Cinco poemas de Isabel Campos
quando
nasci
um
anjo zen
desses
bem distraídos
que
vivem possuídos
pela
ternura de alguém
disse
vai
Bel
com
teu olhar comovido
sorver
o límpido azul do céu
saber
o mel
que
adoça as manhãs
vai
Bel
colecionar
luas cheias
em
tuas noites vazias
onde
calam sentimentos
que
deságuam nas estrelas
vai
pela
poesia afora
experimentar
a vida
até
chegar a hora
de
se perder de vista
vestir-se
de si
despir-se
das ilusões.
***
II
um
sonho
pousou
em
minha janela
quis
prendê-lo
tratá-lo
a
pão de ló
por
entre
os
dedos
escapou
virou
poesia
virou
anjo
virou
astro
estrela
guia
logo
abaixo
das
Três Marias.
III
devoro
folhas
de
poesia amarga
pra
curar a chaga aberta
quem
sabe
inventar
a chave
que
me devolva a saída
teu
nome desenhado
na linha da minha vida
costurado à pele
fere...
e
acaricia
suave
como
o brilho macio da aurora.
***
IV
cada
segundo fenece
e
engendra nova ilusão
a
cada manhã recomeço
eclosão
a
árvore, o ambiente, o improvável
o
filho, a espécie, o espelho
o
livro, a ideia, o devaneio
colhe
o dia
acolhe
a dádiva.
V
há
em teus olhos um mar
que
submerge
a
razão
cativa
e
sem
bússola
navego
entre brumas de ilusão
sentidos
atormentados
diluir-se-ão
em calmaria?
tua
poesia bela e doída
anjo
da asa esquerda ferida...
ah! desmesurada
sede
de te
abrigar em mim
no
lábio vermelho de vinho
na
minha paisagem azul.
***
Bel
Campos é diretora escolar no município de São Carlos-SP. Mestre em Letras pela UNESP, foi professora
de Língua Portuguesa no Estado de SP. Paulista de Miracatu, passou boa parte da
vida em cidades da Baixada Santista. Gosta muito de ler e de exercitar a
escrita poética, publicou seu primeiro livro em 2009 “Palavras vivas”, e
“Árvore para passarinhos”, em 2016.
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