DIANA PILATTI EM SEIS POEMAS
fotografia do arquivo pessoal da autora
Seis Poemas de
DIANA PILATTI
DA CONSCIÊNCIA
I
nunca estou
além da fronteira e aqui
mente verso
além da fronteira e aqui
mente verso
anáfora – sou o lá
na cantiga ausente
quem sabe ali
quântica outra
me falto
sou o lapso
a fuga
talvez aí
descoordenada
fora do compasso
o mesmo traço
nômade de si
II
uma mulher sem nome
caminha avulsa
na retina das horas
luna cíclica
no ventre templo
no rosto partida
em suas mãos finas o silêncio
tece outra mulher sem nome
imagem do Pinterest
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ECOS
por um segundo
uma lágrima
é eternidade
imagem do Pinterest
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ARTIFÍCIOS DO SILÊNCIO
Ontem você me disse que os fogos não fazem mais barulho.
Como isso é possível?
Luzir tão intensamente vestindo só o silêncio?
Como é possível iluminar todos os horizontes,
ser noite faiscante,
sem alardear entre as nuvens?
Como é possível iluminar todos os horizontes,
ser noite faiscante,
sem alardear entre as nuvens?
Ontem você me disse
que os fogos
não fazem mais barulho.
Como poderia?
Subir ao céu,
alçar voo
prateando o manto retinto
sem retumbar pelas frestas do infinito?
Ontem
você disse
os fogos
não fazem barulho…
Qual ladainha, então
cantaria o velho mandarim
ao ver tão caladas estrelas fátuas
como lágrimas cadentes na face do tempo-despedida?
Ontem
você disse.
E o céu já não é o mesmo…
Então ficaremos a sós
eu você e a distância
versos silentes
na cintilância da palavra nestes olhos de constelações fugazes…
Na quietude da noite o coração corisca.
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PEQUENO POEMA SOBRE O VERBO QUE DORME
entre os retalhos da infância
o verbo dorme
sereno
como as manhãs de feriado
glauco
lúmino
como um sorriso nas fagulhas do dia
no verbo que dorme
inexisto
movimento mudo
entre as coxas deste poema
finito
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LADRA
roubei uma poesia
indefinida
molusca
pulsante
tua
seguias aflita
concentrada
no cúmulo da câmara
no juiz cristão xiita
na negra lésbica silenciada
no pentecoste escolar
na professora caída
na bala suposta-mente-perdida
no milico milício
no exemplo do Chile
no leite envenenado
no sorriso do teu filho
eu
onde todas as coisas são nada
e tudo
onde o fim dorme
e a semente reinicia
sorrateira
sim
te assumo meu crime
tenho fome
tenho sede
estou viva
elidida
roubei uma poesia
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SEU NOME
está nos meus sonhos
na lentidão dos meus enigmas
na rima translúcida
nas minhas masmorras
surge
labirinto-poético
cortina vermelha na minha anarquia
na poesia saliva-
seu nome tinto
perdido
na minha boca
rutila
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fotografia do arquivo pessoal da autora
DIANA PILATTI é natural de Foz do Iguaçu/PR, reside em Campo Grande/MS. É graduada em Letras pela UCDB, e mestre em Estudos de Linguagens pela UFMS. É professora da rede estadual de MS desde 2007. Integra o coletivo literário independente 'Tarja Preta' e o movimento 'Mulherio das Letras'. É membro da UBE-MS e da 'Academia Internacional Poetrix - AIP'. Possui poemas publicados em antologias e revistas. Seus textos estão no blog 'Pré-Livre' (dianapilatti.blogspot.com.br) e nas redes sociais (@dianapilatti). É uma das organizadoras da 'Mostra Poetrix' desde 2020. Publicou poemas em diversas coletâneas e revistas literárias. Divulga poesia em sua página pessoal dianapilatti.com e nas redes sociais @dianapilatti.
Livros publicados: Palavras avulsas (poesia, volume 7 da 'I Coleção de Livros de Bolsa do Mulherio das Letras', Belo Horizonte/MG: Venas Abiertas/2019); Palavras póstumas (poesia, volume 5 da 'II Coleção de Livros de Bolsa do Mulherio das Letras', Belo Horizonte/MG: Venas Abiertas/2020); Palavras diáfanas (poesia, São Paulo/SP: Patuá/2021); Haicais e outros poemínimos (Belo Horizonte/MG: Venas Abiertas, 2022); e Pequenas Sinestesias (Belo Horizonte/MG: Venas Abiertas, 2023).
Participação em antologias e coletâneas: Mulherio das Letras Portugal - Poesia (org. Adriana Mayrinck, Lisboa-PT: In-finita/2020); A vida em poesia (poesia, org. Lura Editorial/2021); Quatro estações - haicai/haikai/haicu (volume 4 - org. Carla Ivana, 2021); entre outros.
Muito bom estar por aqui! Espero que apreciem a leitura.
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