Os Tons da Poesia de Alexandra Patrocínio / seis poemas
Gabriel Moreno |
Transitoriedade
Será a vida só isso mesmo:
Vapor de
um trem
que não
existe mais?
Cartografas faciais
onde
escapam
vivências?
Duras são as dobras da testa
que,
como leques fechados,
retêm o
suor do labor.
Como água em mãos de
criança,
é o
contar das horas;
ninguém
a detém.
Tudo é tão incerto!
A vida segue ameaçada;
a bala que voa à qualquer hora
aguarda à espreita de um corpo.
Mas a alma é indomável;
não aceita rédeas,
nem teme a morte:
destino de todos.
**
Memórias
A lâmina de chá
[na xícara]
reflete um olhar triste
carregado de um saudosismo claudicante.
Na memória,
a inocência de quem não sabe
nada mais sobre si.
Apenas fagulhas de lembranças
de um passado remoto,
e um presente de grego.
Pier Toffoletti |
Impunidade
O homem segue na rota
da maldade,
seu espelho são facas no ar,
não consegue domar seus instintos,
seus dentes estão manchados de sangue
e suas mãos de impunidade.
da maldade,
seu espelho são facas no ar,
não consegue domar seus instintos,
seus dentes estão manchados de sangue
e suas mãos de impunidade.
O homem segue na rota
da maldade,
cavalga sobre corpos,
finge o arrependimento dos delatores,
mas suas lágrimas são gotas de veneno
amparadas pelo leste oeste da boca.
O homem segue na rota
da maldade,
com seu paletó de sangue,
cobre o sol
a justiça
e despe a noite,
matando a lua.
e despe a noite,
matando a lua.
Não sabe ele
que a maldade
o aguarda (ávida) em sua cova.
**
De Repente
De repente as cicatrizes supuram
e o passado borbulha sob a pele.
De repente costuras antigas
se desfazem
e a nudez da alma é exposta.
se desfazem
e a nudez da alma é exposta.
De repente me dou conta:
o passado não aceita borracha,
apenas corretivos que disfarçam
as marcas deixadas no papel.
o passado não aceita borracha,
apenas corretivos que disfarçam
as marcas deixadas no papel.
Pier Toffoletti |
Solidão
Olho para o infinito
a linha do céu nos separa:
solidão e saudade
são teus nomes.
Caminho em
direção ao oeste
busco formas de fortalecer
meus pés trôpegos.
busco formas de fortalecer
meus pés trôpegos.
Recrio tua
imagem na rosa dos ventos.
O som da tua voz é canto à capela
no teatro do sol poente.
O som da tua voz é canto à capela
no teatro do sol poente.
Teu cheiro é
tão real
quanto o perfume da lua.
quanto o perfume da lua.
Pier Toffoletti |
O Sol da Esperança
O sol da esperança
nunca se apaga,
prediz o fim das trevas.
O sol da
esperança
é a luz que invade
as cavernas obscuras da alma,
e liberta os escravos do medo.
é a luz que invade
as cavernas obscuras da alma,
e liberta os escravos do medo.
O sol da
esperança
é o sol da meia noite que nunca se põe.
é o sol da meia noite que nunca se põe.
O sol da
esperança
cura as fibroses antigas
que atrofiam mentes brilhantes.
cura as fibroses antigas
que atrofiam mentes brilhantes.
O sol da
esperança
aquece os corações rochosos,
tornando-os argila na mão do artesão.
aquece os corações rochosos,
tornando-os argila na mão do artesão.
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Alexandra Patrocínio é
professora de Língua, Literatura e Redação da Rede Pública Estadual de Ensino
da Bahia. Graduada em Letras e Especialista em Educação pela Universidade
Estadual de Feira de Santana (UEFS). Mestra em Estudos de Linguagem pela
Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Psicóloga em Formação, e membro efetivo
da Academia de Cultura da Bahia. Faz parte do Movimento Mulherio das Letras; Confraria
Poética Feminina e do Coletivo de Autoras de Literatura Infantil e
Infanto-Juvenil da Bahia-CALIIB. É autora dos livros Girassóis em noites
escuras/2018; Depois da Escuridão/2019; As Reinações de Clarinha no Reino da
Poesia/2019. Através do Rio/2020; E Clarinha e a Sementinha Mágica/2020.
E-mail de contato:
alexandrapnpatrocinio@gmail.com
Insta: /reinodapoesia |
Twitter: @AlexandraPatro8
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