Para não dizer que não falei dos cravos | Cinco poemas de Wanderley Montanholi
Coluna 11 Cinco poemas de Wanderley Montanholi Depois de toda a verdade que restava De todos os enganos nas estradas sem retorno De toda chuva que escorreu pelos vidros das janelas empoeiradas das tuas coxas De todas as pontes elevadas impedindo a passagem Depois de tudo Depois do mundo Depois do fundo Depois do teu cheiro na varanda do meu peito Do teu jeito na bola de cristal Que brilha na mesa da sala Das lições que ninguém ensinou Depois de toda a música do piano Que continuava a tocar De todas as fotos queimadas no barro Depois de tudo Depois do mundo Depois do fundo Havia o ar Armar * Uma mosca passou rente ao teto Com os olhos vidrados numa mancha escura Pequena e frágil Como o bater das minhas asas Era vigente entender O que havia de tão intenso Na mancha escura do teto Na mancha escura do osso Na mancha escura do coração O que atraía as moscas pra dentro? Era um complexo de café e avelã, Um cheiro de carne exposta ao ar Ou era a escuridão Que tentava dominar o coração? Alexa