Edna Almeida | 5 poemas

LucianeValença


Em nosso jardim

Ah esse entrelaçar
Que nem sempre vejo
Vem-me assim
Caminho no tempo
Sentimento de estar solto e preso
Nessa rede de estar entre linhas
De tecer paulatinamente
Ter casa estar de passagem
Não é ilusão o presente
È vida!
Meus olhos precisam olhar devagar.


Luciane Va lença

O impulso

O que provoca não é o corpo,
Não é o nu.
É o imprevisto
O movimento em cena como um risco.
O puxar da roupa que ameaça os meus olhos profanos
E pára, não era nada?
Fica no ar o que os olhos pensavam
Como quem tira a casca, 
E provoca.
Ninguém suga.
É isso que me leva junto,
O impulso.
O ato eu conheço,
O nu eu já vi. 
Mas mil vezes imaginar,
O que causa perturbação 
É a pirraça. 
Que deixa a casa dos olhos à beira do caminho
 Imaginar, arte santa e não profana.
Ai que vergonha!

Luciane Valença

Céus de estrada.
Pensar e escrever são mesmo como uma estrada
Surge sem que precisemos tirar o corpo do lugar,
Nem extrair nenhum ramo da árvore.
É uma nascente onde o rio visita a gente a qualquer hora
Quando nos damos conta estamos construindo pontes
Mostrando ideias, luz e estrelas que vão mudando céus de lugar.
Cada vez que alguém ao ler,diz vai,segue.
E por onde vou, a alma me leva, pareço cega e não tateio.
Ando pelos jardins de palavras
Como se as ferramentas estivessem há milênios nas mesmas mãos,
Plantando uma rosa e outra.
Cantando sem que ninguém me veja.
Beijando-se como quem agradece e sabendo que amo as estradas de mim
E elas com curva ou sem curva, não acabam aqui...
Quando a poesia atravessa a pele da alma
E toma na mão a veia do poeta
Então ele vê a cor dos seus versos
Verdes, azuis, brancos, coloridos
Vermelhos sem pudores.
Crescidos de suas dores
Regados com seus amores
Que passa pela fluente do rio
Que ele aprecia sozinho.


Luciane Valença 

Ela.

Ele achou uma madona q lhe rouba a cena, um gatilho.
Às vezes sente-a como um tiroteio na esquina, alucinada.
Que lhe suga a alma, a sina
Que lhe apredeja de beijos o peito
Uma  mulher e ele rasteja
E lambe seus pés e mãos e adereços
Seu corpo soa insensatez
Sua pele treme em desespero e admira-a
.Nunca se sentiu voraz em outros braços.
Ela lhe olha de lado
Lampejos...
E ele despenca em seu abismo
Quando uma lágrima dela ameaça surgir na pálpebra
Diz lhe que é tão pertinho o paraíso
Que o céu é dela.
Que as estrelas sentem inveja de seus seios
Vê consumido seu eu lírico.
É seu súdito.
Um desassossego que geme esse homem
Às vezes cogita que alguma coisa podia mudar.
Contanto, que nada a tirasse  do seu lado.
Receia que os deuses do Olímpio a desejem.
Ela é seu doce labirinto.
A sua diva ensandecida, a Helena de Tróia.
Quando ele pensa por um momento que está esvaído,
Aqueles olhos e mãos lhe ressuscitam o destino.
Casta e liberta.
Quem abomina?
Uns dizem que é paixão
Outros que é feitiço
Há quem diga que é sina amar assim
Ele, diz que a vida tem as letras do nome dela

Luciane Valença

Longe de ser arte.

Ah desalmados
Senhores de um tempo castrado
Tempos anfíbios pecados
Pudera amar-te...
Ah sôfrego ar de donzela
Quem escondeu a aquarela?
Quem enganou as manhãs?
Que não disse que sabia de tudo um pouco
Do santo dia
E não fez política rima com amor e não com dor
E criança brincar de aprender
Ah desalmados
Não serão doces os pecados
Também não serão feras
Serão o que tiverem de ser...
Longe de ser arte que é beleza.

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Edna Santos Almeida nasceu em 20/06/1968 em Inhambupe-Ba (a terra do Lobisomem). Graduada em Letras com Inglês pela UNEB- Universidade do Estado da Bahia. Pós-Graduada em Planejamento Educacional pela Universidade Salgado de Oliveira. Professora, paisagista, massoterapeuta e escritora. Publicou “Caminhando entre as flores” 2016 que recebeu homenagem de três escolas estaduais e livro de poesias é adotado para estudo literário numa escola particular. Há um livro de poemas a caminho de editoração intitulado’ Á flor d’pele. Participou das Tardes Amadianas na UNEB, é membro da casa do poeta e da Câmara de Literatura de Alagoinhas. Participou da semana de Cultura de Alagoinhas com exposições áudio visual. È instapoeta e membro do Mulherio das Letras. Selecionada no concurso Dolores Duram, com o poema “Loucos soltos”. Participou de saraus: Boi Encantado, dos ventos e Sarau no Centro de Referência de Apóio à mulher. ( CRAM).Seu mais novo livro “Olhos de Lince”è um registro de viagem por 23 países
















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