Coluna 06| Fala aí...Marli Dias Ribeiro (Brasil)
Quando
pensamos em um livro, geralmente imaginamos um conjunto de folhas impressas em
papel. Nossa ideia de livro está associada ao material concreto, à técnica de
impressão, a capa, ao desenho, à costura. Quando juntamos textos escritos à mão
ou lemos no computador parece-nos fugir a materialidade do livro. Os tempos
mudaram, temos hoje, E-boockers, Blogs, Vlogs, redes sociais, páginas e tantos
outros escritos, diversos e únicos. Infinitas possibilidades...
Mas, creiam nem sempre foi assim! De onde vem o termo, a palavra "livro"? Ela vem da forma latina liber, que era o nome da camada externa da casca das árvores, onde se escrevia antigamente.
Os livros nem sempre tiveram o formato atual. Foi durante a Idade Média que passaram a ter um aspecto parecido aos de hoje. Antigamente, como eram escritos à mão, existiam poucos exemplares, raros eram os leitores.
Em 1436, na Alemanha, um joalheiro chamado Johannes Von Gutenberg inventou a imprensa. Graças a essa invenção, puderam ser feitas muitas cópias de um mesmo livro, não sendo mais necessário copiá-los à mão. A partir da invenção da imprensa, no século XV, foi possível imprimir exemplares em grande quantidade, tornando os livros acessíveis a um maior número de pessoas. Porém, eram poucos os letrados. Mulheres leitoras? Uma raridade, escritoras, outra raridade.
Mas quem escrevia os livros? Inicialmente, os homens escreviam para anotar a quantidade de animais que tinham, guardar a informação e controlar os animais que eram vendidos, que se perdiam ou que morriam. O que se escrevia na Antiguidade, portanto, não eram livros, mas breves anotações comerciais e documentos.
Escrever era para os Deuses. Apenas os sacerdotes detinham autoridade para escrever livros. Acreditava-se que a escrita era um dom sagrado concedido aos escolhidos. Esses indivíduos eram os únicos que tinham permissão para ler as escrituras sagradas. Ainda hoje a ideia de dom ou capacidade nata está associada a essa visão dogmática do ato de escrever. Mas acreditem, todas, todos podem escrever...Todos!
Na Idade Média, na Europa, os monges eram encarregados de copiar os livros à mão. Esses monges eram denominados copistas. Já nos países do Oriente, como na Pérsia, por exemplo, os encarregados de copiar e ilustrar livros não eram os monges, mas sim algumas famílias. E todos os membros da casa deviam se dedicar ao trabalho.
O fato é que os livros sempre geraram conflitos por expandirem informações, gerar conhecimentos. Ao longo da história, muitos episódios de dominação destruíam bibliotecas. Dessa forma, controlavam a história dos povos e a experiência dos seus antepassados contidos nos escritos. Isso aconteceu com a famosa Biblioteca de Alexandria, no Antigo Egito: quando os romanos invadiram a cidade de Alexandria para conquistá-la, queimaram a sua imensa biblioteca. Na Europa, no período da Inquisição, entre os séculos XV e XVI, a Igreja Católica também ordenou a queima de livros considerados contra a fé cristã. Quase em meados do século XX, durante a Segunda Guerra Mundial, milhares de livros foram queimados em praça pública pelo regime nazista por serem considerados contrários ao sistema político.
Por isso, escrever, ler e ter livros foi e sempre será um ato de rebeldia, um movimento de contestação que precisamos construir e reconstruir. Por isso, escrevo nas redes sociais, em livros, na areia do mar, em livros. Acreditem, escrever sempre será uma forma de democratizar o conhecimento. Escrever é não desistir de estar presente no mundo.
Referência:
TEBEROSKY, Ana e COLL de Cesar. Aprendendo Português. Conteúdos essenciais para
o Ensino Fundamental de 1a a 4a série. Ática, 2000.
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