Um conto de Mônica Prata | Os Olhos Bentos de Bárbara
Imagem de José Eduardo Camargo por Pixabay. Um conto de Mônica Prata Os Olhos Bentos de Bárbara A lida no cafezal começava todos os dias antes do alvorecer. Lá pelas dez, a moça ajuntava o embornal com as matulas dos capiaus, descia o monte, cruzava a pinguela, seguia por algumas léguas no trieiro que margeava o pasto até alcançar a plantação na encosta do morro do Lontra. Próximo à sombra do mangueiral, dava pra ouvir o falatório e os pigarros esparsos, na temperança da fome arcaica. - Aleluia D. Bárbra qui hoje tamo é varado di fome! - Larga di bobiça Nhô Dito, e vein ajudá na repartição dessa treinheira toda. - Uai, quedê o Mané? Já picô a mula? - Fazi é tempo. Foi lá pras banda do Rio Timbaúbas mode ajeitá uns estribu pro patrão. - Deixá pra lá! Mió assim! Manuel dos Anzóis Pereira Alves di Oliveira era casado de pouco com Bárbara dos Anjos Estival que nessa ocasião estava grávida de sete meses de Domingas Aparecida, a primogênita de uma sequência de nove filhos do