Café Crepúsculo - um conto de Chris Herrmann e um presente!
imagem: pixabay |
Café Crepúsculo
por Chris Herrmann
Marta teclava o dia inteiro (e mais algumas horas) com
aquele (dez) conhecido, Sérgio, que a fazia sorrir e esquecer do vazio
que asfixiava seus dias. Tudo parecia tão perfeito, tinham muitos interesses em
comum. Até que ele passou a insistir para se encontrarem. Como assim? Será que
ele a achará gorda e feia? Não, ele é tão jovem, belo, inteligente... e,
modéstia a parta, ela também não fica
atrás com seus trinta e poucos anos de exílio nos livros, pensou.
O medo da rejeição parecia ser maior que a vontade de
tê-lo perto. Durante semanas, Marta conseguiu adiar um encontro. Sérgio
insistia. Marta queria, mas cada vez que se lembrava das decepções sofridas,
puxava o freio. Sua irmã, Ângela, foi quem a encorajou para, finalmente, se
encontrar com Sérgio.
Marta passou a semana pensando na combinação de
roupas, bijouterias, bolsa, maquilagem. Ao mesmo tempo, pensava, que Sérgio
tinha que gostar dela ao natural. Até dormindo, Marta não conseguia driblar
seus pensamentos e receios daquele encontro. Como devo me vestir no encontro?
Como devo me portar? O que devo conversar? Ângela repetira para a irmã mil
vezes que todos esses pensamentos não mudariam o fato de cada um ser do jeito
que é.
Chegou o dia. Aconteceu naquele finzinho de tarde
ensolarado no Café Crepúsculo. Este, vespertino, parecia acontecer dentro do
seu corpo e bambear suas pernas. Tentava se convencer de que aquele encontro
era apenas um encontro, um selar de uma amizade que há tempos a deixava feliz.
Tavez um algo mais? Mas nem isso a acalmava. Os segundos se arrastavam e
puxavam-na ao chão que parecia querer desequilibrá-la.
Para tapear sua ansiedade, fitava o ambiente e
escaneava as outras mesas. Todos pareciam tão felizes e relaxados... Mas seus
olhos voltavam sempre para o relógio. Não dava mais para enganar sua vontade de
conhecer seu amigo. Não, era mais que amigo. Em seu peito, havia uma história
que estava prestes a explodir naquele Café onde o tempo se arrastava.
Sérgio apareceu, mas ela ainda não o viu. Ele a
reconhecera pelos olhos de miragem. Sentou-se à mesa aquele homem que parecia
com as fotos, somando-se uns trinta anos. Marta estava em choque. O café
desceu-lhe à garganta sem que precisasse fazer esforço. Afinal, ela precisava
estar desperta do sonho. Cumprimentaram-se e começaram a conversar.
Marta e Sérgio conversam ainda hoje ao crepúsculo
matutino, saboreando cada segundo daquele café – não menos quente que seus
beijos – do segundo ano de casados.
..
E agora eu conto o presente!
A Cris Lira, escritora brasileira que reside e leciona português em Iowa/EUA, fez esse vídeo
lendo o Café Crepúsculo lindamente. Foi uma belíssima surpresa, daquelas de tirar
a respiração!
E agora eu conto o presente!
A Cris Lira, escritora brasileira que reside e leciona português em Iowa/EUA, fez esse vídeo
lendo o Café Crepúsculo lindamente. Foi uma belíssima surpresa, daquelas de tirar
a respiração!
Uau; amei!
ResponderExcluirObrigada, Lia. Esse presente lindo da Cris Lírica me despertou a ideia de publicar o conto na nossa revista. :)
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