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A POESIA SURPREENDENTE DE MARIA ALICE BRAGANÇA | PROJETO 8M

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fotografia do arquivo pessoal da autora   8M (*) Mulheres não apenas em março.  Mulheres em janeiro, fevereiro, maio. Mulheres a rodo, sem rodeios nem receios. Mulheres quem somos, quem queremos. Mulheres que adoramos. Mulheres de luta, de luto, de foto, de fato. Mulheres reais, fantasias, eróticas, utópicas. Mulheres de verdade, identidade, realidade. Dias mulheres virão,  mulheres verão, pra crer, pra valer! (Nic Cardeal) Viaje na palavra surpreendente da grande poeta MARIA ALICE BRAGANÇA OS CAMINHOS AINDA NOS TÊM Os caminhos nos têm. É distante a terra que poderá receber nossos sonhos. As estradas retêm as sombras. Estamos sós. Os caminhos têm cansados os corpos. A noite é povoada de sono, cansaço e buscas. Náufragos de antigas rotas embriagados de esperas seguimos. Homens/estradas confundem-se em nossas retinas. Final de cada dia. Partiremos, mal chegada a manhã, em busca de novo sol, solo de outro chão, raízes, pó. Nosso lugar neste espaço para despir o tempo nas rotas vestes. (*

Cinco poemas de Maria Alice Bragança - Beleza e força poética

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Óleo sobre tela de Luciane Valença SÓTÃO Poderia assobiar sempre que passasses. Não sei. Não aprendi. Estão cerzidos, na barra da minha saia, os temores de minhas bisavós. Queria sussurrar-te muitas noites de amor. Não posso. Vela minha voz o silêncio da espera na sacada noturna de meus príncipes. Guarda este baú, vazio, de enxoval, a menina que repete em seus passos o andar eterno de todas as mulheres. Aquarela e nanquim sobre papel de Luciane Valença CORRE UM COELHO BRANCO COM UM RELÓGIO É preciso dizer que não se tem tempo. Não há tempo para viver, para respirar. Corre um coelho branco com um relógio. Atrasado. Atrasado. Sempre atrasado... É preciso ser ativo, produtivo. O tempo dos relógios está sempre a passar. É preciso dizer que não se tem tempo. Ou ninguém vai lhe levar a sério. O tempo é mistério. O tempo não tem dono. Um relógio atrasado marca apenas o sono. Nunca o sonho. É preciso dizer ocupado, oc