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PONTE-AR: literatura preta em dia(logo) | Apneia - Catita

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  Coluna 03 Apneia Há muitos anos, fiz uma Oficina de Crônicas com Antônio Prata. Estávamos empolgadas com a oportunidade em um evento de um outro colégio, eu e uma colega de trabalho que se tornou grande amiga, dessas de verdade, que discordam, são parceiras, se afastam, se respeitam e se amam. É curioso voltar a ser aluna, mesmo que por algumas horas: a gente incorpora o personagem e apimenta com o olhar crítico, quase ácido da profissão. Tudo corria desafiadoramente bem, até que no momento de comentar os exercícios propostos, afinal era realmente uma oficina, Antônio me disse que eu escrevia bem, no entanto tinha material para umas vinte crônicas em um só parágrafo! Nem dava para respirar! Eu quero muito melhorar isso, Antônio. Mas continuo falhando.  “Ponha o foco em um”. Um ano do primeiro caso de Covid19 registrado no Brasil, 26 de fevereiro de 2021. Tanto já foi dito, desdito e revisto sobre essa doença, o coronavírus e a pandemia que, como diz o nome, tomou conta do globo te

Para colocar poesia no seu fim de ano | Crônica de Adriana Aneli

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  Terminamos. Passamos pelas dores e pelos estímulos, doses da mesmíssima frequência e proporção. 2020 se vai ao longe. Prolongamos nossa ansiedade por dias e dias, à sombra dos que tombaram. Seguimos em frente, nos despojando aos poucos  de sonhos descômodos nesta caminhada. Entre o trabalho incessante e a pouca poesia da vida encarcerada, assistimos da janela aos que passam como se nada fosse – seus risos desafiadores da vida urgente, sobre nossos atônitos cuidados. À distância,  tudo empalidece; perde-se a memória dos deslocamentos. O som de coisas reais se transmuta em notícia de rádio, documentário sobre placebos, as mutações, as vacinas. Chegamos ao final, comemorando conquistas alheias. Ano de desapego e impaciência. Ano de calar e esperar; reorganizar, reaproveitar, enxergar na repetição o movimento sutil da natureza: meus cabelos brancos, os brotos nas plantas, as flores renovadas. 2020 não foi ano perdido: revelou-se, em memes exaustivos, nossa pequenez diante de

Poesia de sobrevivência - Publicação coletiva

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Lílian Goulart Sobre as dores e alguma esperança dos nossos dias TÃO BREVE STAR quando eu partir, penso que será nessa ocasião o dia de entregar o relatório. nada comparado a qualquer método até aqui por mim conhecido. imagino que será algo mágico, telepático, osmótico, instantâneo. agora, da maneira como eu poderia fazê-lo, seria mais demorado e poético. emociono-me de tal forma inexplicável com o fato de eu estar viva. não me recordo sequer quando foi dado este sim para a minha existência. mas uma das coisas que tenho pra mim é que não suporto isto, de verdade. não fui capacitada para aguentar tanta maldade com os seres orgânicos e inorgânicos desta esfera imensa, linda, misteriosa. não vim armada para não me identificar com tantas experiências de horror e holocausto. talvez do outro lado eu já soubesse do quanto os danos sofridos há milhares de anos por este sistema planetário prejudicaram a raça humana, mas eu não tinha ideia de que o meu equipamento pessoal não agu