Marli Boldori: Papai Noel existe (Conto)

Imagem gerada pela IA do Bing

A pequena menina, estava cansada, mas precisava chegar a tempo para entregar as bolachas que a mãe fazia, ela ajudava como podia, para que a mãe pudesse ganhar mais para conseguir pagar as contas. Ela tinha apenas 8 aninhos, era mirradinha, talvez por deficiência na alimentação, pois sempre viveu com dificuldades junto com seus dois irmãos, mais novos.

O pai estava acamado fazia muito tempo, sofrera um acidente, e como aconteceu fora do trabalho, não teve direito a receber nada, além do devido. A mãe trabalhava limpando as casas, porém após o acidente, precisou ficar em casa para cuidar do pai. Então começou a fazer bolachas para vender, tinha uma boa freguesia, ela era boa com as massas. Ana, a menina, ajudava a entregar as encomendas, o que fazia sempre após as aulas. Às vezes, Aninha mal tinha tempo de comer direito, pois sua mãe, já estava com os pacotes prontos para a entrega, e ela tinha que se agilizar para que tudo fosse entregue antes da noite cair. Era época de Natal, e a freguesia aumentava, o que era bom, mas ela sozinha quase não dava conta de tanto andar. Pensava que se tivesse uma bicicleta poderia fazer tudo com mais rapidez, tinha o sonho de trabalhar sem parar e comprar uma bicicleta para facilitar as entregas, enquanto o sonho não se tornava realidade, tinha que gastar a sola do sapato.

No final da tarde, cansada e com fome, resolveu tomar um pouco de água na igreja, pois conhecia muito bem o padre da paróquia. Entrou e foi direto à sacristia, tomou água, e ainda comeu uns biscoitos que estavam à disposição, não havia ninguém, o silêncio era confortador.

Ana, resolveu sentar em uma poltrona, na sacristia, para descansar um pouquinho, seria por alguns minutos, pois sabia que sua mãe estaria preocupada, caso ela não chegasse no horário de costume. A menina, sem querer pegou no sono, foi um sono profundo e muito bom. Sonhou que seu pai, por milagre da medicina estava curado, e que uma bela e forte bicicleta a aguardava, era reforçada e com bagageiro, própria para carregar pacotes, sua mãe tinha uma ajudante, pois o comércio das bolachas aumentara, em seu sonho até o Papai Noel, apareceu e lhe disse:

-Ana, acorde! Sua mãe a espera, já é tarde, volte para casa!

Ela teve um sobressalto e acordou assustada. Nossa, dormi demais, já está ficando escuro, mamãe deve estar doida atrás de mim. Que horas devem ser?

De repente, ela ouve um barulho, era o padre chegando de uma visita aos doentes, e ficou surpreso com a presença da menina, ali.

-Ana, o que faz aqui, aconteceu alguma coisa com seu pai?

Rapidamente, e muito nervosa ela contou o que houve.

O padre disse que iria acompanhá-la até em casa, pois estava ficando muito escuro.

Durante o trajeto contou ao bom vigário o sonho que teve, enquanto dormia. E ainda riu, dizendo:

-E nem acredito em Papai Noel.

O padre, olhou para a menina e disse:

-Sabe, Ana, às vezes, não acreditamos em muita coisa que está ao nosso redor. E seguiram, cada um com seus pensamentos.

Ao avistarem a casa, de longe perceberam muita luz, coisa que não acontecia, porque cuidavam muito, pois tinham que economizar, a mãe foi ao encontro deles sorrindo, fato que nunca acontecia, pois ela nem tinha tempo para sorrir.

Surpresa, Ana pergunta.

- O que houve, mãe, você está alegre, e a casa parece em festas?

-Ana, aconteceu um milagre, uma equipe médica de uma clínica doou a seu pai, um tratamento novo, que com certeza, vai devolver a mobilidade das pernas dele, e tem mais um senhor de barbas brancas, entregou uma bicicleta especial para seu tamanho e idade, com dois cestos acoplados para colocar os pacotes de bolachas, disse que foi seu pedido.

E, mais a vizinha cedeu a filha para me ajudar na produção de bolachas, e o pagamento que pediu foi: aprender a fazer bolachas.

Todo o sonho de Ana, havia tornado realidade.

Atônita, Ana não conseguia falar, olhou para o padre e disse:

-Eu não acreditava em Papai Noel

Marli Boldori



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