De vez em quando um conto - Lia Sena
por Lia Sena
Os óculos eram inseparáveis durante o dia; pareciam uma espécie de máscara que a distanciava da mulher que só ela conhecia e blindavam-na diante do mundo. Invariavelmente ia ao banco e pegava fila, torcendo pra ser atendida por ele. Aqueles olhos negros e sérios atrás do balcão a impressionavam de tal forma, que suas pernas tremiam na espera, muitas vezes frustrada, pois outro caixa a atendia. Lançava um último olhar perdido, por trás dos óculos, ao rapaz compenetrado e sério; partia. Num dia melhor, atendida por ele, deixou escapar, junto às contas a serem pagas, um papelzinho com número de celular/whatsapp, na esperança de que ele a adicionasse e entendesse o tímido recado. A roupa não ajudava muito; estava sempre de camisa, fechada por botões, calça social e aqueles óculos sérios. Saltos, nunca durante o dia... Sua esperança foi pro lixo, junto com o papelzinho atirado por ele à lixeira. Enfim, era sexta feira, era lua cheia e o momento de tirar a outra do armário.
Os óculos eram inseparáveis durante o dia; pareciam uma espécie de máscara que a distanciava da mulher que só ela conhecia e blindavam-na diante do mundo. Invariavelmente ia ao banco e pegava fila, torcendo pra ser atendida por ele. Aqueles olhos negros e sérios atrás do balcão a impressionavam de tal forma, que suas pernas tremiam na espera, muitas vezes frustrada, pois outro caixa a atendia. Lançava um último olhar perdido, por trás dos óculos, ao rapaz compenetrado e sério; partia. Num dia melhor, atendida por ele, deixou escapar, junto às contas a serem pagas, um papelzinho com número de celular/whatsapp, na esperança de que ele a adicionasse e entendesse o tímido recado. A roupa não ajudava muito; estava sempre de camisa, fechada por botões, calça social e aqueles óculos sérios. Saltos, nunca durante o dia... Sua esperança foi pro lixo, junto com o papelzinho atirado por ele à lixeira. Enfim, era sexta feira, era lua cheia e o momento de tirar a outra do armário.
O vestido preto e justo, tinha um zíper atrás que o fechava (ou abria), deixando uma fenda provocante. Os cabelos que ficavam presos num coque displicente durante a semana, estavam soltos, eram louros e lindos; desciam em ondas, até o meio das costas e o salto, alto, muito alto. A maquiagem leve realçava ainda mais os lindos olhos, agora livres da armadura dos óculos e ela sorria expansiva, enquanto segurava um copo de vinho. displicentemente...
Maravilhoso!
ResponderExcluirMuito obrigada, Sandra. Um abraço!
ExcluirEsse foi ‘no salto’. Genial!
ResponderExcluirFico feliz com seu comentário, Chris. Obrigada!
ExcluirAh ! Se perderam. Beijinhos
ResponderExcluirGrata pela leitura, amo poesia! Beijos.
ExcluirRosy Campos
Excluir