NAS MARGENS DO SILÊNCIO | UM CONTO DE MARIA FRATERNA
fotografia do arquivo pessoal da autora UM CONTO DE MARIA FRATERNA "NAS MARGENS DO SILÊNCIO" Há que continuar, não faltará muito para chegar ao refúgio de Blandina, escondida da desumanização que fustiga o mundo. Aconchegada numa gruta, da branda da serra mais alta, ela apanha bocados de sol dourados e de céu de anil, para ao sono sonhar. Nestas margens do silêncio ela procura proteção contra a procissão dos fazedores de tudo e de nada, nos corredores esguios, sem rigor ou conhecimento. Agora o seu impacto é, junto deste nevão que, lentamente, fustiga sem dor ou piedade, a pressão e os traumas de uma parcela plana de pasto para o gado. Talvez eu mereça um lugar debaixo deste nevão que não pára de cair, e até consiga limpar algumas vísceras da podridão humana que me devoram. Raul procurava-a para lá se refugiar! Era este o seu pensamento, à semelhança do corvo que procura o brilho na Terra, ele queria tudo, até o lume das últimas folhas de samambaias cheias de espo