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A POESIA DE ROSANA CHRISPIM | Projeto 8M

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(fotografia do arquivo pessoal da autora ) 8M Mulheres não apenas em março.  Mulheres em janeiro, fevereiro, maio. Mulheres a rodo, sem rodeios nem receios. Mulheres quem somos, quem queremos. Mulheres que adoramos. Mulheres de luta, de luto, de foto, de fato. Mulheres reais, fantasias, eróticas, utópicas. Mulheres de verdade, identidade, realidade. Dias mulheres virão,  mulheres verão, pra crer, pra valer! (Nic Cardeal) Hoje é dia de mergulhar na incrível e intensa poesia de ROSANA CHRISPIM : (capa do livro 'Entretempo') 1) NAU confia ainda que há portos nas cartas dessa ímpar navegação céu mar embarcação desfavoráveis mas há portos prontos a receber as passageiras amarras para restauro do casco cuidado da máquina retomada do leme ao navegador (in)certeza e travessia aos portos o quinhão da espera. (* poema do livro 'Entretempo') -*-*-*- 2) SOBRE VOO eles que já não  tinham asas quando nasciam as minhas aparavam para que ao usá-las mantivesse os pés no chão  entendi o

De Prosa & Arte | O caos como inspiração

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  Coluna 42 Acervo pessoal O caos como inspiração "O vento que venta lá venta cá..." Ataulfo Alves É certo que nos meus deságues rotineiros, nas chuvas de letrinhas dos meus devaneios literários, tem um bom punhado de dissonâncias e mazelas que vivencio rotineiramente. Ouvi dizer, durante a devolutiva da equipe editorial no evento da publicação do meu primeiro livro, que meus escritos denunciavam meu caos interno. Achei lírica e poética essa observação. Nunca tinha compreendido meus versos dessa maneira. Então, decidi encarar de frente meu caos interior. É dele que ecoam os pensamentos, é do caos que emerge minha veia literária. Digo isso, porque esse caótico movimento sempre foi deflorado pelos amores desfeitos, a animosidades entre pessoas de convívio e é dessa vivência que brotam minhas reflexões e catarses. É dali que surge o espantoso ato de escrever. Não sei se por efeito da pandemia, ou se por efeito de um desenlace complexo e dolorido, sofri um bloqueio lite

Pés Descalços 06 | NATUREZA

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                                                                          NATUREZA Caminho pelo parque Tia Nair, enquanto o vento me enche de lembranças. A ilha vai se enchendo de cantoria e do brincar. Nas bordas do lago, um arco íris atua em forma de passarela. O cenário de agora é outro. Jardim Itália, Alphaville, Renascer, Avenida das Torres. Meus pais sempre falaram: “adquirir uma casa traz dignidade para a família!”. Dentre as lembranças da infância, uma me acompanha até hoje, a de uma tia que não tinha casa e vivia de alugar os fundos de outras residências. Muitas famílias vinham da zona rural para a cidade em busca de melhorar de vida. Gostava de brincar com as primas, filhas dessa tia. Brincávamos de casinha, bonecas, lutas marciais, inventávamos e impúnhamos as próprias regras. Em um determinado dia as brincadeiras foram interrompidas pelo movimento na rua principal do bairro, bem a frente de onde eu morava. As pessoas seguiam para o lado sul, próximo das terras do “dotor”, c

A POESIA DE SOLANGE PADILHA | Projeto 8M

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(fotografia do arquivo pessoal da autora ) 8M Mulheres não apenas em março.  Mulheres em janeiro, fevereiro, maio. Mulheres a rodo, sem rodeios nem receios. Mulheres quem somos, quem queremos. Mulheres que adoramos. Mulheres de luta, de luto, de foto, de fato. Mulheres reais, fantasias, eróticas, utópicas. Mulheres de verdade, identidade, realidade. Dias mulheres virão,  mulheres verão, pra crer, pra valer! (Nic Cardeal) Viaje na poesia maravilhosa (e instigante!) da grande escritora  SOLANGE PADILHA : (capa do livro 'Safographia') 1) sombro sem você ando duplamente (* poema publicado no livro 'Safographia') -*-*-*- 2)  Sinto a dor que morde. Bato asas. Asas batem ao vento. Mordem a dor. Sinto o vento bater asas. Rumo ao norte. Não há mais dor. (* poema publicado no livro 'Escrita labial') -*-*-*- (capa do livro 'Escrita labial) 3) O desenho de um coração é banal mas quando escrevo  eu te amo,  o sentimento torna-se possível. Às vezes penso que você mora em

A POESIA DE MAYA FALKS | Projeto 8M

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(fotografia do arquivo pessoal da autora) 8M Mulheres não apenas em março.  Mulheres em janeiro, fevereiro, maio. Mulheres a rodo, sem rodeios nem receios. Mulheres quem somos, quem queremos. Mulheres que adoramos. Mulheres de luta, de luto, de foto, de fato. Mulheres reais, fantasias, eróticas, utópicas. Mulheres de verdade, identidade, realidade. Dias mulheres virão,  mulheres verão, pra crer, pra valer! (Nic Cardeal) Hoje é dia de navegar na POESIA  sempre impactante da incrível escritora MAYA FALKS !  1) SUSPIRO  O silêncio marcava o compasso da dor Nos passos errantes, no traço inconstante, o olhar de terror Fumaça de pólvora nova no cano da arma Dois passos, joelho na terra, venceu o seu carma Os olhos vidrados no céu, pedindo perdão Num campo cercado de corpo, encontrou em si mesmo a pior solidão  Guerreiro,  sem trunfo ou medalha, caído no chão Preso, em meio à batalha, não foi campeão.  Na garganta, a secura da alma prendeu seu último suspiro. (* poema do livro 'Poemas pa

De Prosa & Arte | Chegadas e Despedidas

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Coluna 41   Chegadas e Despedidas "Mande notícias/ Do mundo de lá/ Diz quem fica/ Me dê um abraço/ Venha me apertar/ Tô chegando/ Coisa que gosto é poder partir/ Sem ter planos/ Melhor ainda é poder voltar/ Quando quero" M. Nascimento Venho aprendendo a me levar e trazer nos lugares que gosto, a dirigir pra mim mesma, a trocar torneiras, descobrir barulhos no carro, carregar móveis pesados, acender a churrasqueira.  Eu massageio meus pés quando estão muito cansados dos caminhos para onde os levei. Estou aprendendo a me levantar e partir, quando não há mais afeto ou respeito, que possa ser compartilhado. A vida é isso: eterno (des)aprender, (des)construir, tomar pé e consciência de si. Não é à toa que venho me obrigando a fechar ciclos. Trancar portas . Erguer paredes. Ironicamente, quando a ação é externa causa um estranhamento, quando vemos o outro fazê-lo, nos causa um amargor na língua.  Renascer é um processo muito violento. Desprender-se dos nossos maneirismos, manias t

Preta em Traje Branco | 4P - Pretas, poetas, parceiras e poderosas

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Coluna 35 4P - Pretas, poetas, parceiras e poderosas  "Não misturo, não me dobro/  A rainha do mar anda de mãos dadas comigo/  Me ensina o baile das ondas e canta, canta, canta pra mim/  É do ouro de Oxum que é feita a armadura que guarda meu corpo/  Garante meu sangue, minha garganta/ O veneno do mal não acha passagem." Carta de Amor - M. Bethânia E da seiva de cada verso brotado, das salinas gotas que cortam nossa pele, trazemos nossa magnitude de ser. Mulher preta é encontro, o primeiro olhar de sua igual, na passagem pela escada do metrô de cabelos coroados, endredados, aqueles sorrisos de completude. O abraço a distância de um conselho pra firmar a Orì. Mulher preta é deságue, é mar revolto, maresia... é brisa. Cada uma de nós irmanadas carregamos no peito e na fronte o mesmo desejo de ocupação e visibilidade. Mulher preta é aguerrida, é batalha,  é sorriso, luta sem perder o brilho. E foi assim, que na humildade de querer me completar, de querer me refazer, que produzim

Pés Descalços 05 | FARTURA

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                                                                          FARTURA Minha tia, às vésperas de natal, convidou-me para irmos ao centro pegar cestas básicas que seriam distribuídas para as pessoas carentes, para quem tinha os tíquetes, iguais aos dela. Não sei com quantos anos eu estava, mas ainda passava por baixo da roleta do ônibus. Foi um dos motivos de ter recebido o convite, não pagaria a passagem; outro seria cuidar do primo enquanto ela pegasse as cestas.        Haveria também lanches, brinquedos e parque de diversão. O local de distribuição era no parque de exposição. O nome era atrativo “parque” e eu sempre imaginativa. Chegamos ao local às oito da manhã e o sol já batia forte em nossos couros. Naquele dia, o parque de diversão que eu havia sonhado, como nos filmes de Hollywood, abriu espaço para corpos famintos, parecidos como aqueles pintados por Portinari, só que em um cenário agro de Matogrosso. Nós: eu e tia fazíamos parte da pintura. Passava das dez da manhã