Brinquedos (I): Poemas de Isabel Furini, Chris Herrmann e Gisela Bester
Brinquedos no porão Isabel Furini No porão, onde dormem os brinquedos antigos (a boneca sem um braço, o carrinho sem rodas, o trem quebrado) a umidade incentiva fungos e lembranças dos interstícios das paredes o passado espreita chovem imagens da época de criança a vertigem do ontem cria redemoinhos cada ser humano tem as suas lembranças a sua trajetória a sua história escrita com fogo nos cantos da memória Imagem gerada pela IA do Bing O bule Chris Herrmann Enquanto segurava a xícara de porcelana pintada à mão, buscava o adoçante no bule de brinquedo da menina. Era possível ouvir o eco das risadas da filha com o pai - aquele que algum dia foi de verdade - e sentir o gosto do chá de mentirinha, ofertado à mamãe e à vovó. Ela repetia aquele ritual todos os dias, para bulir, sem sucesso, o silêncio da casa vazia. ** Fábrica de brinquedos Gisela Maria Bester Demasiado grande Para um corpo ainda infante E ademais, lisa, Fora envol