Coluna 10| Fala aí... Carla De Sà Morais (Suíça)
Por Carla De Sà Morais (autora convidada)
Dediquei uma pequena parte do meu tempo a este diário, porque pensei, ao princípio, que era um passatempo. Contudo, a realidade é outra: é uma necessidade. A necessidade de escrever o que sinto; sejam as minhas alegrias ou as minhas tristezas; sejam as minhas angústias ou mesmo as minhas dores.
O meu percurso amoroso não tem nada de glorioso. E o pior de tudo, é ter-me habituado e não me esforçar para que ele seja melhor. Quando digo não me esforçar, quero dizer que eu também contribuo para isso, pois, o fato de não me amar o suficiente, de não ter uma autoestima elevada e não evitar esquemas repetitivos, pensando sempre que algo pelo caminho possa mudar e fazer-me enfim feliz, têm-me feito conhecer algumas desilusões escabrosas.
Aqui há tempos, conheci um rapaz, educado e conversador, de maneiras delicadas e gestos atenciosos, o que me deu ainda mais vontade de escrever para vos contar o nosso percurso amoroso e a descoberta maravilhosa da personalidade e do caracter de outrem. Acho extremamente interessante e ao mesmo tempo assustador, o começo de uma relação amorosa, de amizade e até de trabalho. É sempre muito delicado. Por vezes, basta um pequeno nada para pôr fim ao que ainda nem sequer começou ou, que nem teve tempo de crescer.
Ora, com este rapaz a quem eu dei o nome de João, o conhecimento foi feito através de um anúncio publicado num jornal local. Neste caso, fui eu que respondi ao seu anúncio, deixando o meu número de telemóvel na mensagem escrita. Como não obtive resposta à minha mensagem,
telefonei-lhe. Ele não respondeu. Não insisti. Tenho por hábito deixar que as pessoas ajam em consciência e liberdade. Dois dias depois, por engano, ligo o seu número e não estava a compreender a conversa. Só depois de muitos trocadilhos é que me dei conta que não estava a
falar com quem eu pensava. Então, desfez-se em desculpas por não me ter telefonado ou enviado uma mensagem que fosse; que tem sempre imensas coisas para fazer…blablá, blablá…acabámos por marcar um encontro, para um sábado, dez dias depois. Até lá, todos os dias pela manhã, enviava-me um SMS com um bom dia e muita energia boa. A meio da semana do encontro, fiquei doente. Uma gripe daquelas que nos deita por terra. Tive de o informar e explicar-lhe que não estava em condições de encontrá-lo. Combinámos que assim que estivesse melhor, sem riscos de contaminação, nos veríamos. E assim foi, mas somente um mês depois. Eu já tinha alguns compromissos agendados com casais amigos e não queria de maneira alguma anulá-los.
A espera foi longa e difícil. Eu já estava apaixonadíssima por ele. Todos os SMS que ele me enviava cedo pela manhã, todos os telefonemas que me fazia na pausa do almoço e à noite antes de se deitar, a sua voz grave e doce ao mesmo tempo, os vastos e vários assuntos das nossas
conversas, todos estes fatores só serviram para ampliar os meus sentimentos por ele.
Até ali, fisicamente, não sabia como ele era: se alto ou baixo, se magro ou gordo, se moreno ou loiro.
A seguir…
Carla De Sà Morais/Reservados os direitos de autor
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