Um Conto bem-humorado e surpreendente - por Sonia Nabarrete
Aquarela de Luciane Valença |
Entre corpos
Havia
cheiro de sexo no ar. Eles já tinham se beijado longamente e explorado com
línguas e dedos o corpo um do outro, quando eu, que a tudo assistia, fui
convidada a participar.
Cheguei
no melhor da festa. Ela já estava devidamente lubrificada e ele exibia sua
potência, sem disfarçar um certo orgulho.
Naquela
noite quente de verão, numa ampla cama redonda de motel, cenário para cultos
hedonistas, eu estava entre um homem e uma mulher, sintonizados em um tesão que
se traduzia em movimentos instintivos, num ritmo crescente.
Feito
o recheio de um sanduíche, sentia as manobras e recebia fluídos de ambos.
Recebi
o calor e a energia daqueles corpos que se fundiam numa coreografia perfeita,
cada um buscando o próprio prazer. O orgasmo foi simultâneo e intenso.
Depois,
quando a paixão deu lugar à ternura, fui excluída do contexto. Com a mesma sutileza com que fui chamada, me
dispensaram. E em seguida, atirada ao lixo, que é lugar de camisinha usada.
Paulista de São Caetano do Sul, Sonia Nabarrete é jornalista profissional e
atualmente trabalha como freelancer
na produção e revisão de textos. É autora da novela Eretos, de Contos Safadinhos
e do romance Abusada, além de ter
participado de várias antologias, de contos e poemas, no Brasil e em Portugal.
Sua escrita é marcada por erotismo, sob olhar feminino e feminista, e um toque
de humor. Foi selecionada cinco vezes para a coletânea do Concurso de
Microcontos do Salão de Humor de Piracicaba.
Você é ótima, Sônia!
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