Preta em Traje Branco | Ando Armada por Luciene Amor
Ando armada
Ando armada de informação, para que não prendam e manipulem
meus pensamentos.
A selva de pedra é uma guerra, é rude, um terrorismo
patrocinado.
Somos descartáveis para o estado. Quem se importa se
crianças nas ruas passam frio? Ou se estão fazendo curso preparatório para
carregar um fuzil?
Quem se importa com a detenta que dá à luz algemada, com o
depósito do sistema carcerário. Um rastro de pânico do racismo brasileiro!
Cidinha da Silva ressalta bem, parem de nos matar!
O que esperam? Que continuemos com mordaças? Ou vendas nos
olhos? Que continuemos a nos curvar até o chão sem direito a interrogação?
Já foi dito que preto não é intelectual, julgado inferior,
carregado por um arsenal de complexos provenientes do colonizador.
“A carne mais barata do mercado é a carne negra!” tá
ligado? Não é fácil, né. Se liga aí. Mulher e poder caminham juntos, só cego
não vê. Tentam destruir nossos valores.
Mulheres de resistências tocam tambores! Escrevem seus
próprios livros, recitam poesias nos saraus, nas praças, nas ruas, de boa em um
bar.
Quem vem de onde nóis vem, das quebradas, das favelas, não
se ilude com patricinha e boyzinho de novela.
Ando armada, com livros, versos, poesias, preparada para a
rajada de ideias, contra mentes alienadas, presas em único pensamento, em um
único discurso, de justificar o injustificável, de aceitar o inaceitável.
Na escola crianças precisam esconder o patuá, querem o
cabelo esticar, a pele clarear, suturas psíquicas, fruto de pensamentos e
comportamentos racistas. É isso que o sistema quer, pois sem conhecimento nos
tornamos presas fáceis.
Crianças e adolescentes negros que não tiveram as
lições de sobrevivência do amor próprio ministradas em casa, se sentirão
sozinhas, desprotegidas, injustiçadas.
Ando armada, com a mente engatilhada, não ando sozinha,
leio “Dinha”, Maria do Povo, Raquel Almeida, literatura potência, contos de
Yõnu, a terra é fértil, já dizia Jenyffer Nascimento, e a poesia terreno
propício para o plantio; Como nos versos de Guiniver, que ecoa junto aos
sonhos, é volta, revolta, é mudança! Já é tempo!
“Todo livro é uma lápide, ao menos que alguém o acorde” -
Acorde um verso.
Acorde sua consciência, acorde seus pensamentos, não somos
depósitos de valores europeus, não somos depósitos do estado;
“Acorde um verso”, versos são mais potentes que qualquer
rajada de HK, capaz de abrir sua mente, te conscientizar.
Que a bala endereçada do assassino fardado não foi
acidental. Homicídio, genocídio, feminicídio, não é natural! Não existe velório
intencional!
“Acorde um verso” seja consciente! Abra sua mente! Reflita
insistentemente!
Nesse mundo louco somos sobreviventes.
Muita luz a mulher que carrega e espalha amor na vida. Manda muito bem. 😍✊🏿
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