dor e poesia" Amor nos embala pela
Y (*), de lágrimas ao rio da esperança.
(*) Y em guarani: "água".
fotografia do arquivo pessoal de Vanessa Guarani Ratton
VANESSA GUARANI RATTON "é jornalista, poeta, educadora e escritora infantil e juvenil. Diretora da União Brasileira de Escritores (UBE). Articuladora do movimento nacional Mulherio das Letras e uma das coordenadoras nacional do Mulherio das Letras Indígenas".
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Edição
Supervisão
Seja bem-vinda à Revista Ser MulherArte, Roseana. Celebrar a poesia com você e tantas poetas queridas, é para nós uma honra. Nós admiramos muito sua poesia e sua força de vida. Parabéns e obrigada, em nome de todas as poetas e leitores aqui presente! 🦋
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