Uma excelente crônica de Wanda LL Cozzi
ilustração: escultura de Leninha Latalisa O homem por Wanda LL Cozzi Só muitos e muitos anos depois, décadas talvez, pude compreender a risaiada de todos, seguida de um certo desconforto e o olhar de repreensão do nosso irmão mais velho, Dinho, naquela tarde quente em que tomávamos sorvetes e chupávamos picolés em sua sorveteria em Abaeté. O meu picolé e o da Fizinha com certeza eram de queimadinho com coco acima da metade que o Dinho, carinhosamente, fazia e deixava separado pra gente. Coitado do Dinho, a sorveteria dele não poderia mesmo ter durado muito tempo. Imaginem que éramos doze irmãos a tomar sorvetes e a chupar picolés de graça. E o pior: a levar uma quantidade enorme de amigos para fazer o mesmo. Acho que eu devia ter em torno de dez, onze anos nessa época e naquela tarde minha irmã Lourdinha chegou na sorveteria com duas revistas de fotonovela - Capricho e Ilusão - e começou a ler o horóscopo de um por um. A gente vivia às voltas com fotonovelas e hor