A poesia "diva" de Líria Porto - seis poemas
Luciane Valença |
tal qual um menino
procura brinquedos
lá vai o poeta
a tinta as letras
tal qual passarinho
no uso das asas
lá vai o poeta
o voo as palavras
tal qual a canoa
por cima do rio
lá vai o poeta
o remo a rima
tal qual marinheiro
no rumo do mar
lá vai o poeta
a bússola a poesia
tal qual lavra_dor
na lida da terra
lá vai o poeta
:
lavai o sangue
Aquarela sobre papel de Luciane Valença |
uno
eu não sou eu sou nosotros
formamos um coletivo
lutamos todos por todos
por semelhantes motivos
tua fome é minha fome
teus medos meus calafrios
somos homens somos bichos
nasceu de ti é meu filho
(couro pele pena escama
precisamos proteger-nos
dos terríveis predadores
de todo e qualquer perigo)
"Amor não é palavra" de Luciane Valença |
deliriar
de manhã fazer um verso
à tarde com_por um n_ovo
à noite haver-se
in_verso
a aninhar-se em
alcova
(todo poeta andorinha)
morbidez
é que o suicida tem ideia
fixa
vê o edifício surge logo
um pulo
de alguma faca escorre seu
sangue
pensa em gilete olha para
os pulsos
nunca se esquece dos
pontiagudos
daqueles objetos
perfurocortantes
das armas de fogo do
cianureto
dos medicamentos
de tarja preta
é que o poeta tem ideia
fixa
best seller
chega de ser livro de
poemas
na próxima encadernação
quero fama e romance
líria
porto – de araguari, reside
em araxá, interior do estado de minas gerais - é professora, poeta, tem dois
livros publicados em portugal, borboleta
desfolhada e de lua e quatro no
brasil: (editora lê) asa de passarinho
e garimpo, este finalista do prêmio
jabuti em 2015; cadela prateada (ed.
Penalux - 2016) ; olho nu (ed. Patuá
- 2017); é autora do blogue tanto mar
e do e-book a sede do rio não cede.
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