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Mostrando postagens de agosto, 2024

Minha Lavra do teu Livro 17 | "MAR FECHADO MAR ABERTO", de ANGELA ZANIRATO e IVY MENON, por Nic Cardeal

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Minha Lavra do teu Livro 17 - resenhas afetivas - "MAR FECHADO  MAR ABERTO" O AMOR À DERIVA  NO VÁCUO DA PALAVRA "Quem és tu que me lês? És o meu segredo  ou sou eu o teu segredo?"  (Clarice Lispector, in: "Um sopro de vida") MAR FECHADO MAR ABERTO  (Rizoma Projetos Editoriais,  2023) é um romance   escrito por  ANGELA   ZANIRATO  e  IVY MENON , que se constrói  através da troca de cartas entre as personagens do livro, Sofia e Helena - duas amigas  mergulhadas na saudade e dor da separação, depois da violência sexual sofrida por uma na infância, e que se repete na vida adulta daquela que fora testemunha ocular do estupro da primeira - acontecimentos que deixaram em ambas cicatrizes emocionais profundas. O livro começa com uma carta escrita por Helena a Sofia e, creio que, não por acaso, o primeiro capítulo leva o nome de "Tsunami" (no turbilhão emocional diante da separação das duas):  "Sofia, Hoje faz exatamente cem dias que você se foi. A

Para não dizer que não falei dos cravos 12 | UM CONTO DE DIAS CAMPOS

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  Para não dizer que não falei dos cravos (12) Um conto de Dias Campos: "A PAIXÃO DE  LEONARDO"   Eu e Leonardo crescemos no mesmo bairro, na pacata Santa Clara do Cerro Azul, uma cidadezinha achada à lupa, no interior de Minas Gerais. Era uma época boa, em que as crianças brincavam despreocupadas na rua, empinavam pipa sem a maldade do cerol, e chupavam cana recém-descascada. E porque estudássemos na mesma (e única) escola, eu o esperava passar por minha casa para irmos juntos conversando sobre os assuntos mais importantes do dia anterior – geralmente, o estimulante comprimento da saia da nossa bela professorinha. Mas se éramos como irmãos, fosse na aparência, fosse nas estripulias, nossos gostos eram bem diferentes. Enquanto eu adorava uma boa moda de viola, Léo ficava deslumbrado quando, passando em frente à bodega do seu Carlos, conseguia ouvir um rouco solo de piano, que saía do seu rádio caixa de madeira. Eu não conseguia entender como alguém da nossa idade, q

SEIS POEMAS INCRÍVEIS DE CÁTIA CASTILHO SIMON | PROJETO 8M

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  fotografia do arquivo pessoal da autora  8M (*) Mulheres não apenas em março.  Mulheres em janeiro, fevereiro, maio. Mulheres a rodo, sem rodeios nem receios. Mulheres quem somos, quem queremos. Mulheres que adoramos. Mulheres de luta, de luto, de foto, de fato. Mulheres reais, fantasias, eróticas, utópicas. Mulheres de verdade, identidade, realidade. "Dias mulheres virão",  mulheres verão, pra crer, pra valer! (Nic Cardeal) Mergulhe nos poemas incríveis de CÁTIA CASTILHO SIMON , do livro NÃO HÁ OÁSIS NO DESERTO : capa do livro Não há oásis no deserto   AS CINCO MARIAS EM TRÊS ATOS I as cinco marias era uma vez  a primeira ninguém lembrava  a segunda jogada para baixo  a terceira alçara voo a quarta cruzara as pernas e a quinta de novo seria a primeira  II as cinco marias não foram felizes para sempre  primeiro passava uma depois passavam duas para passarem três  tinha que ter muita destreza  mas quatro e cinco  eram agulhas no palheiro III as cinco perdidas marias esquecid

CINCO POEMAS DE ANA MARIA OLIVEIRA

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  fotografia da autora por José Lorvão AUSÊNCIA Borbulham portais de luz e movimento Na casa que foi lar na eternidade das galáxias Sons que sustentam um passado Vibrações que fixam à terra o abraço das árvores Colhendo os figos de mel sem contratempo Agora transponho a sombra e o pó O chão levantado as paredes esburacadas ruidosas Enferrujada e decrépita canalização Obras adiadas e dolorosas Um quintal feito de entulho Como um quadro pintado  Anunciador da morte e destruição Saio e acelero pelas ruas estreitas De um bairro em que habitam fantasmas Outrora feito de brincadeiras e entusiasmos Na subida às oliveiras generosas Crianças dançando sob os ramos admirando sustentações Na gritaria agitada num salpico de ilusões Hoje o tempo é impiedoso na prisão em forma de furna E num ápice entre inspirar e expirar Os órgãos cansados anseiam fechar-se sobre si mesmos Comunicam os espectros na vertigem pelo cosmos Mas assola-me sem controlo uma crise de choro e pesar Enquanto as cinzas permanec