Fotografia 6 | Projeto Pixel Ladies + Revista Ser MulherArte - Julia Pilati
| Fotografia 6 - Julia Pilati | |
por Bianca Velloso, Suzana Pires, Chris Herrmann e Lia Sena
Pixel Ladies é um grupo de fotógrafas brasileiras com experiências de vida diversas e a Revista Ser MulherArte é um coletivo de artistas mulheres de língua portuguesa. Ambos têm o objetivo de divulgar a produção artística das mulheres.
A arte é o que nos salva da dureza dos dias. Por isso a Pixel Ladies e a Revista Ser MulherArte lançaram um desafio poético durante a quarentena. A Pixel Ladies propõe a imagem em postagem no Facebook e as poetas que se sentirem tocadas escrevem um poema. A Revista Ser MulherArte seleciona e publica.
A fotografia número 6 foi da Julia Pilati
Estes foram os poemas selecionados com suas respectivas autorias:
Clube da Esquina
Nas ruas de Londres, nas avenidas de Nova York, na periferia de São Paulo, nas favelas do Rio, somos meninos. Nos deixem crescer.
Valeria Bicca Ferrari
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Sororidade
Frater
Toda a cor é coração!
Tere Tavares
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febem do tatuapé
hoje, virou praça
naquele espaço vazio
há som de pássaros
crianças subindo
nos bancos
de olhos fechados
ainda pude ouvir
os gritos
de meninos aflitos
fiz uma oração
em forma de poesia:
vidas negras importam
Ligia Regina Lima
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Estigma
Tenho na pele ,
tenra,
a flor
e sobre ela
a flor da pele
Preciso de algo
que me sirva
ou algo
que me revele
Eliane Silva
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Fácil fazer poemas de flores
do seu quintal.
e ignorar o negro que vive
na vizinhança ou não...
Fácil engajar-se no protesto
quando é e vive branco
Fácil não olhar,
a foto do menino que pede
A vida das crianças negras importam!
IMPORTAM?
Suzana Pires
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Vai, criança!
vai, criança negra linda
brincar com outras crianças
rir, chorar, dar cambalhotas
e sonhar
vai, criança negra linda
se orgulhar da cor da pele
da sua própria e da família
e se arrepiar com a poesia
vai, criança negra linda
crescer e viver sem precisar
se justificar e se diminuir
mas nunca deixar de lutar
pelo seu direito de ser,
de ir e vir
vai, criança negra linda
amar-se e se dar valor
porque o racismo
é um prato cheio de ódio,
de almas vazias, sem brilho
e sem cor.
Chris Herrmann
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Dói-me a pele branca
de susto e medo
porque o coração
bate igual
e nada nos aparta
Tu és criança
bela, arteira
como a primeira
amiguinha
de minha infância
longe no tempo
nenhuma cor
nos definia.
Tu és criança
bela, sagaz
como meus
alunos pretos
que me sorriam
nas manhãs
colegiais.
Tu és criança
como meu filho
de alma
pele que define
força e grandeza.
Ébano e marfim
no teclado infinito
tocam a mesma
música vital.
Claudia Manzolillo
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