Preta em Traje Branco | Dueto de Paixões de Susana Malu Cordoba


Coluna 14


Dueto de Paixões de Susana Malu Cordoba

Texto 1

Amar e me jogar aos abismos

Uma obra de arte e sua tragédia

Porque é na queda que sente vivo

É em queda livre que se sente

A lâmina afiada, o derradeiro corte

É lá que se morre


É lá que as mulheres queimam de tanto amar

Em queda livre que o amor

Nos vira do avesso e nos espalha...

Nossos eus… pequenos pedaços

É na queda livre que o amor nos consome

E nos leva a fina camada de pele,

Corrompe o tutano dos ossos

E lambe lentamente o líquido de nossa vaidade


E sem cautela, amamos

E com urgência, amamos

E com bravura, amamos

Amamos sem outras garantias

Que não a sensação de estarmos vivos

 

************************

Texto 2

 

Sim, todas as vezes que o amor me bater à porta

Me encontrará sentada à sua espera

Me entregarei ao ato de amar

Afundarei irremediavelmente em bocas

Provarei do mel desses corpos que queimam


Sim, todas as vezes que o amor me bater à porta

Agarrarei tornozelos, unhas e pele

Mastigarei esse fio escorregadio de erros e defeitos que somos

Vestirei as roupas desse querer que dói


E se me perguntarem nos becos e vielas da vida,

Direi sem medo que o amor vale a pena,

e que a mistura dos nossos corpos

É esse aroma frutado de verão.


Direi que o amor precisa ser vivido

E que mais me vale viver um instante de amor, 

que uma vida segura.


Que mais me vale esse amor 

que me belisca o céu da boca

que depois me leva às lágrimas

Que vale mais que passar 

por domingos mornos na frente da tv.


Direi que por mais que o fim seja inevitável,

O amor... O amor ainda será melhor opção...



Susana Malu Cordoba. 32 anos, paulistana, moradora da Vila Brasilândia mais precisamente do bairro Jardim Elisa Maria. Formada em Recursos Humanos, é diretora sindical do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Através deste sindicato atua no núcleo da diversidade racial, é poeta e iniciou seu contato com a poesia através do Sarau Elo da Corrente em 2016, desde de então vem escrevendo pequenas prosas poéticas.






 




 

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