Corpos-sentidos | Lançamento de Helena Arruda
A poeta, contista, ensaísta, doutora em Literatura, Helena Arruda, em meio a esse período caótico de pandemia, brinda-nos com o novo livro, "Corpos -sentidos" com belíssima capa da também escritora e artista plástica, Deborah Dornellas, pela Editora Patuá.
* Um dos poemas do livro
Roupas velhas
minha dor são flores descoloridas
[do meu jardim]
que duram o tempo necessário
[saturação]
parto e permaneço aconchegada a mim
meu corpo, pedra áspera
à mercê das águas da cachoeira
[espera]
equilíbrio e falta,
estar e não-estar
sou pedaços de roupas velhas
cerzidas pelas agulhas do tempo
vejo todas as veias pulsando
na imensidão do meu corpo:
[pulso-sangue]
[mundo-pulsa]
vivo na emboscada da vida
minhas mãos envelhecem
à medida da minha dor
meu corpo é dor e desejo,
viço e cansaço
[grito]
***
Trecho do Prefácio
O novo livro de poesias Corpos-sentidos começa com uma afirmação
política, que diz, como preâmbulo, o seguinte: “Sou minhas outras que em mim
habitam”. Não há como negar que aí se trata de uma espécie de slogan combativo,
no sentido de reunir o que poderíamos chamar de “as vozes da resistência”, até
porque o livro é dedicado a todos aqueles que continuam resistindo. Entre os
resistentes, aparece a voz da mulher. Entre as mulheres, não de qualquer uma,
mas daquela que busca a poesia: a voz de Helena Arruda, autora do livro. Se ela
verdadeiramente procura pelo poema que precisa ser escrito, o dito slogan
apresenta ainda um sentido mais elevado; se ela se entrega completamente ao
poema, a palavra “resistência” traz-nos outras significações.
[...]
Helena
Arruda não apenas lança o seu novo livro de poesias, mas com ele também nos
convida a lê-lo como iniciantes nessa arte que se admira com a realidade, por
mais terrível que ela seja. Pois nela, bem no meio de toda desesperança, como
uma pequena centelha, reside ainda o poema a ser escrito, o poema que salva, o
poema que conduz o humano a assumir-se enquanto finito, mortal, em que no
interior de tal assunção ele vai se constituindo como aquele que ele mesmo é,
sendo.
[...]
Afonso
Henrique Vieira da Costa.
(Professor
Adjunto de Filosofia da UFRRJ)
***
Helena Arruda
nasceu em Petrópolis, RJ. É mestra e doutora em Literatura Brasileira (UFRJ).
Poeta, contista, ensaísta, é autora dos livros Interditos – poemas
(2014); Mulheres na ficção brasileira – ensaios (2016), ambos pela
Editora Batel; Corpos-sentidos (2020), Editora Patuá; A mulher
habitada (poemas) e Mulheres de A à Z (contos), com lançamentos
previstos para 2021. Helena tem trabalhos publicados em diversas antologias.
Suas publicações mais recentes constam do livro de ensaios, Ficção e travessias:
uma coletânea sobre a obra de Godofredo de Oliveira Neto (7Letras, 2019), do
livro de poemas antifascistas, Ato Poético (Oficina Raquel, 2020) e da
antologia Ruínas (Patuá, 2020). A autora também escreve para coluna Flauta
Vertebrada, do jornal eletrônico O Partisano e faz parte do Coletivo
Mulherio das Letras, desde a sua inauguração, em João Pessoa (2017); também é
membro do corpo editorial da Revista Topus – espaço, literatura e outras
artes, da UFTM. Suas pesquisas acadêmicas estão relacionadas a temas como
descolamentos territoriais (deambulações, migrações), personagens femininas,
autoria feminina e questões de autorreflexividade.
***
Corpos-sentidos, poemas de Helena Arruda, já em pré-venda no site da Editora Patuá.
Leitores e leitoras que garantirem o livro na pré-venda receberão o livro e uma carta da autora. O livro está com frete gratuito para todo país e também com a possibilidade de frete com presente (nessa opção o leitor levará um livro surpresa de presente).
A capa é da escritora Deborah Dornellas e o projeto gráfico de Leonardo MAthias.
No site da editora, além de adquirir o livro, é possível ler 7 poemas da autora.
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