364 + um = Dia das Mães - Publicação Coletiva

Arte: Gustav Klimt

364 + um = Dia das Mães
Porque Todo Dia é Dia Dela
por Chris Herrmann e Lia Sena

Costuma-se dizer, e com toda razão, que apesar de uma data estabelecida para o Dia das Mães, que todos os dias são dias dela. Mas como surgiu essa data específica? E por quê?
O Dia das Mães foi criado como uma homenagem à vida de Ann Jarvis. O falecimento dela, em 9 de maio de 1905, afetou bastante a sua filha, Anna Jarvis. Anos depois, ela decidiu criar uma data comemorativa para homenagear a sua mãe. O trabalho de Anna Jarvis fez com que um memorial em homenagem a ela fosse realizado em maio de 1908 — esse foi o primeiro Dia das Mães.
Anna Jarvis engajou-se para que o Dia das Mães se convertesse permanentemente em uma data comemorativa nos Estados Unidos. Nesse sentido, ela contou com o apoio de um comerciante chamado John Wanamaker.
Ainda nesse ano, Elmer Burkett, um senador do Nebraska, levou a proposta para o Senado norte-americano, mas ela não foi aprovada. Mesmo assim, a comemoração em homenagem às mães espalhou-se pelos Estados Unidos. A partir de 1909, Anna Jarvis dedicou-se inteiramente a sua missão de conseguir a oficialização do Dia das Mães.
Em 1910, o estado que sua mãe atuou como ativista, a Virgínia Ocidental, tornou o Dia das Mães oficial. Dois anos depois, em 1914, o Congresso norte-americano estabeleceu o segundo domingo de maio como o data para a celebração, e a medida foi ratificada pelo então presidente do país, Woodrow Wilson. A data foi criada exatamente como forma de homenagear a todas as mães.
No Brasil também se comemora o Dia das Mães no segundo domingo de Maio, mas quem é mãe ou filha sabe que esse dia não passa de uma fantasia. Porque o dia das mães é todo dia!
Pensando nesse tema, a nossa editora adjunta Lia Sena e eu, Chris Herrmann, selecionamos 22 textos em nossa postagem no Facebook que homenageiam as mães. Esperamos que apreciem a leitura. 


Da Lua Serena:

Amores verdadeiros 
Só os tive quatro 
Gerados no ventre. 
Apesar de intensas 
As dores do parto
Estes não me partiram 
O coração. 


Da Ana Valéria Fink:

Filhos criados

se não herdaram
todas as minhas virtudes
por que seriam minha culpa
todos os seus defeitos?


Da Patricia Cacau:

A mulher cria

A mulher cria
Cria as Crias
Cria 
Filhos
Cria moda
Muda forma
Cria Lei
María da Penha
E peía precisa de LEI?
Onde está a cria/o macho?
Que a Maria criou?
Tanto se esforçou, limpou,trabalhou,criou….
Essa é a paga que ele deu?
Não bastou ser a MÃE do mundo
De criar jeito pra tudo?
A mulher cria forças do próprio ventre
e dar a luz a própria liberdade.
Em plena LUZ do dia.


Da Ita Pedra:

Mãe, que gera ou cria. É ser dedicado e divino.
Acolhe no coração seus filhos com zelo
por seus destinos.


Da Patricia Cacau:

Pois foi minha mãe.
O tem estava tão congestionado
que só hoje estou lhe telefonando.

ALÔ!!!    

Alô? Alô? Alô!!!
É voz de amor
É amor de mãe.
Meus beijos vão a sopro
Nos fios invisíveis que nos conectam
Meus abraços em braçadas 
Levam rosas brancas abraçadas.

Alô? Alô? Alô!!!
Como voz de pássaro voando pra mim
Um canto me encanta,
No canto mais belo do coração.
Como cheiro de jasmim
Cheira-me como bálsamo
Sutil perfume se esfrega em mim.

Alô? Alô? Alô!!!
De alma para alma
Teu “OI” me acalma
Fatal verdade feita de saudade
Telefone mudo
Mas eu te escuto
Na conexão de nosso amor
Mãe querida
Só dizemos Alô! Alô! Alô!!!


Da Cecília Dolzan:

Todas as mães...

Às mães donas de casa, 
Muitas nem tão donas assim...
As mães com muitos filhos...
As que adotaram seus filhos..
Mães que perderam  seus filhos

Mulheres que perderam o brilho
Que foram submetidas.
(Ninguém é submissa por opção)
Aquelas que vivem com medo
As que sofrem humilhação.

Todas mães! 
Mães guerreiras
Profissionais
Mães enfermeiras
Médicas
Professoras 
Todas aquelas que muitas vezes
deixam seus filhos e
vão cuidar dos filhos de outrxs.
Às desempregadas
Abandonadas
Às que vivem uma batalha por dia! 

Todas mães, mulheres guerreiras! 

Parabéns para todas nós,
pois nascer mulher, ser mãe
e ficar viva já é uma luta diária!


Da Fátima Teles:

Todo amor desse mundo
Cabe em três letras:
MÃE


De André Francisco Gil:

A graça de ser mãe

Amplia a casinha amarela 
(casulo de leis & bálsamo)
cultivo de sentimentos e esforços 
amor [borboletário] & dedicação 
trabalho divino em coisas verdadeiras 

Ventre de sentimento onde cria
acolhimento 
pequena mas de uma força intensa 
força é zelo e sopro de paz 
perto de outra flor de luz 
& rosas destinadas 
dores esquecidas e pássaro
da liberdade criada 

Seu coração é banco de plenitude 
e seu encantamento virou moda 
normal ter filhos da luz em forma
de jasmins & perfumes


Da Nic Cardeal:

Do teu ventre

De repente no teu ventre 
uma célula partida ao meio 
lá estava ela 
lá estava eu 
lá estavas tu
éramos nós 
nadando em líquido quente 
aconchego umbilical 
à espera de desaguar na foz.

De repente do teu ventre
nove meses de mergulho
depois disso
a concretude do mundo 
a solitude do mundo
o encantamento do mundo  
a voracidade do mundo
virei gente de verdade
não mais que de repente.

Do que me deste de tão teu 
sopro de vida repartida 
genética aleatória ou definida
sangue vermelho 
olhos castanhos 
desejos recolhidos 
medos escancarados 
lágrimas escondidas 
gargalhadas decididas 
dedos longos 
rédeas curtas 
veios poéticos 
imaginação fértil 
amores literários 
honestidade indestrutível 
mãos tecelãs 
palavras vãs 
vozes femininas 
lutas contínuas 
não mais que de repente. 

De repente do teu ventre 
da tua casa cor de rosa
a mala pronta 
asas soltas para o mundo
e uma estrada lá distante
muitas partidas 
diversas cartas 
idas e vindas 
tantos encontros 
e despedidas
sem verso ou prosa
não mais que de repente. 

Do que te dei de tão meu 
um sonho repartido 
um dia de cada lado 
um caminho aberto ao meio 
uma eternidade feito estrela
de um amor tão verdadeiro
o beijo de boa noite 
a bênção antes do sono 
a gente antes do sonho 
não mais que de repente. 

Do que me deste de tão teu 
do que te dei de tão meu 
fazemos bom proveito 
o amor que tu me tens 
o amor que eu te tenho 
é tão nosso e já deu flor:
vais comigo aonde eu for!

De repente do teu ventre 
aqui eu sou!


Da Sonia Nabarrete:

Missão: amar
Chamar para ir à escola
Preparar a comida
Colocar para dormir
Dar colo, dar a mão,
Ensinar a lição
E um dia entender
Que os filhos cresceram
E precisam seguir
Que sejam felizes
Que tenham juízo
Mas podem voltar
Sempre que preciso
Mãe é tudo de bom
É amor sem senão
A minha se foi
Saudade arretada
Da sua toada:
A vida sem amor
Não serve
para nada


Da Dairan Lima:

Perder mãe

Não perdi só a mãe,
perdi também um arquivo de lembranças,
gente que passeia pelo meu, pelo seu,
pelo nosso sangue
e, que não terei mais o diálogo.

Perder uma mãe.
é quase se afastar de Deus.
Ainda que se conforme,
(mesmo porque não tem jeito),
é perder um pedaço da história.

É acordar,
e ver a cama eternamente arrumada,
as roupas frias,
exalando cheiro na casa fechada.
(e chorar desse jeito!).

É saber que não há mais contrapartida,
quem lhe conteste
e, finalmente, acordar pra vida!


Da Rafaela de Andrade:

Mãe
Eterno amor que agora procuramos em outros
Procuramos acertar
Procuramos amar
Procuramos perdoar
Mãe
Quantos ensinamentos
Quantos conflitos
Quanta admiração
Segue o ciclo da vida.
Grata.


Da Daniella Guimarães de Araújo:

A palavra mãe 

Tudo já foi escrito e  a palavra mãe continuará:palavra-mor como céu acima e chão abaixo 
do colo ao abismo 
que entre um e outro verso se atravessa 

depois o tempo vai passar e  a vida mostrará que tem dentes garras violência e desalinho
perdas e tardes inóspitas e a palavra mãe permanecerá na noite e no próximo dia prescindindo de adjetivos a palavra mãe se  inscreverá 

em pedra em aço em laço em rosas rosas em  laços de alma em corpo que carrega corpo em lágrima e canto vigília e manto 
de um a outro os engenhos seus

pois na vida se inscreve tanto na pérola como no pão em mantas de lã 
em uniformes de escola pijamas de flanela bailes  de gala e carnavais casamentos batismos e natais 
com memórias de açúcar e sal 
a palavra mãe ouvirá o frágil mas também o corajoso fio e sabendo-se além de dores e danças a palavra também dançará 

talvez trêmula talvez sozinha o curso do destino mas continuará inscrita em mil e uma outras palavras paridas aprendidas desaprendidas
nascidas do laço em laço em laço 
em séculos e séculos de infinito: 

a palavra mãe não morrerá nunca.


Da Cris Arantes:

Estrelinha

Desde que foste embora
Fazes falta desde o amanhecer 
Tua presença é sentida
Nas falas e na minha rotina
Desde um prato salgado ou doce
De uma frase ou conduta
És eterna no meu coração 
Quando olho para o céu 
Certeza que és uma estrelinha
A mais reluzente do universo 
És tu mãezinha


Da Máyda Zanirato:

É num tanto longo, não sei se serve. Fiz há dois anos pra minha mãe.

Tacho de Sabão

Primeiro colocou ali as renúncias de uma vida toda
e uma pitada de tudo quanto a mesma vida lhe negou
Acrescentou uma parte só das dores,
pro tacho não derramar de tão cheio
e o cansaço daquele dia, o mesmo de outros tantos
Foi devagar acrescentando
as lembranças mais fortes que guardava
os amores vividos e os vedados
as lágrimas que não chorou
(porque dar conta da faina de cada dia
não permitia perder tempo assim
- o choro era um luxo pra o qual não tinha tempo )

Colocou suas próprias saudades ao cantar enquanto mexia aquela massa
Colocou algumas gotas de esperança que insistiam em restar na alma
Colocou ainda amor, até quase a mistura chegar as bordas - (e sobrou ainda amor demais)
Por último, pingou gotas de uma essência perfumada dos seus sonhos de menina

Entornou em formas em forma de corações
aquela massa densa e perfumada 
que solidificou-se ao resfriar

Nos dias seguintes
o perfume das roupas e da pele das filhas
que todos perguntavam da origem
vinha desse sabão místico
cuja receita
ela levou consigo ao partir pro nunca mais

No entanto, o perfume evola às vezes do passado
e se espalha
nas manhãs em que a lembrança dela toca
o coração de um ou de outro filho
ou de todos, ao mesmo tempo
em dias que estariam todos ali, ao lado dela
como neste próximo Dia especial de nossa Mãe.


Da Jade Nascimento:

Mãe. Mulher que vibra o verbo AMAR.
Die Ama ainda que seja muitas vezes desafiador ser mãe...
Ama.. ainda que a dor dilacere seu coração.. 
Ama e no amor que dedica aos filhos
vê refletida sua propria imagem no espelho. Mãe...
amor além da vida.


Da Suany Lima:

desmatamento florestal de um coração amiúde
para o meu filho luã que está longe, muito longe e dentro do meu coração

nem o mar sabia
da pressão salgada de tua presença
em maior ou menor medida
no desmatamento florestal de um coração amiúde
descendo escadarias indefensáveis
e eternas
como se amasse muito

maio se embaraça às voltas da vida
o mundo despenca sobre as cabeças
e como resultado
o acidente
do teu lábio
desenhado na parede da sala
de estar
estimula possibilidades de deslizamento para o sintoma do inespecífico

contemporâneo

como se amasse muito
nem o mar sabia
de teus cuidados
com o gesto vago do amor

esse absurdo ato vigoroso que anima a rotação
da terra
rumores de queda

o resultado do acidente
em que o mundo despenca
sobre as cabeças
são os filhos que se tem
do tempo
como se amasse muito


Da Roberta Gasparotto:

recadinho de mãe

o filho ralhava com a mãe
dizia que a mãe de nada entendia
a mãe apenas ouvia e concordava, e, ao final, lhe dizia
:
só tem uma coisa que eu sei fazer direito,
que é amar você com todo o amor que existe no meu peito
ao ouvir isso, o filho, outrora tão sabichão, apenas sorria e,
secretamente, concordava com a mãe.


Da Elisa Ribeiro:

A curva dos lábios, o desenho das sobrancelhas
Um susto,
Tua cópia  me olhando do espelho

Entre as escolhas que fizemos
Um hiato
Uma condição? Um fato?

Sustenta-me aquilo de que teu corpo era feito
Traços, formas, defeitos
Desdobro-te do meu jeito

Refaço teus passos
Te recrio no que faço
meu fim, teu começo


Da Vera Ione da Silva:

Nós 
A mãe não usava o pronome Eu 
nem com histórias do passado 
um “nós” feito de marido e filhos 
se retirou da praça
Caminhou em direção à antiga casa
ouviu meu grito 
voltou-se para mim 
mudou de rumo 
e foi embora 

Eu fiquei aqui 
sem desamarrar os nós  
que me levariam ao mundo dela.


Da Helena da Rosa:

TRÊS POEMAS DE AMOR
Aos filhos Maurício, Vithor e Carol

Entendi
a tristeza, substituída pela alegria
o choro, disfarçado num sorriso
a raiva, contida pela bondade
o medo, superado pelo instinto de proteção
a incerteza, dominada pela fé
 a lágrima, evaporada pela felicidade
 a dor, amenizada pelo amor
Entendi a ternura do amor incondicional

Tudo isso entendi, quando do ventre
brotaram três poemas de amor.


De Chris Herrmann:

Mãe é mão

mãe que gera
mãe que cria
mãe que perde o sono
mãe que grita e chora
mãe que é pai e mãe
mãe que é sim e não
mãe que é muito mais
mãe que é mão


Comentários

  1. Parabéns à Revists Sermulherarte.com por estar presente e nos representar tão bem. Parsbéns às poetas. Um viva às mães.

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    1. Obrigada, Sílvia querida. Um grande abraço e um Feliz Dia pra você também. Linda mamãe! 🤍

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