Cinco poemas de Pamela Ferreira | "Das colinas à fuga"
RÜŞTÜ BOZKUŞ por Pixabay |
Cinco poemas de Pamela Ferreira
Das colinas à fuga
As colinas estão longe
O sol nasce por detrás
Depois de ascender deixa as colinas
Faz seu trabalho
E se põe do outro lado
Quando seu brilho se esvai
Renasce nas colinas
Como se nunca as tivesse deixado
Nem ido rumo ao lado oposto
O que é, é.
O que pertence, volta.
Mesmo que sempre corra para o outro lado
E se esqueça das colinas que fizeram da sua presença
O nascer do sol
Lua
Seriam o céu e as estrelas
Tão gratos a lua?
Um ser que por si só
Traz a beleza que todos querem enxergar
E, no entanto, ao se fazer presente
Faz com que outros corpos
Sejam vistos e adorados;
O que seria da noite
Ou das estrelas
Se não houvesse a luz da lua?
Que mesmo na solidão
Cobre de brilho a escuridão
Rosto
Depois de tantos golpes
Um abismo se abriu
E surgiu um novo rosto
Não era o meu
Ou o seu
É o rosto da resposta
Pra tanta pergunta
Que esse véu patológico
Faz questão de esconder
Da racionalidade
Diferenças
Intrigante como não enxergamos a diferença entre o mar e o
céu quando anoitece
Pois a luz do sol deixa claro, onde um começa e o outro
termina
Já a noite traz a escuridão
E a diferença simplesmente se finda
Tornam-se um.
Somem as linhas do horizonte, somem as diferenças entre o
branco das ondas e das nuvens
Nota-se o uno...
É como nas relações
No início, tudo claro, a diferença é tão visível e depois, o
que se faz é dizer "somos um"
O afeto nos traz escuridão e nos faz deixar de perceber que
eu-e-tu não somos um único ser
Que só poderemos nos doar ao uno após sermos realizados em
nós mesmos
E que o uno muitas vezes é como a noite e o mar
Esconde o que em nós é bonito, por sermos nós em nós, apenas
isso.
Ressignificar
O vazio
O que nos traz?
O vazio é condição de possibilidades
E com isso, nos traz esperança
O futuro, inexistente
É vazio e aí logo estará
Portanto
Não importa o que passou
Não importa o que aconteceu
O que importa é a capacidade que temos
De ressignificar
Indigophotos por Pixabay |
Simplesmente maravilhosos...
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