Uma Mulher Admirável - Regina Dalcastagnè - Homenagem
Na série Mulheres Admiráveis, temos escolhido mulheres que além da competência profissional, do montante considerável e inequívoco de trabalhos que as coloca em evidência e do respeito que angariam por suas obras, destacam-se como pessoas que fazem a diferença. Mulheres que estão em incessante luta pela educação, por direitos, pela manutenção da democracia, pelo respeito à arte e tantas coisas mais.
Regina Dalcastagnè é dessas mulheres admiráveis. Muher que se destaca com o seu trabalho como educadora/professora da Universidade de Brasília, como pesquisadora do CNPq, como coordenadora de Grupo de Estudos sobre a literatura, como escritora com vários importantes livros publicados e ainda, militante incansável, na vida, no trabalho e nas redes sociais, onde, não raro, publica todos os assuntos relevantes sobre as questões políticas e sociais que permeiam os nossos dias.
Dentre os inúmeros trabalhos, a professora titular de Literatura brasileira da UnB, Coordenou um grupo de estudos que começou em 2003 e chegou ao resultado: O perfil do romancista brasileiro publicado por grandes editoras se manteve o mesmo por pelo menos 43 anos. Ele é homem, branco, de classe média, nascido no eixo Rio-São Paulo. Seus narradores, protagonistas e coadjuvantes são em sua maioria homens, também brancos, de classe média, heterossexuais e moradores de grandes cidades. A pesquisa atesta ainda, que houve um crescimento na escrita de mulheres, mas as mulheres negras, assim como, protagonistas negras e negros, continuam de fora desse crescimento.
A pesquisadora defende a universidade pública, gratuita, laica, de qualidade e para todos. Com uma formação acadêmica invejável, que inclui, Graduação em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo, Mestrado em Literatura, pela UnB, Doutorado em Letras, pela Universidade Estadual de Campinas, Regina preserva o seu passado de menina da periferia, aluna de escola pública, resgatando-o como alicerce para a educadora e mulher de luta que é hoje. Em recente texto, escrito no facebook, constatamos essa e outras belezas que moldam essa mulher tão importante, a quem a Revista Ser MulherArte presta hoje essa homenagem.
Lia Sena
Texto pubicado por Regina Dalcastagnè nas redes sociais, recentemente:
"Sou
filha da escola pública, da escola sem recursos, da escola sob a ditadura, na
periferia do Brasil. Sou aquela menininha que a professora recolhia no caminho
da escola rural e que ia saltitando junto a outras crianças de diferentes idades
- dividíamos a mesma sala, as quatro primeiras séries. Aprendi a ler e escrever
ali. Aprendi a contar ali. Ajudei a ensinar os mais novos, também. Porque
nossos pais e mães não tinham condições de nos ensinar e nem tempo para isso.
Foi
na escola pública que decidi o que queria fazer da vida, e onde recebi
incentivo para prosseguir. Por isso vou lutar até o fim para que outras
crianças pobres tenham acesso a isso.
Obrigada Dona Tata e Dona Renate Groth. Que minha escrita honre sempre o
seu trabalho."
Regina Dalcastagnè
Regina Dalcastagné nasceu em 1967, é
doutora em Teoria literária pela Unicamp, professora de literatura da
Universidade de Brasília e pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq). Coordena o Grupo de Estudos em Literatura
Brasileira Contemporânea da UnB e edita a revista Estudos de Literatura
Brasileira contemporânea. Publicou O Espaço da dor: o regime de 64 no
romance brasileiro (1996), A garganta das coisas: movimento(s)
de Avalovara, de Osman Lins (2000) e Entre fronteiras e cercado de
armadilhas: problemas de representação na narrativa brasileira contemporânea (2007),
entre outros livros. Tem pesquisado a representação e a autorrepresentação de
grupos marginalizados na narrativa brasileira dos últimos cinquenta anos.
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