Para não dizer que não falei dos cravos 04 | Oito Poemas de LUÍS AUGUSTO CASSAS
Para não dizer que não falei dos cravos (04) Oito poemas de LUÍS AUGUSTO CASSAS, em: "PARALELO 17" O MESTRE DO NÃO FAZER (p. 19) jamais construí caminhos filosóficos jardins de pedra casas de tijolos amarelos institutos de sabedoria nuvens descalças nem adestrei pumas para reverenciar cerejeiras mas o vento em sua dança de sopro e arrebentação lançou palavras e fragmentos de letras que arrumei nas páginas em branco com a ajuda das varetas de caule de milefólio de I Ching concluído estava o não trabalho e falaram as estações: não tema ficar só e retirar-se do mundo e quanto eu menos fazia mais o vento soprava e os poemas se desenhavam -*- VARIAÇÕES 33 (pp. 29-30) A vida inteira fui feliz secretamente feliz sem que traísse o segredo aos que me proclamavam incapaz para a proeza A felicidade foi um barco que naveguei calado descrente de bússolas e cartas de bordo confiante nas estrelas e nos sinais das gaivotas As variações 33 do demasiado humano riscaram a carne da água