A poesia insurgente de Lourença Lou
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nonsense
talvez eu não saiba o que é lirismo
ou talvez meu arco seja mais forte
que o alvo e a rota da flecha
sei que sonetos me dão sono
se não estiverem picotando o amor
- ah! dirão os críticos e
os artistas da forma
- o que vomita
a louca que nunca soube
além das suas bocas de fome?
sei da vida que quase sempre
cava buracos no senso comum
sei também de caminhões insones
desgovernados à beira do asfalto
onde a miséria arma vitrines
para que a vida continue
entre as pernas das filhas
ou na impotência
da carne tenra de seus meninos
o crime não compensa
mas compra a consciência das flechas.
Salvador Dali |
ancestral
aguentar
meus poemas batidos
a prego e fogo
minhas obras cunhadas
em moedas falsas
meus traços riscados
em tinta d'água
fica mais fácil
quando a poesia
me pega pela palavra
e me mostra o reflexo
do que corre em minhas veias.
Rafal Olbinski |
quando o hoje é insustentável
esqueço as chaves de casa
(gosto de ser recebido)
coloco a saia comprida
colorida de dignidades
dispenso o conforto do carro
escrevo a calçada nos pés
escolho abraçar minhas ruas
e decido: vou atravessar o agora
não compactuo com maquiagens borradas.
Rafal Olbinski |
oito e oitenta
hoje e sempre quero o direito
de ser tempero para a inclusão
ser tetas para rômulo e remo
queimar ou usar sutiã
explodir de liberdade
ou lutar para que não mais se morra
em travessia de sala-quarto-cozinha
acertar ou errar os alvos
no ofício de sempre seguir
ser flor que brota entre as coxas
ou presença que puxa o gatilho
nos ouvidos da indiferença
hoje e sempre quero o direito
de ser margens e de ser rio.
magia
magia
é esta possibilidade
de tirar a vida
das entranhas
guardar o sorriso
nos pés descalços
encher o vazio
com esperanças no amanhã
magia é ser brasileiro
e seguir em frente
mesmo quando não há caminho.
Lourença Lou é mineira. Formada em- Letras pela UFMG, pós-graduou-se na UEMG em Administração Escolar. Às vezes é
prosa, outras, poesia. Participou de várias coletâneas, Livro da Tribo,
revistas e jornais literários, impressos e virtuais, com poemas, crônicas e
contos. Publicou três livros de poesia pela Editora Penalux: Equilibrista
(2016), Pontiaguda (2017), Náufraga (2018). Ainda este ano publicará seu
primeiro livro de contos e o quarto de poesia.
Ninguém segura essa poderosa Lou!
ResponderExcluirObrigada, Tuca! Beijos
ExcluirNinguém segura essa poderosa Lou!
ResponderExcluir;)
ExcluirQue força poética contundente! Palavras que fluem a inteireza quem tem, sem sequestro semântico. Bjs
ResponderExcluirSilvana, que bom que leu! Obrigada, querida.
ExcluirA força das palavras, o surreal entrelaçado com o real, a dor num faz de conta que vai passar, o amor transitando pra lá e pra cá, incansável, a flecha atingindo certeira o leitor- alvo, tudo parece rodeá- la o tempo todo, bastando simplesmente, pela gigante que é nas letras, poesias e prosas, colhê-las com as mãos e traçar o que oede sua alma. Parabéns, querida, pelo privilégio de nos oferecer o belo .Parabéns também a essa magnífica revista.🌷🌷🌷🌷🌷🌷🌷🌷🌷🌷🌷🌷🌷🌷🌷🌷🌷🌷🌷
ResponderExcluirObrigada pela leitura e menção à Revista, Carmen Lúcia!
ExcluirCarmen Lúcia, prazer ter a sua leitura e este comentário. Muito obrigada, querida. Beijão.
ExcluirEu agradeço pelo privilégio de leituras marcantes!🌷
ResponderExcluirChris e Lia, super grata pelo espaço. Que a Ser MulherArte cresça e brilhe cada vez mais! Beijos, queridas.
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