Meu melhor amigo - Chris Herrmann
Crônicas que as lembranças me embrulham de presente - 04
Meu melhor amigo
por Chris Herrmann
O melhor amigo que eu tive na vida era gay. Digo que era, porque ele não está mais entre nós. Eu o conheci nos anos 80 quando ainda vivia no Brasil. Trabalhávamos na mesma empresa. Foi uma amizade incrível. Ele era a pessoa mais gente que eu havia conhecido em todos os sentidos, em todos os tempos. Maravilhoso companheiro no trabalho, com os amigos e a família. Ele tinha três empregos porque os pais morreram e ele ajudava financeiramente os irmãos mais novos, como um pai. Eu não sabia que ele era gay. No trabalho ninguém sabia também.
Naquela época, a homofobia era até pior do que hoje. Um dia estávamos almoçando no centro do Rio e ele me disse que precisava contar algo muito sério. E falou mais ou menos assim: "Chris, nós somos amigos e eu gosto muito de você. Por isso, devo ser sincero, mesmo que isso signifique que você não queira mais a minha amizade. Se isso acontecer, eu entenderei. Eu não contaria a ninguém no trabalho, mas você é diferente porque é minha amiga de verdade. Eu sou gay e aquele com quem divido o apartamento não é meu amigo, mas meu namorado." Eu fiquei muito emocionada. Disse a ele que estava muito agradecida pela confiança e que a partir daquele momento eu o admirava ainda mais.
Ele ficou muito feliz e nos abraçamos chorando. Choro ainda hoje ao lembrar daquele momento que a nossa amizade ficou ainda mais forte. Choro também ao lembrar que ele sofreu muito e viveu numa época em que era preciso esconder de todos algo tão natural para não ser perseguido, estigmatizado, ridicularizado. Não que hoje não ocorra, mas aqueles anos foram ainda mais terríveis e preconceituosos. Eu só me pergunto quando isso vai acabar e quando haverá mais consciência do óbvio. Tem horas que tenho vergonha da "humanidade". O amor jamais deveria se justificar, mas a desumanidade sim.
Naquela época, a homofobia era até pior do que hoje. Um dia estávamos almoçando no centro do Rio e ele me disse que precisava contar algo muito sério. E falou mais ou menos assim: "Chris, nós somos amigos e eu gosto muito de você. Por isso, devo ser sincero, mesmo que isso signifique que você não queira mais a minha amizade. Se isso acontecer, eu entenderei. Eu não contaria a ninguém no trabalho, mas você é diferente porque é minha amiga de verdade. Eu sou gay e aquele com quem divido o apartamento não é meu amigo, mas meu namorado." Eu fiquei muito emocionada. Disse a ele que estava muito agradecida pela confiança e que a partir daquele momento eu o admirava ainda mais.
Ele ficou muito feliz e nos abraçamos chorando. Choro ainda hoje ao lembrar daquele momento que a nossa amizade ficou ainda mais forte. Choro também ao lembrar que ele sofreu muito e viveu numa época em que era preciso esconder de todos algo tão natural para não ser perseguido, estigmatizado, ridicularizado. Não que hoje não ocorra, mas aqueles anos foram ainda mais terríveis e preconceituosos. Eu só me pergunto quando isso vai acabar e quando haverá mais consciência do óbvio. Tem horas que tenho vergonha da "humanidade". O amor jamais deveria se justificar, mas a desumanidade sim.
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