Máyda Zanirato em 4 poemas
Versos Intransitivos
verbo l
ela conjugou amar
no presente
no passado
no futuro
no presente
no passado
no futuro
ele no jamais
verbo ll
rasgou o verbo
ao meio
e quando quis depois
juntar as partes
viu que a conjugação ficara
no futuro do presente
indicativo de um amor
cortado
no passado
(no não mais)
ao meio
e quando quis depois
juntar as partes
viu que a conjugação ficara
no futuro do presente
indicativo de um amor
cortado
no passado
(no não mais)
Verbo lll
...e o verbo se fez verso
mas não se aninhou
entre nós
mas não se aninhou
entre nós
Encruzilhada
Enrola bem o xale no teu rosto
o fogo do amor já não aquece
a madrugada fria
o fogo do amor já não aquece
a madrugada fria
Paremos um instante
Eu ficarei até fumares teu cigarro
não tenho pressa
Eu ficarei até fumares teu cigarro
não tenho pressa
Sei que mais adiante
eu me transformarei
em estátua de sal
eu me transformarei
em estátua de sal
No espelho (I)
Há um tempo em que o coração se cala
...................................os poros
...................................as veias
...................................a respiração
perguntam quem são e a que vieram
num corpo qu vai se tornando todo
...................................silêncio
........................................e
...................................interrogação
...................................os poros
...................................as veias
...................................a respiração
perguntam quem são e a que vieram
num corpo qu vai se tornando todo
...................................silêncio
........................................e
...................................interrogação
Da Série: Drummonianas
Há que ficar atento nestes tempos:
pode bem ser que neste instante
em simplicidade e beleza estonteantes
alguma flor
desafiando as incertezas do.momento
ouse furar o asfalto
pode bem ser que neste instante
em simplicidade e beleza estonteantes
alguma flor
desafiando as incertezas do.momento
ouse furar o asfalto
Ilustrações: Telas da pintora Monika Luniak
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Máyda Zanirato é paulista, vive atualmente em Santos, é professora aposentada, depois de toda uma carreira no magistério em escolas públicas. Publicou pela primeira vez, em uma Antologia com suas irmãs, que são também escritoras e em outra, mais recente, organizada pelo saudoso Cairo Trindade. Tem publicações, nas duas últimas edições do Livro da Tribo.
Versos inquietantes e, por isso, maravilhosos. Sim, estão aí " desafiando as incertezas do mundo": a flor, a simplicidade, a poesia!
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