Quatro poemas de Ângela Coradini | “...Já não podem ser amanhã”
Quatro poemas de Ângela Coradini
“...Já não podem ser amanhã”
12.
e
então é tarde
pequenos
pedaços de conversa bailam
no
denso do ar
aquele
resquício de abraço
ganha
espaço
minutos
em hora e meia
e
uma confissão
se
repete
sem
par
é
mais tarde
essas
frases que não tomam solução
um
corpo que não esbarra no outro
é
tão tarde!
que
amanhece
o
espasmo não enlaça meu corpo
e
eu peço
"não
pense nisso"
já
não é tarde
mais
uma noite derruba o dia
sem
solução de si
sem
solução de mim
13.
foi
quando
risquei
sua
cor
à unha
na
minha carne
14.
e
o seu-meu nome não se dissolve
quando
cala
mas
dá movimento à catástrofe
me
recolho e lhe aceno
você
me acena e se recolhe
às
vezes cedo, às vezes tarde
é
sempre um dizer fantasmagórico
uma
singeleza
arranhando
atrás dos olhos
15.
tentar
tentar
evitar
evitar
os arranhos
arranhos
dos ruídos
dos
ruídos meus
meus
próprios
próprios
pensamentos
Ângela Coradini é uma contadora
de mentiras na poesia, na teoria e nos roteiros audiovisuais. Tem doutorado em
cultura contemporânea [Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)] e é editora
na revista eletrônica Ruído Manifesto. É autora dos livros Já Não Podem Ser Amanhã
(Carlini Caniato, 2020) e Imagens-Espectro de Futuridades no Amplo Presente
(Edufmt, 2020). Instagram:
@angelacoradini
Parabéns pela estreia da sua primeira publicação na Revista Ser MulherArte, Divanize! E que estreia! Amei os poemas da Ângela. Parabéns a ela também. 🤍
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