A poesia "Vermelha" de Dairan Lima
Obra de Carlos Sena Passos VI O ritual do amor são vestes jogadas ao chão A tua olheira de prata e um olhar inquisidor. XVIII Sou apenas pó e sinto falta de ar. |
XIX
A vida saía de nossa boca
e o encontro era a canção.
Um dia,
você enrodilhou a estrada
colocou-a no bolso
e foi assobiando.
Eu, engasgada,
furei os olhos.
xxv
Moços todos
que passam
trepados nos seus motores,
suplico: casai comigo,
que sou bela virgem santa.
Moças todas que desfilam
com seus vestidos de gaze,
imploro: dormi
na minha cama assassina.
Moços e moças,
é urgente o meu pedido
- como fosse ordem divina -
não terrestre:
-acariciai
o meu sexo desgraçado!
Obra de Carlos Sena Passos |
XXX
3/10
Algumas cicatrizes.
Eis a essência de meus pertences.
Uma cicatriz no supercílio esquerdo,
uma taça de cristal quebrada.
4/10
Um presente:
o vestido de ninfa que doei à empregada.
Um breve encolher de ombros,
a vida inteira que se esvai...
(...)
6/10
Sena in cena,
Marvia mata.
Cabelos, após coivara,
são tocos irregulares e frios.
Paulo in Sampa.
Eu?
Aqui em frente,
ó espelho
de(s)mente.
(...)
15/10
Por que eles me prometem castelos?
(...)
XXXV
Fiz uma limpeza
no útero,
você foi junto. Perdão
fico devendo você ao mundo.
XXXVI
Enfeitaram-me com as rendas
mais caras e finas
e disseram:
- Vai, Eva, padecer no paraíso.
Poemas retirados do livro "vermelho" de Dairan Lima. As ilustrações são obras do artista, Carlos Sena Passos, a quem Dairan dedica o livro.
Dairan Lima nasceu em Dueré, Tocantins e vive em Goiânia-GO. Poeta desde a mais tenra idade, ama a arte e toda a poesia que advém dela. Formada em Letras pela Universidade Federal de Goiás, é professora aposentada e trabalhou muito como modelo vivo, inclusive para Carlos Sena Passos. Participou de várias Antologias e em 2016, lançou o livro "vermelho" pela Nega Lilu Editora.
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